Robert Castel aborda o fenômeno da exclusão/vulnerabilidade social, a partir do deslocamento do trabalho assalariado do centro da sociedade pós-industrial;
Pierre Rosanvallon (1998) aborda o problema da exclusão a partir da crise do Estado Providência e da rediscussão dos princípios de organização da solidariedade e da concepção dos direitos sociais.
Para Robert Castel (2000), a exclusão deve ser analisada tomando como referência o desmoronamento da sociedade salarial e sua repercussão sobre o trabalho � suporte privilegiado de inscrição na estrutura social � e sobre o poder integrador do Estado Social.
Em sua perspectiva � voltada, vale lembrar, para a análise da sociedade francesa � a questão social configura-se como crise decorrente da desagregação da sociedade salarial que coloca em causa a função integradora do trabalho, desestabilizando a vida social e interrogando a sociedade sobre as situações de vulnerabilidade, precarização e marginalização que vem gerando. Neste contexto, os excluídos são aqueles que se encontram fora dos circuitos das trocas sociais, vivendo situações que representam uma degradação relacionada à posição ocupada anteriormente na ordem do trabalho e das proteções a ela correspondentes. Degradação que, segundo Castel, decorre de processos que se originam no centro e não na periferia da sociedade, e atravessam seu conjunto.
Rosanvallon (1998) identifica, como Robert Castel, que os fenômenos atuais da exclusão não se enquadram nas antigas categorias de exploração do homem, mas diferentemente deste autor, define o que denomina "a nova questão social" como decorrente da inadaptação dos antigos métodos de gestão do social a uma mudança de natureza na crise do Estado-Providência diagnosticada nos anos 70. Tal mudança, verificada nos anos 90, teria introduzido, para além das crises financeira, ideológica e de legitimidade fartamente identificadas na literatura, problemas de natureza filosófica relacionados aos princípios de organização da sociedade e à própria concepção dos direitos sociais.
Patrícia Tavares Ribeiro
Departamento de Ciências Sociais, Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz. Endereço eletrônico: