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ID
5329531
Banca
FUNDATEC
Órgão
Prefeitura de Bagé - RS
Ano
2020
Provas
Disciplina
Serviço Social
Assuntos

Sobre a questão social na atualidade, conforme Iamamoto, analise as assertivas abaixo:

I. Tem a hipótese que, na raiz da questão social na atualidade, encontram-se políticas governamentais favorecedoras da esfera financeira e do grande capital produtivo – das instituições, mercados financeiros e empresas multinacionais, enquanto um conjunto de forças que captura o Estado, as empresas nacionais e o conjunto das classes e grupos sociais, as quais passam a assumir os ônus das chamadas “exigências dos mercados”.
II. Existe uma estreita relação entre a responsabilidade dos governos nos campos monetário e financeiro e a liberdade dada aos movimentos do capital transnacional para atuar, no país, sem regulamentações e controles, transferindo lucros e salários oriundos da produção para se valorizarem na esfera financeira. Esse processo redimensiona a questão social na cena contemporânea, mostrando que há uma “nova” questão social resultante da “inadaptação de antigos métodos de gestão do social”, produto datado da “crise do Estado Providência”.
III. As múltiplas manifestações da questão social, sob a órbita do capital, tornam-se objeto de ações filantrópicas e de benemerência e de programas focalizados de combate à pobreza, que acompanham a mais ampla privatização da política social pública.
IV. Ao nível das requisições profissionais, três tendências prevalecentes na cultura contemporânea de raiz liberal vêm interferindo decisivamente nas respostas institucionais à questão social no campo da política social. Uma delas é a moralização da questão social, ou seja, o reforço do individualismo e a responsabilização da família trabalhadora pela ultrapassagem dos níveis de pobreza. A tendência é transferir aos indivíduos e suas famílias a responsabilidade de criar condições para o enfrentamento das desigualdades.

Quais estão corretas?

Alternativas
Comentários
  • Alguém sabe esclarecer o erro da IV?
  • O artigo ''O Brasil das desigualdades: “questão social”, trabalho e relações sociais:MARILDAVVILLELA IAMAMOTO" fala que ao nível das requisições profissionais, três tendências prevalecentes na cultura contemporânea de raiz liberal vêm interferindo decisivamente nas respostas institucionais à “questão social” no campo da política social:

    A primeira tendência é o reforço do individualismo e a responsabilização da família trabalhadora pela ultrapassagem dos níveis de pobreza. A tendência é transferir aos indivíduos e suas famílias – apesar da precariedade, as condições de sua sobrevivência – a responsabilidade de criar condições para o enfrentamento das desigualdades, o que se expressa nas condicionalidades para o acesso às políticas públicas.

    A segunda tendência é a moralização da questão social, ou seja, a subjetivação das necessidades, escamoteando as condições miseráveis de sobrevivência de amplos contingentes de trabalhadores sobrantes.

    A terceira tendência das requisições profissionais ao nível das políticas sociais é a assistencialização da barbárie do capital e a criminalização de suas manifestações: esta junção atualiza o Estado Penal (WACQUANT, 2001) e permite reiterar uma antiga e persistente aliança entre repressão e assistência no trato da “questão social” em detrimento dos direitos civis, sociais e políticos do cidadão. 

    acho que o erro da IV seria porque faltou a expressão "apesar da precariedade" que no texto tem na primeira tendência, e na questão não tem.

  • o erro da 4 é que misturou as duas tendências e disse que era uma.
  • GAB.A

    II. Existe uma estreita relação entre a responsabilidade dos governos nos campos monetário e financeiro e a liberdade dada aos movimentos do capital transnacional para atuar, no país, sem regulamentações e controles, transferindo lucros e salários oriundos da produção para se valorizarem na esfera financeira. Esse processo redimensiona a questão social na cena contemporânea, mostrando que há uma “nova” questão social resultante da “inadaptação de antigos métodos de gestão do social”, produto datado da “crise do Estado Providência”.

    IV. Ao nível das requisições profissionais, três tendências prevalecentes na cultura contemporânea de raiz liberal vêm interferindo decisivamente nas respostas institucionais à questão social no campo da política social. Uma delas é a moralização da questão social, ou seja, o reforço do individualismo e a responsabilização da família trabalhadora pela ultrapassagem dos níveis de pobreza. A tendência é transferir aos indivíduos e suas famílias a responsabilidade de criar condições para o enfrentamento das desigualdades.

    A segunda tendência é a moralização da questão social, ou seja, a subjetivação das necessidades, escamoteando as condições miseráveis de sobrevivência de amplos contingentes de trabalhadores sobrantes. Constata-se a tendência em “não sujar as mãos” com as necessidades de sobrevivência material de segmentos mais pauperizados da população trabalhadora, a favor de um trabalho considerado ‘mais nobre’ na esfera da cultura, da educação ou da esfera psicológica dos sujeitos. Esta “subjetivação das necessidades” também se expressa na tendência de encarar a vivência da pobreza como questão psicológica, cuja aceitação passaria pela via terapêutica, individual ou familiar, sublimando as desigualdades: a ironia de viver bem emocionalmente em condições barbáries, confundindo competências e atribuições do assistente social com atividades terapêuticas. A moralização da questão social também se mostra no chamamento ao voluntariado, com uma dupla implicação. A primeira é a desqualificação das necessidades da população sujeitas a um atendimento de segunda classe, não especializado, como se boa vontade substituísse o conhecimento teórico e técnico-político no respeito ao modo de vida e à cultura das classes subalternas. A segunda, é o esvaziamento do tônus político da militância, agora neutralizada à direita e à esquerda como “trabalho voluntário”; isto é, trabalho não remunerado, independente da direção social e política impressa ao trabalho, silenciada e equalizada em favor da ausência de um contrato trabalhista. Por isso o trabalho voluntário situa-se acima do bem e do mal, metafisicamente superior.