As primeiras de descobertas de veios de ouro ocorreram na metade do século XVIII, cabendo aos irmão Fernando e Arthur Paes de Barros, notórios sertanistas e preadores de índios. Nesta época as Minas de Cuiabá já se encontravam em decadência, o que incentivou os sertanistas a adentrarem ainda mais na região e chegarem ao Guaporé e rio Jauru. Para conquistar as novas áreas de ouro a Coroa Portuguesa teve que determinar uma guerra justa contra os Payaguá e Parecis, o que praticamente ocasionou sua dizimação. Era uma região desabitada e inóspita, porém recheada com metais preciosos. Era preciso habitá-la. Começou-se uma espécie de corrida pelo ouro. Várias pessoas foram atraídas para região.
A região do Vale do Guaporé e Madeira era considerada uma prisãosem grades, nem paredes, onde os cidadãos desclassificados poderiam,finalmente, servir de alguma utilidade para o poder. Brancos endividados oucriminosos de outras regiões viriam a ser, no Vale do Guaporé, a elite doscolonizadores e, excluindo-se os cargos de primeiro escalão da administraçãopública e funções clericais, estes (brancos e criminosos) viriam a ocupar osprincipais postos e cargos da sociedade e do poder local.
Já os trabalhadores anônimos eram predominantemente índios,negros ou mestiços. A política de Rolim de Moura, que consistia basicamente em atrairmoradores para esta desabitada e inóspita região, consistia na concessão do privilégiode couto (ação para resguardar das penalidades judiciais), assim brancospobres, mamelucos e mestiços de cor mais clara, reconquistavam um status socialque seria impossível obter em outras regiões.
A produção de ouro na região era dirigida por um feitor que empregava em geral mão de obra de escravos negros ou indígenas. A produção do ouro foi desta forma a força que impulsionou a vida colonial no Vale do Guaporé. Os campos D´Ouro, como eram conhecidas as minas do Vale do Guaporé no Pará e na Metrópole, produziam uma impressionante quantidade deste metal. As minas no Guaporé entraram em decadência nos últimos 30 anos do século XVIII. Marco Antonio Teixeira, 4ªed.