Em resposta à colega Amanda, senta que lá vem textão:
"Sou daqueles que acreditam que diferentes países produzem, também, diferentes culturas fotográficas. Isso fica bem claro na cobertura diversa que revistas da França e dos Estados Unidos fizeram sobre a primeira visita do papa João Paulo II à Polônia. Paris-Match fez algo muito incomum. O papa estava voltando a seu país natal pela primeira vez desde sua indicação e foi mostrado pela revista como se fosse, agora, um estrangeiro, dentro de um helicóptero, de longe, representando outra cultura, outra potência e trazendo consigo uma celebridade internacional que não possuía antes, era uma foto grande, bem aberta na página, em que o papa praticamente não era visto. Não era necessário mostrar o rosto do papa, nem sua figura para saber de quem se tratava. Paris-Match achava que o leitor sabia que ele estava dentro do helicóptero, com a multidão aguardando embaixo. Achei aquela foto muito eficaz. Você sente esse papa que vem de longe e o impacto de sua chegada.
Já Time publicou uma foto parecida, mas pequena e depois de oito páginas de outras fotos do papa na Polônia, obviamente mostrando, seu rosto. Aí me perguntei durante muito tempo: qual é a diferença entre o fotojornalismo na França e nos Estados Unidos? Verifiquei que, naturalmente, a fotografia não é uma linguagem universal, é diferente em cada cultura. Na França, por exemplo, existe ainda o conceito de reportagem. Não temos mais isso nos Estados Unidos."
Fonte: http://www.uel.br/pos/fotografia/wp-content/uploads/downs-uteis-o-futuro-do-fotojornalismo.pdf