Diagnóstico laboratorial
O diagnóstico correto da infecção malárica só é possível pela demonstração do parasito, ou de antígenos relacionados, no sangue periférico do paciente, pelos métodos diagnósticos especificados a seguir.
• Gota espessa – é o método amplamente adotado no Brasil para o diagnóstico da malária. Mesmo
após o avanço de técnicas diagnósticas, este exame continua sendo um método simples, eficaz,
de baixo custo e de fácil realização. Quando executado adequadamente, é considerado padrão
ouro pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Sua técnica baseia-se na visualização do parasito
por meio de microscopia óptica, após coloração com corante vital (azul de metileno e Giemsa),
permitindo a diferenciação específica dos parasitos, a partir da análise da sua morfologia, e dos
seus estágios de desenvolvimento encontrados no sangue periférico. A determinação da densidade
parasitária, útil para a avaliação prognóstica, deve ser realizada em todo paciente com malária,
especialmente nos portadores de P. falciparum. Por meio desta técnica é possível detectar outros
hemoparasitos, tais como Trypanosoma sp. e microfilárias.
• Esfregaço delgado – possui baixa sensibilidade (estima-se que a gota espessa é cerca de 30 vezes
mais eficaz na detecção da infecção malárica). Porém, este método permite, com mais facilidade, a
diferenciação específica dos parasitos a partir da análise de sua morfologia e das alterações provocadas no eritrócito infectado.
• Testes rápidos para a detecção de componentes antigênicos de plasmódio – testes
imunocromatográficos representam novos métodos de diagnóstico rápido de malária. São
realizados em fitas de nitrocelulose contendo anticorpo monoclonal contra antígenos específicos
do parasito. Em parasitemia superior a 100 parasitos/μL, podem apresentar sensibilidade de 95%
ou mais quando comparados à gota espessa. Grande parte dos testes hoje disponíveis discrimina,
especificamente, o P. falciparum das demais espécies. Por sua praticidade e facilidade de realização,
são úteis para a confirmação diagnóstica, no entanto seu uso deve ser restrito a situações onde não é
possível a realização do exame da gota espessa por microscopista certificado e com monitoramento
de desempenho, como áreas longínquas e de difícil acesso aos serviços de saúde e áreas de baixa
incidência da doença. Estes testes não avaliam a densidade parasitária nem a presença de outros
hemoparasitos e não devem ser usados para controle de cura devido à possível persistência de
partes do parasito, após o tratamento, levando a resultado falso-positivo.
• Diagnóstico por técnicas moleculares – as técnicas moleculares mais utilizadas para o diagnóstico
da malária são o Nested PCR (reação da polimerase em cadeia) ou PCR convencional, e o PCR em
tempo real. O custo elevado, a dificuldade em sua interpretação, a falta de infraestrutura e a falta
de mão de obra especializada restringem o uso dessas técnicas aos laboratórios de referência.