SóProvas


ID
1158499
Banca
FAFIPA
Órgão
Câmara Municipal de Guairáça - PR
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                  Da timidez

                                                                      Luís Fernando Veríssimo


          Ser um tímido notório é uma contradição. O tímido tem horror a ser notado, quanto mais a ser notório. Se ficou notório por ser tímido, então tem que se explicar. Afinal, que retumbante timidez é essa que atrai tanta atenção? Se ficou notório apesar de ser tímido, talvez estivesse se enganando junto com os outros e sua timidez seja apenas um estratagema para ser notado. Tão secreto que nem ele sabe. E como no paradoxo psicanalítico: só alguém que se acha muito superior procura o analista para tratar um complexo de inferioridade, porque só ele acha que se sentir inferior é doença.
          Todo mundo é tímido, os que parecem mais tímidos são apenas os mais salientes. Defendo a tese de que ninguém é mais tímido do que o extrovertido. O extrovertido faz questão de chamar atenção para sua extroversão, assim ninguém descobre sua timidez. Já no notoriamente tímido a timidez que usa para disfarçar sua extroversão tem o tamanho de um carro alegórico. Daqueles que sempre quebram na concentração.
Segundo minha tese, dentro de cada Elke Maravilha existe um tímido tentando se esconder e dentro de cada tímido existe um exibido gritando "Não me olhem! Não me olhem!", só para chamar a atenção.
          O tímido nunca tem a menor dúvida de que, quando entra numa sala, todas as atenções se voltam para ele e para sua timidez espetacular. Se cochicham, é sobre ele. Se riem, é dele.           Mentalmente, o tímido nunca entra num lugar. Explode no lugar, mesmo que chegue com a maciez estudada de uma noviça. Para o tímido, não apenas todo mundo, mas o próprio destino não pensa em outra coisa, a não ser nele e no que pode fazer para embaraçá-lo.
          O tímido tenta se convencer de que só tem problemas com multidões, mas isto não é vantagem. Para o tímido, duas pessoas são uma multidão. Quando não consegue escapar e se vê diante de uma plateia, o tímido não pensa nos membros da plateia como indivíduos.           Multiplica-os por quatro, pois cada indivíduo tem dois olhos e dois ouvidos. Quatro vias, portanto, para receber suas gafes. Não adianta pedir para a plateia fechar os olhos, ou tapar um olho e um ouvido para cortar o desconforto do tímido pela metade. Nada adianta. O tímido, em suma, é uma pessoa convencida de que é o centro do universo, e que seu vexame ainda será lembrado quando as estrelas virarem pó.

Disponível em: http://ainagaki.sites.uol.com.br/textos/timidez.htm



O autor exemplifica o que seria um "paradoxo psicanalítico". Outro exemplo de paradoxo encontra-se na alternativa, EXCETO:

Alternativas
Comentários
  • Paradoxo

    Leia atentamente os versos a seguir:

    “Amor é fogo que arde sem se ver
    É ferida que dói e não se sente
    É um contentamento descontente
    É dor que desatina sem doer”.
    (Camões)

    Observe que a afirmação sublinhada contraria o consenso, englobando simultaneamente duas idéias opostas. A esse tipo de figura de expressão chamamos paradoxo.

    Há quem confunda paradoxo com antítese. Apesar de serem parecidas, elas se diferenciam por que no paradoxo a oposição se funde num mesmo referente, criando um efeito de contradição:

    “A explosiva descoberta
    Ainda me atordoa.
    Estou cego e vejo.
    Arranco os olhos e vejo”.
    (Carlos Drummond de Andrade)

    Na antítese, o sentido é construído a partir do confronto entre idéias opostas:
    “Queria um apoio, um horizonte limitado, não o mar sem fim”. (Autran Machado)

    Em síntese, paradoxo é a figura de linguagem que consiste em empregar palavras que, mesmo opostas quanto ao sentido se fundem num mesmo enunciado.


    FONTE: http://www.infoescola.com/linguistica/paradoxo/

  • Estou cego e vejo. Arranco os olhos e vejo.

    Se não é paradoxo, é  que?

    Letra A e B achei corretas..

  • PEDE A QUE NÃO É!

  • d) "E fizeste isto durante vinte e três anos até que um dia deste o grande mergulho nas trevas" (Machado de Assis).

     

     

    • Eufemismo: Consiste em suavizar a expressão de uma ideia triste, molesta ou desagradável, substituindo o termo contundente por palavras ou circunlocuções amenas ou polidas.

     

    Machado de Assis usou a expressão “deste o grande mergulho nas trevas” para se referir à morte.