Questão 1150936

• Banca: FCC
• Órgão: TRF - 3ª REGIÃO
• Ano: 2014
• Provas: FCC - 2014 - TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário - Serviço Social
• Disciplina: Serviço Social
• Assuntos: Trabalho e Serviço Social; Transformações Societárias, mundo do trabalho e Estado capitalista

Antunes (2005) refere-se à nova morfologia do trabalho afirmando que essa deve ser compreendida a partir do (novo) caráter multifacetado do trabalho. Nessa linha, é correto afirmar, quanto à classe trabalhadora, que

• A. dada à tendência de desaparecimento gradual e consequente desconstrução da categoria trabalho, que acarretará o fim das possibilidades das ações humanas desencadeadas a partir do trabalho social, alterando significativamente a morfologia do trabalho.
  
• B. incorpora também o conjunto dos trabalhadores improdutivos, cujas formas de trabalho são executadas por meio da realização de serviços, seja para uso público, como os serviços públicos tradicionais, seja para uso privado, para uso do capital, não se constituindo, por isso, como elemento direto no processo de valorização do capital e criação de mais-valia.
  
• C. compreende somente os trabalhadores manuais diretos, que vendem sua força de trabalho como mercadoria em troca de salário.
  
• D. os trabalhadores desempregados não podem ser considerados nessa categoria.
  
• E. os pequenos empresários urbanos e rurais, mesmo sendo proprietários dos meios de sua produção, podem ser considerados nessa categoria, pela configuração de pequeno proprietário e porque tem sido importantes aliados na garantia de determinados direitos sociais.
  

Gabarito: B

Comentários

• Tentando apreender a complexidade da classe-que-vive-do-trabalho, hoje, Antunes (2000, p. 96) afirma que esta classe não se reduz ao seu núcleo central – os trabalhadores produtivos. Na verdade, “(...) a classe trabalhadora hoje incorpora a totalidade do trabalho social, a totalidade do trabalho coletivo que vende a sua força de trabalho em troca de salário”. Nesse aspecto, aquela classe engloba inclusive o conjunto dos trabalhadores improdutivos, cujas “formas de trabalho são utilizadas como serviços, seja para uso público, como os serviços públicos tradicionais, seja para uso capitalista” (Idem, p. 96).

   

  : Érika Luciene Almeida Soares

  http://sbsnorte2010.ufpa.br/site/anais/ARQUIVOS/GT5-563-452-20100831185554.pdf

• A Revista Serviço Social e Sociedade 124 de 2015 traz uma entrevista fantástica com Ricardo Antunes intitulada "Adeus ao trabalho? Vinte anos depois... Entrevista com Ricardo Antunes", quando ele reafirma e retoma as teses centrais do seu livro "Adeus ao trabalho" e também retoma o conceito (que ele afirma não ser um conceito, mas uma denominação) de “classe-que-vive-do-trabalho”. Vale muito a pena ler, levando em consideração que nossa categoria se apropria sobremaneira das leituras de Antunes!!!!

• COMPLEMENTANDO:

  E exclui, naturalmente, os gestores e altos funcionários do capital, que recebem rendimentos elevados ou vivem de juros. 

• Ao contrário de autores que defendem o fim do trabalho e o fim da classe trabalhadora, está expressão pretende
  enfatizar o sentido contemporâneo da classe trabalhadora (e do trabalho).
  
  Ela compreende:
  
  1) Todos aqueles que vendem sua força de trabalho, incluindo
  tanto o trabalho produtivo quanto o improdutivo (no sentido dado por
  Marx).
  2) Inclui os assalariados do setor de serviços e também o
  proletariado rural.
  3) Inclui proletariado precarizado, sem direitos, e também os
  trabalhadores desempregados, que compreendem o exército industrial de
  reserva.
  4) E exclui, naturalmente, os gestores e altos funcionários do
  capital, que recebem rendimentos elevados ou vivem de juros.
  
  Ricardo Antunes
  ADEUS AO TRABALHO?
   

• incorpora também o conjunto dos trabalhadores improdutivos, cujas formas de trabalho são executadas por meio da realização de serviços, seja para uso público, como os serviços públicos tradicionais, seja para uso privado, para uso do capital, não se constituindo, por isso, como elemento direto no processo de valorização do capital e criação de mais-valia.