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ID
1042786
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
Instituto Rio Branco
Ano
2013
Provas
Disciplina
Relações Internacionais
Assuntos

Considerando conceitos e paradigmas teóricos empregados na análise das relações internacionais, assinale a opção correta.

Alternativas
Comentários
  • Segundo os professores Jackson e Sorensen: 

    "Assim, o contexto histórico (ou seja, o fim da Guerra Fria) e a discussão teórica entre intelectuais de RI (especialmente neorrealistas e liberais) ajudaram a montar o cenário para uma abordagem construtivista. E o construtivismo se tornou especialmente popular entre os intelectuais norte-americanos, pois esse ambiente era dominado pelas abordagens neorrealista e neoliberal. (...)" (Jackson e Sorensen, 233)

  • Alternativa C De início já temos um erro grotesco, que é a ideia de que política internacional e política externa são termos equivalentes. Como nós sabemos, isso não ocorre. Depois vem a ideia de que o conceito de política internacional é empregado em referência à integração das grandes potências entre si. Na verdade, não diz respeito apenas às grandes potências nem muito menos a uma integração entre elas. Também não existe isso de que o conceito de sociedade internacional é ligado à interação das grandes potências com as organizações internacionais. Outra questão que não faz nenhum sentido. Sociedade internacional é um contexto introduzido pela Escola Inglesa das relações internacionais, que é aquela ideia de valores compartilhados, aquela ideia de que é possível identificar uma certa ordem, uma certa normatividade jurídica mesmo em um sistema anárquico. Essa é uma questão que faz uma salada de frutas, coloca vários conceitos que não têm relação um com o outro. ERRADA.
     

    Alternativa D O Neorrealismo e o Neoliberalismo não têm nenhuma relação com teorias cibernéticas, e muito menos com teorias cibernéticas no contexto da política externa da ex-União Soviética. É outra questão que não faz sentido. ERRADA

     

    Alternativa E  Não faz sentido falar em interdependência complexa como um desenvolvimento da teoria da dependência complexa. A dependência complexa tem a ver com Marxismo, é aplicação da lógica do marxismo ao sistema internacional ou sistema mundo, como eles gostam de dizer. A nossa vertente da teoria da dependência, desenvolvida por Fernando Henrique Cardoso e alguns outros teóricos, é a ideia de que existem países marginalizados e países centrais; e que os centrais exploram os marginalizados. A interdependência complexa está ligada ao Liberalismo. São, portanto, coisas quase opostas. Lidando com questões econômicas temos de um lado o Marxismo e do outro o Liberalismo. O que a questão afirma é um nonsense total. Diz aqui que teoria da interdependência reinterpreta as teses liberais no marco das instituições, o que não é verdade. ERRADA"

     

     

    Fonte: Filipe Martins - Política Internacional - Estratégia

  • "Alternativa A  Eu falei do Hans Morgenthau no contexto do pós-Segunda Guerra Mundial e de seu livro publicado em 1945, um período curto antes da emergência de fato da Guerra Fria. Isso já serviria para ver que a questão está errada, mas podemos identificar outros elementos. O Realismo clássico é sinônimo do Neorrealismo e é relacionado com Waltz, que é o principal formulador, quem introduziu o Neorrealismo, e não Morgenthau. E, por fim, vemos também o debate com os behavioristas. Waltz e o Neorrealismo introduzem a ideia de que existem comportamentos que podem ser identificados e colocados dentro de certas leis comportamentais, e que se pode prever o comportamento desses Estados, como eles vão se relacionar entre si e isso vai influenciar o processo de formulação da política externa. ERRADA
     

    Alternativa B A Guerra Fria introduziu uma série de problemas que expandiu o campo das relações internacionais e gerou certos desafios epistemológicos. O Construtivismo introduziu a ideia de que as relações internacionais não são naturais, elas são construídas na interação entre os agentes, na intersubjetividade. Isto é, a relação entre os agentes e a estrutura, as relações de conhecimento é que acabam determinando o sistema internacional. Na Guerra Fria, isso fica mais evidente porque as teorias entram em uma espécie de crise para explicar o momento, tanto do lado dos realistas quanto do lado dos liberais, da Escola Inglesa e de outras escolas. Mas existem algumas limitações, e aí surgem os construtivistas falando que nada daquilo necessariamente é do jeito que é, que não é algo naturalizado, que não é algo evitável e que aquilo é simplesmente construído. Então, na Guerra Fria, há um jogo de percepções ideológicas e morais entre as duas superpotências, União Soviética de um lado e Estados Unidos do outro. Essa relação intersubjetiva entre as duas partes leva a essa construção social, não natural, desse sistema bipolar. Isso acabou dando força para o Construtivismo, que vem se fortalecendo desde então como um paradigma de interpretação das relações internacionais. CORRETA
     

  • Alternativa C De início já temos um erro grotesco, que é a ideia de que política internacional e política externa são termos equivalentes. Como nós sabemos, isso não ocorre. Depois vem a ideia de que o conceito de política internacional é empregado em referência à integração das grandes potências entre si. Na verdade, não diz respeito apenas às grandes potências nem muito menos a uma integração entre elas. Também não existe isso de que o conceito de sociedade internacional é ligado à interação das grandes potências com as organizações internacionais. Outra questão que não faz nenhum sentido. Sociedade internacional é um contexto introduzido pela Escola Inglesa das relações internacionais, que é aquela ideia de valores compartilhados, aquela ideia de que é possível identificar uma certa ordem, uma certa normatividade jurídica mesmo em um sistema anárquico. Essa é uma questão que faz uma salada de frutas, coloca vários conceitos que não têm relação um com o outro. ERRADA.
     

    Alternativa D O Neorrealismo e o Neoliberalismo não têm nenhuma relação com teorias cibernéticas, e muito menos com teorias cibernéticas no contexto da política externa da ex-União Soviética. É outra questão que não faz sentido. ERRADA

     

    Alternativa E  Não faz sentido falar em interdependência complexa como um desenvolvimento da teoria da dependência complexa. A dependência complexa tem a ver com Marxismo, é aplicação da lógica do marxismo ao sistema internacional ou sistema mundo, como eles gostam de dizer. A nossa vertente da teoria da dependência, desenvolvida por Fernando Henrique Cardoso e alguns outros teóricos, é a ideia de que existem países marginalizados e países centrais; e que os centrais exploram os marginalizados. A interdependência complexa está ligada ao Liberalismo. São, portanto, coisas quase opostas. Lidando com questões econômicas temos de um lado o Marxismo e do outro o Liberalismo. O que a questão afirma é um nonsense total. Diz aqui que teoria da interdependência reinterpreta as teses liberais no marco das instituições, o que não é verdade. ERRADA"

     

    Filipe Martins - Política Internacional - Estratégia

  • Alternativa A  Eu falei do Hans Morgenthau no contexto do pós-Segunda Guerra Mundial e de seu livro publicado em 1945, um período curto antes da emergência de fato da Guerra Fria. Isso já serviria para ver que a questão está errada, mas podemos identificar outros elementos. O Realismo clássico é sinônimo do Neorrealismo e é relacionado com Waltz, que é o principal formulador, quem introduziu o Neorrealismo, e não Morgenthau. E, por fim, vemos também o debate com os behavioristas. Waltz e o Neorrealismo introduzem a ideia de que existem comportamentos que podem ser identificados e colocados dentro de certas leis comportamentais, e que se pode prever o comportamento desses Estados, como eles vão se relacionar entre si e isso vai influenciar o processo de formulação da política externa. ERRADA
     

    Alternativa B A Guerra Fria introduziu uma série de problemas que expandiu o campo das relações internacionais e gerou certos desafios epistemológicos. O Construtivismo introduziu a ideia de que as relações internacionais não são naturais, elas são construídas na interação entre os agentes, na intersubjetividade. Isto é, a relação agentes - estrutura, as relações de conhecimento é que acabam determinando o sistema internacional. Na Guerra Fria, isso fica mais evidente porque as teorias entram em uma espécie de crise para explicar o momento, tanto do lado dos realistas quanto do lado dos liberais, da Escola Inglesa e de outras escolas. Mas existem algumas limitações, e aí surgem os construtivistas falando que nada daquilo necessariamente é do jeito que é, que não é algo naturalizado, que não é algo evitável e que aquilo é simplesmente construído. Então, na Guerra Fria, há um jogo de percepções ideológicas e morais entre as duas superpotências, União Soviética de um lado e Estados Unidos do outro. Essa relação intersubjetiva entre as duas partes leva a essa construção social, não natural, desse sistema bipolar. Isso acabou dando força para o Construtivismo, que vem se fortalecendo desde então como um paradigma de interpretação das relações internacionais. CORRETA