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ID
83710
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
Instituto Rio Branco
Ano
2004
Provas
Disciplina
História
Assuntos

Cinco paradigmas históricos foram identificados na História
da Política Exterior do Brasil, de Amado Cervo e Clodoaldo Bueno,
correspondendo cada um deles a uma periodização, com a qual se
procurou inserir a con ju ntura nas estruturas históricas e articular
micro- e macro-história para se obter uma interpretação categorial e
sistemática da evolução da política exterior do Brasil nos últimos dois
séculos. Assim foram apresentados por Cervo e Bueno: a) o das
concessões sem barganha da época da independência
(1808-1828), pelo qual se sacrificou o interesse nacional sob
múltiplos aspectos, com efeitos nefastos sobre a formação nacional
até meados da década de 40 do século XIX; b) o da leitura
complexa do interesse nacional, aliado à determinação de preservar
o exercício soberano da vont ade nacional (1844-1889); c) a
diplomacia da agroexportação e dos grandes alinhamentos com que
a República, que subordinaria o serviço da diplomacia aos interesses
do segmento interno socialmente hegemônico, particularmente
plantadores e exportadores de café (1889-1930); d) o modelo de
política exterior do nacional-desenvolvimentismo que acoplou,
finalmente, a face extern a da política às demandas do moderno
desenvolvimento, dos anos 30 à década de 80 do século XX;
e) a dança dos três paradigmas disponíveis simultaneamente, no
tempo mais recente da política externa do Brasil (os anos 90 e o
início do novo século): o da sobrevivência limitada do nacionaldesenvolvimentismo,
o da expansão do liberalismo desenfreado e do
Estado logístico, que equilibra os dois anteriores.

José Flávio Sombra Saraiva. Um percurso acadêmico modelar: Amado Luiz
Cervo e a afirmação da historiografia das relações internacionais no Brasil.
Apud: Estevão Chaves de Rezende Martins (Org.). Relações internacionais:
visões do Brasil e da América Latina. Br asília: IBRI, 2003, p. 27 (com
a d a p t a ç õ e s ) .

Tend o o texto acima como referência inicial, julgue os itens
subseqü en t es , relativos à política internacional e à inserção
histórica do Brasil no cenário mundial.

O regime militar instaurado em 1964 reorientou a política externa brasileira, distinguindo-a profundamente daquela que a precedeu imediatamente. Daí, o alinhamento automático com a diplomacia norte-americana, p rocedimento que não sofreu variações significativas ao longo do período

Alternativas
Comentários
  • A diplomacia brasileira foi pendular em relação ao EUA no período militar: ora se aproximava (governo Castello Branco), ora se distanciava (governo Geisel)
  • Antes do Regime o Brasil era Pró-EUA???
  • Daniel,

    Antes do regime militar, foi o período da Política Externa Independente (1961 - 1963). Ou seja, o Brasil nao era alinhado com os EUA.
  • Pois então Igor, se não era alinhado antes, que na verdade até era, porém de uma forma menor porque o Brasil se reconciliou com a URSS, logo a política econômica externa no regime militar se distingue da política de JANGO.
  • Errado.

    a) O Governo Castello Branco e a Política da Interdependência

    O governo do Marechal Castello Branco (1964-1967) apresenta características de política externa bastante distintas dos demais governos militares. Este fato se deve, em larga escala, pela sua aproximação ideológica com os EUA e os ditames do conflito leste-oeste, ao incorporar o discurso anticomunista e de segurança hemisférica na lógica da política externa.

    [..]

    Para alguns, estes dados são suficientes para situar o período como de retomada do alinhamento automático com os EUA. Esta definição não é unânime, mesmo que a associação dependente com os EUA o seja.

    b) O Governo Costa e Silva e a Diplomacia da Prosperidade

    Para a política externa, as transformações são bastante notórias. Conforme relata Letícia Pinheiro, há "a reincorporação das teses mais nacionalistas ao modelo de desenvolvimento" (2004, p.40), trilhando uma postura mais autonomista para o Brasil. Amado Cervo denomina este novo período pela "recuperação das tendências" (1992, p.342), já que houve um equívoco no governo anterior em não perceber a importância do papel do Estado como articulador necessário ao processo produtivo.

    Paulo Vizentini aponta o governo Costa e Silva como representante de uma "ruptura profunda em relação ao governo anterior, contrariando frontalmente Washington" (2004, p.78) e Carlos Estevam Martins entende que as marcas da frustração da política anterior permitiu "uma guinada sensacional na história da política externa brasileira" (1975, p.67).

    c) O Governo Médici e a Diplomacia do Interesse Nacional  [...]

    É por estas razões que boa parte dos autores julga o período Médici como período de construção das bases para o que viria a ser o pragmatismo responsável do governo seguinte.

    d) O Governo Geisel e o Pragmatismo Responsável

    A importância do então denominado Pragmatismo Responsável pode ser interpretada tanto por retomar alguns dos princípios da Política Externa Independente, como por manter algumas de suas características até a data presente.

    Conforme apontado por Letícia Pinheiro, é neste momento que as fronteiras ideológicas, que de alguma forma tolhiam direta ou indiretamente o comportamento diplomático brasileiro, reduzindo seu leque de opções, foi finalmente desvinculada da política externa, que, agora calcada no pragmatismo e no realismo, abria suas portas para diversificação e intensificação das relações do Brasil com todo o mundo (2004, p.45).

     

    Excelente artigo. http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000122011000200040&script=sci_arttext

     

  • O erro maior da afirmativa está no final: "procedimento que não sofreu variações significativas ao longo do período". Logo no governo Costa e Silva, a PEB mudou, de certa forma retomando a autonomia da PEI, o que se manteria mais ou menos até o fim da ditadura.

  • ver comentário de Luis Alvarenga