SóProvas


ID
5595976
Banca
FUMARC
Órgão
PC-MG
Ano
2021
Provas
Disciplina
Criminalística

Em sua obra “A síndrome da rainha vermelha: policiamento e segurança pública no século XXI”, Marcos Rolim justifica o título do livro realçando a passagem narrada por Lewis Carroll na obra “As aventuras de Alice no país das maravilhas”, em que, sem saber exatamente o motivo, Alice e a Rainha Vermelha começaram a correr de mãos dadas em uma velocidade crescente. A todo momento, a Rainha ordenava que corressem mais rápido, mas Alice mal conseguia acompanhá-la. Até que, exaustas, param para descansar”. Nesse momento:


Alice olhou ao seu redor muito surpresa:

- Ora, eu diria que ficamos sob esta árvore o tempo todo! Tudo está exatamente como era!

- Claro que está, esperava outra coisa? - perguntou a Rainha.

- Bem, na nossa terra, responde Alice, ainda arfando um pouco, geralmente você chegaria a algum outro lugar... se corresse muito rápido por um longo tempo, como fizemos.

- Que terra mais pachorrenta! - comentou a Rainha. Pois aqui, como vê, você tem que correr o mais que pode para continuar no mesmo lugar.

(ROLIM, Marcos. A síndrome da rainha vermelha: policiamento e

segurança pública no século XXI. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006, p. 37). 



Diante do contexto acima, e segundo a proposta de Marcos Rolim, analise as assertivas abaixo:


I. A passagem acima narrada entre Alice e a Rainha Vermelha descreve perfeitamente a situação produzida pelo modelo proativo de policiamento.


PORQUE


II. Os esforços policiais, mesmo quando desenvolvidos em sua intensidade máxima, costumam redundar em “lugar nenhum”, e o cotidiano de uma intervenção que se faz presente apenas e tão-somente quando o crime já ocorreu parece oferecer aos policiais uma sensação sempre renovada de imobilidade e impotência.


Está CORRETO o que se afirma em:

Alternativas
Comentários
  • Assertiva C

    I é uma proposição falsa e II é uma proposição verdadeira..

    É forma de demonstração de um dos pilares da atual crise na segurança pública.

  • Nesta seara, temos interessante expressão intitulada de “efeito Rainha Vermelha” que foi criada pelo biólogo americano Leiggt Van Valen, inicialmente para designar o princípio da “mudança zero”, e posteriormente adaptado no campo da segurança pública por Marcos Rolim como a “síndrome da Rainha Vermelha”, que ilustraria o fato de que, mesmo quando os esforços policiais são desenvolvidos em sua intensidade máxima, redundam em lugar nenhumdevido ao modelo reativo adotado. Trazendo a baila tal cenário selecionado para ambientar o tratamento da prestação do serviço de segurança pública; ele se utiliza de uma famosa passagem de Alice no País das Maravilhas para cunhar tal expressão. Vejamos: Uma passagem bastante conhecida de através do espelho, de Lewis Carroll, relata o episódio do encontro de Alice com a Rainha Vermelha em um cenário bucólico que evoca a imagem de um imenso tabuleiro de xadrez a céu aberto. Essa passagem deu origem ao que Richard Dawkins (em O relojoeiro cego), a expressão “efeito Rainha Vermelha”, cunhado pelo biólogo americano Leigh van Valen para designar o princípio de “mudança zero” na taxa de êxito alcançado independentemente do progresso evolutivo, por exemplo quando o predador e a presa evoluem na mesma proporção e ritmo de tal forma que os melhoramentos alcançados por um e por outro se “anulam”.” (ROLIN, 2006, p.37) Dessa forma, Marcos Rolim ao se aproveitar dessa sugestão para cunhar a expressão “Síndrome da Rainha Vermelha” emprega seus reflexos também na seara da segurança pública nacional e demonstra ser terreno fértil para os estudos desse serviço público, ao qual apregoa-se a necessidade de desvinculação do modelo clássico reativo já a tanto tempo utilizado para a adoção de novos paradigmas eficazes no tratamento da problemática social vigente. Almejando novos paradigmas, este mesmo autor propõe direcionar os holofotes para a prevenção e exprime que: A intervenção racional das forças policiais, em parceria com entidades da sociedade civil, pode alterar várias das condições que são preditivas do crime e da violência. Por conta disso, o ponto central desse novo modelo deve ser a prevenção.(ROLIN, 2006, p.65) Marco A. Florêncio Filho ao deparar-se com tal sistemática observa que “O problema é que o Estado tenta solucionar, através de uma política penal, e não de uma política 278 criminal, o problema da criminalidade, levando a cabo um aumento na quantidade de pena e de crimes” (2007, p. 168); de forma que acaba se utilizando cada vez mais do direito penal na resolução de situações que seriam facilmente solucionadas por outros ramos do direito; acreditando que através do recrudescimento do sistema e pela positivação de normas penais irá tratar do fenômeno criminal.

    http://site.conpedi.org.br/publicacoes/66fsl345/z4c7xib8/o1OFY4k0u9z2K832.pdf