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ID
117826
Banca
FCC
Órgão
TRE-CE
Ano
2002
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A idéia de que o povo é bom e que deve, por conseguinte, ser o titular da soberania política, provém, sem dúvida, de Rousseau. Mas o pensamento do grande filósofo sobre esse ponto era muito mais complexo e profundo do que podem supor alguns de seus ingênuos seguidores.
Do fato de que o homem é sempre bom, e que a sociedade o corrompe, não se seguia logicamente, no pensamento de Rousseau, a conclusão de que as deliberações do povo fossem sempre boas. "Cada um procura o seu bem, mas nem sempre o enxerga. O povo nunca é corrompido, mas é freqüentemente enganado, e é então que ele parece querer o mal" - advertia o filósofo.
É aí que se insere a sua famosa distinção entre vontade geral e vontade de todos. Aquela "só diz respeito ao interesse comum; a outra, ao interesse privado, sendo apenas a soma de vontades particulares". Para Rousseau, nada garantiria que a vontade geral predominasse sempre sobre as vontades particulares. Ao contrário, ele tinha mesmo da vida em sociedade uma visão essencialmente pessimista. Sustentava que os povos são virtuosos apenas na sua infância e juventude. Depois, corrompem-se irremediavelmente.
Não há, pois, maior contra-senso interpretativo do que afirmar que o princípio da soberania absoluta do povo tem origem em Rousseau. Na verdade, ele, que sempre foi um moralista, preocupado antes de tudo com a reforma dos costumes, descria completamente de qualquer remédio jurídico para os males da humanidade.



(Fábio Konder Comparato)

Rousseau considera que há uma vontade geral e uma vontade de todos,

Alternativas
Comentários
  • Aproveitando a oportunidade para comentar sobre os pronomes demonstrativos.

    Em enumerações, usa-se  o pronome demonstrativo "aquele", ou suas variações, quando queremos citar o primeiro item enumerado, isto é, o mais distante, e "este" para o mais próximo:

    Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade são dois dos maiores nomes da literatura brasileira. Este (Carlos Drummond) é conhecido por suas poesias; aquele (Machado de Assis), por seus brilhantes romances."

    Também usa-se aquele quando queremos nos refereir  em um passado remoto:

    "Em 1922 aconteceu a Semana de Arte Moderna; naquela época, havia muitos poetas eminentes."


    Portanto no fragmento:

    É aí que se insere a sua famosa distinção entre vontade geral e vontade de todos. Aquela "só diz respeito ao interesse comum; a outra, ao interesse privado

    "Aquela" está se referindo à "vontade geral".