BO@ T@RDE!
Começo este comentário com Iamamoto (2000), pois, como doutrinária, ela é quem vai impulsionar essa discussão atinente à ação transformadora do trabalho profissional do Assistente Social na produção e reprodução das relações sociais, correlações de forças, autonomia profissional e instituições empregadoras, despertando em outros estudiosos (SETUBAL, MARTINELLI, MONTAÑO, etc.) interesse pela temática (ação transformadora) em suas diversas concepções.
Em sua fala explícita, nos chama atenção: "o que geralmente é chamado de prática corresponde a um dos elementos constitutivos do processo de trabalho que é o próprio trabalho. Mas para existir trabalho são necessários os meios de trabalho e a matéria-prima ou objeto sobre o que incide a ação transformadora do trabalho. Tais elementos constitutivos de qualquer processo de trabalho em qualquer sociedade - existem, entretanto, em determinadas condições e relações sociais, que atribuem aos processos de trabalho significados sócio-histórico particulares. Continua a autora, [...] para ser consumida e transformada em atividade, a força de trabalho exige meios ou instrumentos de trabalho e uma matéria-prima ou objeto de trabalho que sofrerá alterações mediante a ação transformadora do trabalho. Quem dispõe dos meios de trabalho - materiais, humanos, financeiros etc. -, necessários à efetivação dos programas e projetos de trabalho é a entidade empregadora, seja ela estatal ou privada".
Diferentemente de Iamamoto, que abordou a ação transformadora do Serviço Social dentro do processo de produção, nele compreendido o trabalho. Setubal (2007) caminha em linha tênue, se propõe aos estudos da ação transformação em direção de “coisa em si”, o que leva ao homem sair da conduta contemplativa/reflexiva para se por em ação pela práxis transformadora.
Como assim, sair da conduta contemplativa/reflexiva? *o*
Segundo o autor, desconsidera o fenômeno como algo independente e absoluto, já que esse se transforma em relação com a essência e só é compreendido quando se atinge a estrutura da ‘coisa em si’.
Somente a práxis transformadora viabiliza a criação que “[...] compreende a decisão teórica como a decisão de ação. Supõe tática e estratégia. Não existe atividade sem projeto; ato sem programa, práxis política sem exploração do possível e do futuro” (LEFEBVRE, 1979, p. 41).
GABARITO ERRADO.
Cá entre nos, que maldade do examinador, colocar o termo ação transformadora e, logo, sucede uma afirmação de postura heroica do Serviço Social. Como se esta fosse definição daquela.
Coração gelado desse examinador!
Serra (1982) explicita três concepções de Estado e de instituições que os profissionais costumam adotar e as formas como estes atuam diante destas, são elas: A primeira (...) é a fundada na definição de Estado como Bem-Estar e de instituição como Aparelho Funcional. Os profissionais adeptos dessa posição, acreditam que têm uma prática profissional acima dos conflitos dos grupos sociais, em razão da sua visão ingênua de sociedade sem classes e de sua concepção acrítica das relações sociais. A segunda (...) é resultante da definição de Estado como instrumento e de instituição como Aparelho de reprodução da força de trabalho e das relações sociais. Os profissionais partidários dessa concepção consideram as instituições como aparelhos de Estado que reproduzem as relações de dominação e estão a serviço tão somente da classe dominante. Vêem as instituições como bloco monolítico, sem possibilidade de sofrer qualquer intervenção sob a ótica de transformação das relações de poder na sociedade. A terceira noção de prática institucionalizada é derivada da concepção de Estado Ampliado e de Instituição como Aparelho Contraditório. Os profissionais adeptos dessa concepção consideram a prática institucional dentro de uma visão ampla e dinâmica da realidade. Admitem as instituições como aparelhos de Estado cuja função precípua é a execução de políticas sociais com o objetivo principal de manter os interesses da classe dominante. Consideram, contudo, que as demandas dos grupos dominados como resposta à correlação de forças dos grupos sociais. Nessa direção, esses profissionais identificam que as instituições ao incorporarem os interesses das classes subalternas dão margem, neste confronto à viabilização da transformação de suas estruturas de poder através da luta conjunta da clientela instituída, dos profissionais de Serviço Social e de outros grupos institucionais, tendo como suporte a conjuntura social, expressa nas lutas mais amplas da sociedade. (SERRA,1982, p.33- 35)