A revisão a que se procedeu, compatível com o espírito do texto de 1986, partiu
da compreensão de que a ética deve ter como suporte uma ontologia do ser social: os
valores são determinações da prática social, resultantes da atividade criadora tipificada
no processo de trabalho. É mediante o processo de trabalho que o ser social se constitui,
se instaura como distinto do ser natural, dispondo de capacidade teleológica, projetiva,
consciente; é por esta socialização que ele se põe como ser capaz de liberdade. Esta
concepção já contém, em si mesma, uma projeção de sociedade - aquela em que se
propicie aos trabalhadores um pleno desenvolvimento para a invenção e vivência de
novos valores, o que, evidentemente, supõe a erradicação de todos os processos de
exploração, opressão e alienação. É ao projeto social aí implicado que se conecta o
projeto profissional do Serviço Social - e cabe pensar a ética como pressuposto teóricopolítico
que remete para o enfrentamento das contradições postas à Profissão, a partir de
uma visão crítica, e fundamentada teoricamente, das derivações ético-políticas do agir
profissional.
http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP_1993.pdf
força, foco, e fé em Deus!
O Código de Ética de 1986 é o primeiro a romper, após quatro décadas, com uma visão ideológica e filosófica que marcou os demais Códigos anteriores. Os Códigos anteriores a 1986 eram afinados com perspectivas que afirmavam a imparcialidade do assistente social face as instituições e a sociedade burguesa. É claro que essa imparcialidade afirmava o lado do opressor, ou seja, não havia imparcialidade. Apesar do Código de 1986 romper com o conservadorismo era necessário a adoção de um pensamento crítico e histórico. Nesse sentido, conforme o próprio texto da Introdução do Código de Ética Profissional do Assistente Social de 1993, a revisão que ocorreu no Código de 1986 foi para introduzir a ontologia do ser social como suporte a ética.
A ontologia do ser social considera que o ser social, o homem e a mulher, se distingue dos outros seres da natureza por possuir capacidade teleológica, capacidade de criar, projetar, transformar a natureza, e assim criar o necessário a sua sobrevivência. Por isso, o ser social, o trabalhador, deve ser dotado e é capaz de liberdade. Desse modo, para o pensamento marxista, o trabalhador deve poder escolher entre alternativas concretas, desenvolver-se plenamente, o que não será possível numa sociedade capitalista, marcada pela exploração e dominação (o que permeia inclusive os valores e ética nela instituídos, pois estes são históricos e determinados pela sociedade). Sendo assim, esse modo de pensar o ser social (ou o trabalhador) já indica a necessidade de construção de uma nova sociedade, um novo projeto social. Assim, o que se sucedeu em 1986, e que foi compatível com o espírito do texto original daquele Código, foi a introdução de uma teoria social que desse suporte a ética e aos valores éticos-políticos ali explicitados. Com isso, o Código de Ética do Assistente Social de 1993, que possui a liberdade como valor ético central, deixou claro que o compromisso da categoria profissional é com a emancipação plena dos trabalhadores e eliminação de todas as formas de opressão e exploração, o que certamente, é compatível com a ontologia do ser social introduzida no Código da categoria.
RESPOSTA: D