A assertiva está INCORRETA!
Na contramão de posições epistemológicas e metodológicas, que, de um lado, defendem o fazer científico engajado politicamente e, de outro, reivindicam a objetividade das ciências naturais para a prática da pesquisa científica em Ciências Sociais – respectivamente a posição marxiana e a durkheimiana, Weber (2006) introduz na discussão um outro ponto de vista sobre a objetividade e a questão dos valores do pesquisador.
Weber (2006) não toma a objetividade do conhecimento nas Ciências Sociais como algo já dado. Ao buscar conhecer uma realidade empírica, mediante a observação daquilo que de fato ocorre na vida social, Weber está entendendo que o objetivo das Ciências Sociais é conhecer o mundo social como ele o é, e não conjecturar novos mundos. Em outras palavras, a ciência, defende Weber, só pode falar do que é, não do que deveria ser.
O conhecimento científico lida com juízos de fato, isto é, apenas pode buscar apoio em fatos, em dados da realidade, nunca em juízos de valor, ou seja, em qualidades e valores em nome dos quais se avalia a realidade. Portanto, para Weber, não se pode exigir da ciência que prescreva orientações de conduta, “jamais será tarefa de uma ciência empírica produzir normas e ideais obrigatórios, para delas extrair receitas para a prática (WEBER, 2006, p. 14)”.
A objetividade em Weber é defendida como processo e não descartada. Desse modo, é trabalhada de forma mais acurada do que em uma perspectiva positivista. Weber não entende, assim, a objetividade como simplesmente falar de fatos e não permitir que os valores interfiram na análise. Para ele, ainda que seja imprescindível a distinção entre juízos de fatos – sentenças sobre o que é – e juízos de valor – sentenças sobre o que deve ser, a objetividade não se resume a isso.
É por meio do exercício da razão, em um esforço de distanciamento entre sujeito e objeto – que nunca é completamente alcançado –, que a objetividade é praticada em Weber. A neutralidade axiológica, defendida pelo autor, nas ciências sociais consiste em admitir que a objetividade como observada nas ciências naturais é impraticável, contudo, isso não significa que o fazer científico deva ser submetido aos interesses político-partidários ou pessoais. Para Weber “o conhecimento científico é objetivo, sim, desde que nos limitemos a um sentido muito preciso do termo: o de que o conhecimento científico se atém aos fatos e não envolve avaliações – o que significa também que não está subordinado aos caprichos da subjetividade do cientista (COHN, 2006, p. 9)”.
COHN, Gabriel. Apresentação – O sentido da ciência. In: WEBER, Max. A “objetividade” do conhecimento nas ciências sociais. São Paulo: Ática, 2006. p. 7-12.
WEBER, Max. A “objetividade” do conhecimento nas ciências sociais. São Paulo: Ática, 2006.