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ID
1078039
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
Instituto Rio Branco
Ano
2013
Provas
Disciplina
História
Assuntos

No que concerne ao período regencial no Brasil, assinale a opção correta.

Alternativas
Comentários
  • C) Durante o Avanço Liberal (1831-37), o que foi extinto foi o Conselho de Estado, não o Senado. Este, aliás, teve sua vitaliciedade mantida.


    Ato Adicional. O Ato Adicional (1834) foi uma reforma realizada pelos liberais, implicando uma descentralização (ex: cria assembleias provinciais, abole o Conselho de Estado, concede orçamento provincial próprio às províncias, suspende as atribuição do Poder Moderador, convoca eleição popular para regente único...). O ato, contudo, não foi só descentralização (que agradava aos liberais); o ato também trouxe uma concessão aos conservadores, pois manteve a vitaliciedade dos senadores.  

  • E)  A afirmativa está errada, porque o Exército será enfraquecido durante o Avanço Liberal (1831--37).


    Guarda Nacional x Exército. No início dos 1830s, o governo precisa conter diversas rebeliões populares que pululam pelo país. Essas rebeliões, em muitos casos, eram apoiadas por membros do Exército, sendo, por isso, conhecidas como "Rebeliões de Tropa e Povo". A participação de militares nessas rebeliões gera uma "pulga atrás da orelha" do governo liberal. Por conta da falta de confiança no Exército, o governo liberal cria a Guarda Nacional (18-ago-1831). A GN era uma força paramilitar, pública e privada, criada para reprimir levantes populares. A criação da GN, uma milícia cidadã, coloca a manutenção da ordem nas mãos daqueles que tinham algo a defender: os proprietários; por isso, a GN terá uma base municipal e fortemente politizada. Com a criação da GN, o Exército será enxugado e perderá importância. 


  • D) Com a descentralização regencial, parte do poder migra para as províncias, onde diferentes elites vão disputá-lo. As disputas regionais pelo poder envolverão não somente as elites, mas também o povo. Teremos levantes populares em algumas províncias (ex: Cabanagem no Pará; Balaiada no Maranhão) e verdadeiras guerras civis intraelites em outras (ex: Farroupilha no Rio Grande do Sul).

  • -> Durante a Regência , não houve grandes mudanças na política externa. Nesse sentido, Amado Cervo considera este período como uma fase de “ administração do imobilismo". No região platina, percebe-se o enfraquecimento da posição brasileira. Era difícil exercer influência tendo sido limitado o alcance militar das forças armadas em um quadro de enfraquecimento institucional. Assim,  ganha poder a Confederação, cujo líder, Juan Manuel Rosas, conseguira se consolidar em Buenos Aires com o apoio de caudilhos importantes nas províncias. Portanto, a letra A está errada.


    -> A abdicação de Dom Pedro I ocorreu em decorrência da sucessão do trono português e do descontentamento dos opositores políticos à condução de sua política autoritária. Portanto, a letra B está incorreta.


    -> De 1831 a 1837, houve a união das forças liberais contra os conservadores, que ficou conhecida como  Avanço Liberal. Com o Ato Adicional de 1834, foi extinto o Poder Moderador e o Conselho de Estado. Por outro lado, o Senado manteve a vitaliciedade de seus membros. Portanto, a letra C está incorreta.


    -> Após o espírito inicial de congraçamento, a abdicação de D. Pedro descentralizou o poder e deflagrou uma violenta disputa entre as elites locais. Além disso, verifica-se nesse período um ingrediente novo e sumamente representativo: a participação ativa das massas populares em diversos levantes. Portanto, a letra D está correta.


    -> O Ato Adicional de 1834 enfraqueceu o Exército ao criar a Guarda Nacional, que tinha como um dos seus objetivos esvaziar o poder das forças militares. Isso porque as ações repressivas do Exército no Primeiro Reinado renderam à instituição a imagem de braço armado do despotismo. Portanto, a letra E está incorreta.


    Assim, a resposta correta é a letra D.

  • a) O regresso conservador alterou a política externa, ao priorizar a contenção de Rosas, líder da Confederação Argentina. - No período regencial como um todo, pode-se dizer que houve imobilismo da PE do Império brasileiro no Prata, contrastando com a projeção de Rosas (ARG). A PEB do II Reinado ia romper com essa lógica, aí sim alterando a PE, priorizando a contenção de Rosas.

     b) O período regencial iniciou-se na abdicação de Pedro I ao trono, em decorrência de pressões diplomáticas britânicas e da oposição das elites escravocratas - D Pedro I abdica por pressões internas no Brasil (descontentamento popular, isolamento político, crise econômica, assassinato de Libero Badaró, influência das "ondas revolucionárias" na Europa) e em PORT (crise sucessória do trono português após a morte de D João)

     c) Durante o avanço liberal, o Senado foi extinto como resultado da ação dos exaltados contra o que classificavam como reduto caramuru - o Conselho de Estado, e não o Senado, vai ser extinto durante o avanço liberal, por meio do Ato Adicional de 1834. O Senado vitalício vai ser abolido comente na CF 1891, na República.

     d) No período regencial no Brasil, houve fraca coesão entre as elites e importante participação dos setores populares no processo político. - CERTO

     e) O Ato Adicional de 1834 fortaleceu o Exército, que teve ampliado seu efetivo, oportunidade de profissionalização de seus membros e assegurou importância política. - O Ato foi uma medida, pelo liberais, de DESCENTRALIZAÇÃO; com relação ao Exército, a ideia era superar os maus olhos com os quais era visto o Exército (centralização) no período que sucedeu a abdicação de D Pedro

  • "participação dos setores populares no processo político."

    Piada de péssimo gosto essa questão, fllw. 

  • A questão se refere às revoltas regenciais de tropa e povo, Paulo. O JMC fala exatamente isso.

  • Apesar de não participar da política oficial, de não votar, ou de não ter consciência clara do sentido do voto, a população tinha alguma noção sobre direitos dos cidadãos e deveres do Estado. 

    O Estado era aceito por esses cidadãos, desde que não violasse um pacto implícito de não interferir em sua vida privada, de não desrespeitar seus valores, sobretudo religiosos.

    José Murilo de Carvalho chama de Cidadania Negativa

  • Associar "participação popular no processo político" com os levantes e revoltas ocorridas durante a regência é malícia de quem redigiu a questão. Óbvio que não está errado constatar que o povo, quando excluído da cidadania, participa da política por meio de revoltas; porém, não torna a questão menos mal redigida. Afinal, ninguém diria que um país sem voto feminino tem participação feminina na política meramente porque há movimentos femininos.

  • Discordo dessa "D". Nunca vi falar sobre participação da população na política no período regencial.

  • por que a A está errada?

  • Minha dificuldade foi entender o que a questão queria dizer com "processo político". Se é no sentido amplo, correto: a população protagonizou revoltas importantes com impactos políticos importantíssimos. Mas eu fiquei na dúvida se não estavam falando da política mais institucional, onde, de fato, a participação popular não existia.

  • Sobre a letra A:

    Errado;

    "Note-se, por último, que não podemos falar em alteração da política externa ao priorizar a contenção de Rosas, visto que Rosas chegou ao poder, na Confederação Argentina, praticamente na virada do avanço liberal para o regresso conservador. Além disso, a posição do Rio de Janeiro quanto à contenção de Buenos Aires não passou por alterações expressivas ao longo da Regência"

    Fonte: Como passar - 1600 questões comentadas.

    Sobre a letra D estar correta - acrescendo aos debates:

    Imagino que, pela questão ser de 2013, eles utilizaram uma historiografia ultrapassada, pois, apesar das rebeliões de "tropa e povo" e das rebeliões regenciais, a historiografia recente não é adepta da tese de que havia importante participação dos setores populares no processo político. Os detentores do processo político, sejam os liberais ou os conservadores (a partir de 1837) discutiam a descentralização.

    Caso a banca tenha usado processo político em sentido amplo, sim, houve uma maior participação dos setores populares no período. Se for o caso, a redação está mal redigida.