- ID
- 5393125
- Banca
- VUNESP
- Órgão
- UNIFESP
- Ano
- 2015
- Provas
- Disciplina
- Literatura
- Assuntos
O que primeiro chama a atenção do crítico na ficção deste escritor é a despreocupação com as modas dominantes e
o aparente arcaísmo da técnica. Num momento em que Gustave Flaubert sistematizara a teoria do “romance que narra
a si próprio”, apagando o narrador atrás da objetividade da
narrativa; num momento em que Émile Zola preconizava o
inventário maciço da realidade, observada nos menores detalhes, ele cultivou livremente o elíptico, o incompleto, o fragmentário, intervindo na narrativa com bisbilhotice saborosa.
A sua técnica consiste essencialmente em sugerir as
coisas mais tremendas da maneira mais cândida (como os
ironistas do século XVIII); ou em estabelecer um contraste
entre a normalidade social dos fatos e a sua anormalidade
essencial; ou em sugerir, sob aparência do contrário, que o
ato excepcional é normal, e anormal seria o ato corriqueiro. Aí
está o motivo da sua modernidade, apesar do seu arcaísmo
de superfície.
(Antonio Candido. Vários escritos, 2004. Adaptado.)
O comentário do crítico Antonio Candido refere-se ao escritor