A autora (Maria da Glória Gohn) chama a atenção para a alteração das relações do Estado com a sociedade civil, destacando a transposição de uma postura política por parte da segunda para uma postura de parceira do Estado na assistência aos grupos minoritários, marginalizados e excluídos:
"Captura-se o sujeito político e cultural da sociedade civil, antes organizado em movimentos e ações coletivas de protestos, agora parcialmente mobilizados por políticas sociais institucionalizadas. Transformam-se as identidades políticas desses sujeitos [...] em políticas de identidades, pré- estruturadas segundo modelos articulados pelas políticas públicas [...]. Criam-se, portanto, novos sujeitos sociopolíticos [...] como partes de uma estrutura social amorfa e apolítica. [...] Disso resulta que se deslocam os eixos de coordenação das ações coletivas – da sociedade civil para a sociedade política, dos bairros e associações populares para os gabinetes e secretarias do poder estatal, principalmente no plano federal. A dimensão política [...] desaparece da ação coletiva justamente por ser capturada por estruturas políticas – de cima para baixo, na busca de coesão e do controle do social."" (GOHN, 2010: 21).
http://periodicos.ufes.br/SNPGCS/article/viewFile/1534/1125