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ID
5562469
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
SEDUC-AL
Ano
2021
Provas
Disciplina
Sociologia

    Se as formas sociais, as roupas, os juízos estéticos e todo o estilo que o ser humano utiliza para se expressar são mantidos em constante mutação pela moda, esta, ou seja, a nova moda, só diz respeito às classes altas. Tão logo as classes baixas começam a se inclinar para ela, ultrapassando as fronteiras demarcadas pelas classes altas e quebrando a homogeneidade de seu pertencimento aí simbolizado, as classes altas se afastam e adotam uma nova moda que as distingue, por sua vez, das grandes massas, relançando o jogo novamente.

Georg Simmel. A Moda. IARA – Revista de Moda, Cultura
e Arte, [S. l.], v. 1, n. 1, p. 163–188, 2008. P. 167-168.

Em relação ao texto apresentado e aos aspectos a ele relacionados, julgue o item seguinte.

Simmel propõe se pensar a estratificação social não apenas como decorrente da posição social dos indivíduos na estrutura de produção, mas, também, na adesão ou diferenciação dos indivíduos a estilos de vida.

Alternativas
Comentários
  • A assertiva está correta!

    "A questão dos estilos de vida está relacionada à questão do processo de individualidade na sociedade. Simmel discute essa questão através do conceito de liberdade individual advinda com o desenvolvimento social na expansão do sistema capitalista a partir do século XIX, e indica, sobretudo, a cidade e a realidade urbana como locus específico dessa liberdade.

    A liberdade individual, tão bem tratada por Simmel em seus ensaios, é trabalhada socialmente associada aos vínculos interacionais entre indivíduos. É na interação entre indivíduos sociais que essa liberdade se faz presente, compondo o que ele chamou de cultura subjetiva em uma realidade urbana.

    Essa cultura subjetiva, formada na troca interacional entre indivíduos possuidores de um quantum de liberdade, permite o aumento da diferenciação entre cada um deles e nos grupos e arranjos sociais por eles organizados, complexificando a relação e a vida na cidade. O conceito de diferenciação, desse modo, em Simmel, está ligado ao conceito de individualidade que, por sua vez, satisfaz a uma complexificação e desenvolvimento da cultura subjetiva no locus urbano onde se realiza.

    Esse jogo entre liberdades em relação não se satisfaz em um quadro puramente harmônico, antes pelo contrário, o processo de constituição de uma cultura subjetiva se vale da diferenciação individual predisposta pela liberdade vivenciada pelas pessoas em troca, e se aliança em formatos conflituais mais ou menos estáveis, compondo grupos, classes, instituições, estilos e modos de vida, como cultura objetiva.

    A cultura objetiva, portanto, se apresenta socialmente como resultado das trocas subjetivas dos indivíduos em um jogo interacional, compondo interesses e divergências, tendências, estilos e modos de viver. O que amplia e complexifica ainda mais o processo de individualidade, produzindo um aumento e um crescimento da cultura subjetiva, e objetivando-se em uma sequência de produção objetiva da cultura e dos modos de viver social. A diferenciação, se, de um lado, produz encontros e novas formas de inserção individual no urbano, de outro, faz brotar focos de divergência e conflito que estimulam uma maior diferenciação e novos olhares sobre si mesmo e os outros (KOURY, 2010)."

    KOURY, Mauro Guilherme Pinheiro. Estilos de vida e individualidade. Horizontes Antropológicos, v. 16, p. 41-53, 2010.