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Prova CPCON - 2009 - UEPB - Vestibular - Português - Literatura Brasileira e Inglês


ID
686662
Banca
CPCON
Órgão
UEPB
Ano
2009
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Sobre Boca do inferno NÃO é correto afirmar:

Alternativas
Comentários
  • “Boca do Inferno”, de Ana Miranda, é uma das obras mais importantes sobre o período destacado, pois retrata a Bahia do século XVII, em que expõe um painel sobre a vida política e cultural local. Trata-se de um romance histórico, e seu enredo não é feito apenas de maneira literária.


    Alternativa E.



ID
686665
Banca
CPCON
Órgão
UEPB
Ano
2009
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A respeito do fragmento:

Veio a sua mente a figura de Gongora e Argote, o poeta espanhol que tanto admirava, vestido como nos retratos em seu hábito eclesiástico de capelão do rei: o rosto longo e duro, o queixo partido ao meio, as têmporas rapadas até detrás das orelhas. Gongora tinha-se ordenado sacerdote aos cinqüenta e seis anos. Usava um anel de Rubi no dedo anular da mão esquerda, que todos beijavam. Gregório Matos queria, como o poeta espanhol, escrever coisas que não fossem vulgares, alcançar o culteranismo. Saberia escrever assim? Seria dentro de si um abismo. Se ali caísse, aonde o levaria? Não estivera Gongora tentando unir a alma elevada do homem à terra e seus sofrimentos carnais? Gregório de Matos estava no lado escuro do mundo, comendo  a parte  podre do banquete. Sobre o que poderia falar? Goza, goza el color, da luz, el oro. Teria sido bom para Gregório se tivesse nascido na Espanha? Teria sido diferente? “Ah, Gregório”, pensou o poeta, “Porque em cullis mundi te meteste?”
(Miranda, 2006, p. 9).




I - O narrador, que intencionalmente oscila entre a referência histórica imparcial e um olhar contemporâneo de certo estrato do período colonial, a Bahia do século XVII, expõe o paradoxo que há entre a suposta nobreza, “el oro”, da metrópole colonizadora e a vulgaridade de uma realidade em nada poética, “por que em culis mundi te meteste?”.

II - As angustiantes questões que o personagem Gregório se propõe, não só poéticas, também políticas, étnicas, sociais, refletem o declínio de uma certa aristocracia intelectual, e sua correlata visão de mundo, com o advento do capitalismo e de novas relações sociais. Do conflito entre uma consciência ainda presa a valores morais e religiosos do Classicismo e uma realidade que passa a funcionar à revelia de tais valores, estará repleta a obra e o projeto de vida do Gregório de Matos poeta.

III - As expressões vulgares com as quais o poeta se refere ao Brasil ao longo de toda a narrativa, de certo modo, refletem a visão sobre o país dos personagens principais do romance, ainda presos a uma hierarquização colonialista entre metrópole e colônia, como observado nestas palavras de Antonio Vieira, “o mundo está cheio de ladrões e a coisa aqui parece pior” (p. 58), e de personagens secundários como o vereador Luiz Bonicho, “qualquer lugar é melhor do que esta triste tafularia” (p. 34) ou da imigrante Anica de Melo, “escolhi o Brasil porque aqui todos se sentem labregos” (p. 143).

Alternativas
Comentários
  • “Boca do Inferno” é uma das obras mais significativas sobre o século XVII no Brasil. O enredo acontece na Bahia, e a autora mostra um país tido como pacífico, porém cheio de intrigas de governo e de tentativas de tomada de poder. O livro aborda a decadente aristocracia local, e apresenta uma percepção crítica sobre a exploração colonialista dos portugueses. O vocabulário “chulo” é empregado para fazer uma referência à sátira de Gregório de Matos.


    Alternativa B.



ID
686668
Banca
CPCON
Órgão
UEPB
Ano
2009
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A respeito de Manuel Bandeira é correto afirmar:

Alternativas
Comentários
  • “Libertinagem” é um livro de poemas que soma todas as aspirações revolucionárias da fase heróica do modernismo brasileiro, a Geração de 1922. Neste livro o poeta mostra o interesse em se desfazer das formas tradicionais de escrita e apresenta uma obra voltada para a cultura popular, para o cotidiano e para a linguagem coloquial, sem formalismos.


    Alternativa E.



ID
686674
Banca
CPCON
Órgão
UEPB
Ano
2009
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Sobre Libertinagem pode-se afirmar:

I - Em Poética, o comportamento extravagante e irônico das vanguardas faculta a crítica ao conservadorismo político e social veiculado pela poesia dos finais do século XIX e das duas primeiras décadas do século XX, propondo um “lirismo que é libertação”.

II - Irene no céu toca na questão étnica, um dos temas fundamentais para os modernistas da primeira geração, a partir do ponto de vista, neste sentido tipicamente modernista, da democracia racial, mais próximo de Gilberto Freyre que dos olhares sobre a questão como colocados por textos contemporâneos como Cidade de Deus, de Paulo Lins, por exemplo.

III - Com Poema tirado de uma notícia de jornal, começa um processo de rebaixamento da produção literária ao fato comum e vulgar, que terá contribuído em muito para a baixa qualidade da produção poética ao longo da segunda metade do século.

Alternativas
Comentários
  • A única alternativa errada é a III. O poeta adota uma aparência prosaica em seus textos e cria uma poesia rica em construção e significação. Ao contrário do que está expresso no item III, os temas escolhidos no poema não revelam uma linguagem vulgar, a ponto de rebaixar a produção literária, ao contrário, Bandeira mostrou que é possível fazer poesias a partir de temas comuns, como uma notícia de jornal, conforme consta no poema em questão.


    Alternativa E.



ID
686677
Banca
CPCON
Órgão
UEPB
Ano
2009
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Os capítulos de O vôo da guará vermelha, titulados através de uma estrutura binária referente a cores, apontam para:

I - o sentido do “estado de alma” ou “psicológico” da personagem Irene ou de outros com quem ela se relaciona (Rosálio, a velha, o filho), indicando ora esperança (verde), ora paixão (vermelho) ora tristeza (cinza).

II - a profusão de sentidos que a referência às cores lá nomeadas pode indicar para o leitor, seja quanto ao aspecto psicológico da personagem central da trama (Irene) ou em relação às minúcias do cotidiano dos personagens.

III - uma “aquarela semântica” em que as cores não se distinguem, mas se interconectam para surtir um único efeito: a variação de cor que sofre a ave em contato com a luz, uma vez que o título da obra remete o leitor às várias cores com as quais a ave pode ser conhecida.

Alternativas
Comentários
  • “Guará vermelha” é a metáfora para Irene, uma prostituta doente que, ao ter contato com o pedreiro analfabeto Rosálio, revela uma relação metafórica com as cores, revelando-as de acordo com o seu comportamento e o seu contato com Rosálio e o mundo.


    Alternativa C.



ID
686680
Banca
CPCON
Órgão
UEPB
Ano
2009
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

No trecho “Irene arrasta a amiga e a faz sentar-se na cama, pega água da moringa, bota num copo com açúcar e obriga a outra a beber, Anginha, filha, se acalme, deixe de pensar besteira, não se meta com o além nem se meta com feitiço que isso não serve para nada, só para lhe tomar dinheiro” (O vôo da Guará vermelha, p. 109), tem-se:

I - O uso do discurso direto em “Irene arrasta a amiga e a faz sentar- se na cama”, porque o narrador transcreve diretamente a fala da personagem em ação.

II - O uso do discurso indireto em “Anginha, filha, se acalme, deixe de pensar besteira”, porque o narrador se apropria da fala da personagem e a reformula a seu modo, uma vez que à personagem, nesse trecho, não foi dada a fala.

III - O uso de uma situação linguístico-narrativa em que o ato de narrar (de “Irene arrasta a amiga” até “obriga a outra a beber”) mistura-se, num mesmo plano sintático, à fala, quando Irene se dirige à personagem Anginha. A mistura de vozes provoca um efeito aparentemente caótico (pela ausência da sinalização de recursos típicos do uso dessa função discursiva como o verbo dicendi ou a pontuação apropriada para a situação) que é desfeito tão logo se imaginam elementos introdutores do discurso direto como os já citados.

Alternativas
Comentários
  • O discurso direto se realiza quando há a transcrição direta da fala do personagem, marcada pelo sinal de travessão, que indica a fala realizada no formato direto. No fragmento em I há a fala do narrador, que descreve a cena. A fala apresentada em II é da própria personagem, que está inserida dentro do bloco textual. Mesmo sem a presença de travessão, é visível a ordem direta da fala da personagem.


    Alternativa D.



ID
686683
Banca
CPCON
Órgão
UEPB
Ano
2009
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Na estrofe 116 do Romance do pavão misterioso, “O rapaz disse: – Menina,/A mim você não fez mal:/Toda moça é inocente,/Tem seu papel virginal/Cerimônia de donzela/É uma coisa natural”, percebe- se que:

I - A estrofe (sextilha) com versos de sete sílabas poéticas (redondilha maior) e rimas do tipo XAXAXA (as letras repetidas indicam os versos que rimam entre si e o X indica os versos que não rimam) segue a ordem do poema que é assim metrificado para rápida assimilação pelo leitor do ritmo veloz em cuja estrutura são encadeados os fatos narrados.

II - A estrofe (septilha) com versos de cinco sílabas poéticas (redondilha menor) e rimas do tipo ABABAB segue a ordem do poema que é assim metrificado para rápida assimilação pelo leitor do ritmo veloz em cuja estrutura são encadeados os fatos narrados.

III - A estrofe (sextilha) com versos livres segue a ordem do poema que é assim “metrificado” para rápida assimilação pelo leitor do ritmo veloz em cuja estrutura são encadeados os fatos narrados.

Alternativas
Comentários
  • Ao analisar a estrofe apresentada no enunciado, o candidato percebe que a I se encaixa perfeitamente com a análise realizada, anulando, então, as alternativas II e III. A rima não se dá em todos os versos analisados, sendo criados de acordo com a indicação da alternativa I. Mesmo assim, produzem musicalidade ao serem lidos.

    Alternativa A.



ID
686686
Banca
CPCON
Órgão
UEPB
Ano
2009
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Às estrofes 67 e 68 do Romance do pavão misterioso lê-se: “Então Creuza deu um grito:/– Papai, um desconhecido/Entrou aqui no meu quarto!/Sujeito muito atrevido!/Venha depressa, papai,/Pode ser algum bandido!/O rapaz disse: – Moça,/Entre nós não há perigo:/ Estou pronto a defendê-la/Como verdadeiro amigo./Venho é saber da senhora/Se quer se casar comigo”. A partir dessas estrofes pode- se dizer:

I - Utiliza-se um esquema clássico das tramas de amor: uma personagem (Evangelista) busca encontrar um amor (Creuza) que, a princípio, não é acessível (questão de classe social ou outro motivo) e, para obter a realização do desejo, precisa enfrentar um obstáculo (o pai de Creuza).

II - Utiliza-se um esquema contemporâneo das tramas de amor: uma personagem (Evangelista) busca encontrar um amor (Creuza) que, a princípio, não é acessível (questão de classe social ou outro motivo) e, para obter a realização do desejo precisa enfrentar um obstáculo (o pai de Creuza ou outros) unicamente através da violência física.

III - Não se utiliza um esquema das tramas de amor, porque o fato narrado é singular, ou seja, não se repete nem se imita uma estrutura comum da literatura, sobretudo do cordel: Evangelista busca encontrar um amor (Creuza). A inacessibilidade da “amada”, a princípio, coincidiu de, na invenção do cordelista, se dar dessa forma sem que isso implique em influência ou característica das narrativas populares que tematizam o amor.

Alternativas
Comentários
  • De acordo com o fragmento, o rapaz deseja pedir a mão da Creuza em casamento, mas pretende conseguir através do diálogo, e não por meio da força física. A história apresenta uma trama de amor entre Creuza e o rapaz, de maneira que devem enfrentar, primeiro, o pai dela para conseguirem unir os laços afetivos.


    Alternativa D.