Fenômenos tromboembólicos, destacando-se trombose venosa profunda (TVP) e embolia pulmonar (EP), fazem parte, em grande parcela, das causas de mortalidade materna nos países em desenvolvimento e, proporcionalmente, nos desenvolvidos. A incidência exata de tais episódios trombóticos é desconhecida, devido à falta de métodos clínicos e complementares objetivos para o diagnóstico. Por exemplo, cerca de dois terços dos casos de TVP diagnosticados clinicamente irão utilizar terapia anticoagulante desnecessariamente. Porém, o diagnóstico e o estabelecimento de uma terapêutica adequada são de grande importância, pois quando corretamente diagnosticada e tratada os riscos de embolia pulmonar e mortalidade materna diminuem em 3,2 e 18 vezes, respectivamente (Clark et al, 2001).
Atualmente, ainda é aceita a formulação de Virchow, relatada em 1856, onde ele descrevia as três principais causas de trombose: 1) estase sanguínea, 2) mudanças na parede do vaso sanguíneo e 3) alteração nos componentes sanguíneos. Durante o período gravídico-puerperal podemos caracterizar a formulação de Virchow: 1) a estase venosa está presente, principalmente em membros inferiores, devido à compressão do útero sobre os vasos pélvicos, 2) mudanças na parede dos vasos se observam, com maior frequência, no terceiro período do parto e 3) um “estado de hipercoagulabilidade” devido às alterações nos fatores da coagulação e de trombólise.
Os fatores de risco para trombose podem ser adquiridos ou hereditários. Entre os adquiridos destacam-se: períodos de imobilização, cirurgias, trauma, gravidez, puerpério, síndrome antifosfolípide, doença maligna e hormônios femininos.
Questão mal elaborada! Segundo Rezende (2011):
"A tromboflebite superficial (pelo geral, nas veias varicosas, daí o nome varicoflebite) (...). Mais comuns que as profundas, principalmente no último trimestre da gestação. (...) Raramente se estendem às veias profundas e é excepcional determinarem embolia pulmonar."
"Classicamente, a dor e o edema na extremidade acometida, já se disse,
em 85% dos casos acometem o membro inferior esquerdo, caracterizando o quadro clínico de TVP.""Na gravidez, e fora dela, o tratamento de eleição é a heparina de baixo-peso molecular (HBMP), de tal sorte que a heparina não fracionada (HNF) apenas será utilizada na inexistência da primeira. A HBMP é a droga de escolha porque determina menos osteoporose e trombocitopenia do que a HNF. (...) Os
anticoagulantes orais (warfarina) estão formalmente contraindicados na gravidez, pois atravessam a membrana placentária e estão associados a malformações congênitas similares à condromalacia punctata, hipoplasia nasal e não consolidação das epífises (...) e à hemorragia fetal."
"Pós-parto. O tratamento anticoagulante deve ser reiniciado após o controle razoável do sangramento (...). A heparina ou a enoxaparina é administrada por no mínimo 5 dias, concomitantemente com a warfarina (...). Embora a warfarina seja excretada no leite, a exposição ao infante é baixa e não altera o seu perfil coagulante. A warfarina deve ser continuada no mínimo por 6 semanas de pós-parto."
FONTE: Rezende Filho, J.; Montenegro, C. A. B. Rezende, Obstetrícia Fundamental. 12 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.