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ID
5461540
Banca
VUNESP
Órgão
EsFCEx
Ano
2021
Provas
Disciplina
História
Assuntos

As constantes reclamações, não só aquelas publicadas em periódicos da Corte, mas também as diversas cartas e petições enviadas para a Secretaria de Polícia da Província, informavam que os habitantes destes mocambos praticavam frequentes roubos na região, principalmente pirateando barcos, carregados de produtos, que navegavam os rios. Segundo as denúncias, os quilombolas usavam canoas – que mantinham escondidas nos manguezais dos inúmeros riachos afluentes do Iguaçu e Sarapuí — em seus assaltos e, “para evitarem os insultos dos salteadores – [quilombolas], alguns mestres daquelas lanchas têm pactuado com eles, pagando-lhes tributo de carne, farinha, etc.”. As dificuldades alegadas pelas autoridades para destruir os mocambos eram, entre outras, sua localização em regiões pantanosas de difícil acesso e a “conivência” com os quilombolas de comerciantes, taberneiros, cativos das plantações vizinhas, escravos remadores e lavradores.
(Flávio dos Santos Gomes, Quilombos do Rio de Janeiro no século XIX.
In: Flávio dos Santos Gomes e João José Reis (orgs.),
Liberdade por um fio: história dos quilombos no Brasil)
A partir do excerto, é correto afirmar que, em geral, as comunidades de escravos fugidos

Alternativas
Comentários
  • LETRA "D" • Para boa parte das questões de história da VUNESP, ela cobra que o candidato tenha um conhecimento base de história do Brasil e mistura suas questões com este conhecimento geral e interpretação de texto. Apesar do tema cobrado ser algo mais específico na história do Brasil, mais precisamente da escravidão e formas de resistência, podemos responder a questão apenas analisando o enunciado.

    Segundo as denúncias, os quilombolas usavam canoas – que mantinham escondidas nos manguezais dos inúmeros riachos afluentes do Iguaçu e Sarapuí — em seus assaltos e, “para evitarem os insultos dos salteadores – [quilombolas], alguns mestres daquelas lanchas têm pactuado com eles, pagando-lhes tributo de carne, farinha, etc.

    • As comunidades quilombolas no território ainda que produzissem para sua subsistência, realizava comercio com o "mundo exterior" e eram realizados de diversas maneiras, desde, furtos a pequenas trocas com comerciantes e fazendeiros locais.

    As dificuldades alegadas pelas autoridades para destruir os mocambos eram, entre outras, sua localização em regiões pantanosas de difícil acesso.

    • Para que a sobrevivência desses grupos fosse possível, foi necessário uma ponderação entre o isolamento, mas que também não fosse total, pois havia a necessidade de manter relações com os demais colonos tanto para o comércio, tanto para abrigar novos fugidos. Boa parte desses quilombos, encontravam-se em locais pantanosos, dentro da matas ou diversos outros locais estratégicos onde dificultaria a entrada de bandeirantes contratados para sequestrar esses foragidos. Até o livro do historiador Boris Fausto, ele cita que muitos desses quilombos e mocambos eram localizados em locais de difícil acesso mas não tão longe dos centros coloniais.
  • O texto associado aborda a complexa relação entre populações de escravizados vivendo em quilombos e os demais extratos populacionais que viviam e circulavam pelos espaços próximos. O enunciado busca a alternativa que melhor se relacione com as ideias presentes no texto.

    A) O texto é explícito em demonstrar um estilo de vida de exclusão das práticas regulares da sociedade da época, onde a pirataria e roubos são mais frequentes que a produção agrícola organizada e ainda mais a manufatura que depende de investimentos prévios e tecnologia.
    B) A ideia de autossuficiência fica comprometida com o trecho do texto que destaca os acordos feitos entre barqueiros da região e os habitantes dos mocambos que incluíam tributos pagos em gêneros como farinha e carne.
    C)  Da forma como é apresentada no texto associado a estratégia de sobrevivência dos habitantes dos mocambos envolvia mais o uso da violência e intimidação do que a cooperação com produtores locais.
    D) Esta foi uma estratégia muito utilizada neste tipo de ocupação, o mocambo ou quilombo, que previa localizar-se em áreas de difícil acesso como forma se manter afastados de grandes centros. Este afastamento era o suficiente para evitar ou minimizar a repressão a sua existência mas, ao mesmo tempo próximo o suficiente para não necessitar de total autossuficiência que seria extremamente trabalhosa devido a pouca quantidade de pessoas disponíveis para cultivar alimentos e produzir todos os gêneros necessários a sobrevivência. 
    E) As relações com espaços urbanos eram eventuais e periféricas já que a estratégia de saques generalizados levaria a revelação de sua localização e a facilitação de campanhas militares contra suas posições.   
    GABARITO DO PROFESSOR: D