SóProvas


ID
1190932
Banca
FUNRIO
Órgão
IF-PI
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A questão tomará por base o seguinte texto, que inicia o capítulo XX do romance Palha de Arroz:


  O velho Antônio Batista, mais conhecido por Antônio Cabeça-Branca, tinha para obra de setenta janeiros nos couros. E caminhava para uns quarenta naquela sua profissão de responsos. E a voz do povo era que nunca um trabalho seu mentiu fogo. Fazia coisa de sete cabeças, coisas do arco da velha. Sua fama de responsador corria os quatro cantos da cidade e se alastrava mundo afora. Até de S. Luís do Maranhão, terra de grandes pajés - grandes mestres na arte - vinha gente para ele fazer trabalhos. 

  Maria Piribido não conhecia pessoalmente o velho Antônio Cabeça-Branca. Só de nome. Pela fama. Era agora, porém, chegada a vez. A vez de conhecê-lo de vista. Dava-se que o momento oportuno e necessário batera-lhe à porta. Decerto que iria dar certo. Nunca um outro cristão soube responsar Santo Antônio com tanta perfeição. Nasceu dotado para aquilo. O próprio nome dava certo - Antônio. Um Antônio que responsava Santo Antônio. Cabeça-Branca na certa que significava experiência. Veio ao mundo com aquela sorte, aquele destino, aquele dom. Com a sorte, o destino e o dom de responsar Santo Antônio e encontrar objetos roubados e perdidos. 

  Foi. Falou com ele. 


Contou-lhe tudo. (Fontes Ibiapina: Palha de Arroz. Teresina: Corisco, 2002, p. 128-9)

Ao dizer que, na voz do povo, um trabalho de Antônio Cabeça-Branca “nunca mentiu fogo”, o autor se utiliza de um recurso expressivo que consiste em estabelecer aproximações semânticas. Ou seja, se uma arma é boa quando não falha ou “não mente fogo”, assim também os trabalhos de Antônio são bons, porque nunca falharam. Esse recurso se enquadra nas características de uma figura de linguagem denominada

Alternativas
Comentários
  • Eufemismo é uma figura de linguagem que emprega termos mais agradáveis para suavizar uma expressão. 

    Ele é desprovido de beleza. (Em lugar de feio).


    Metonímia ou transnominação é uma figura de linguagem que consiste no emprego de um termo por outro, dada a relação de semelhança ou a possibilidade de associação entre eles. 
    Comi um pacote de bala inteiro - embalagem pelo conteúdo: comi todas as balas que estavam no pacote.
    Zeugma é uma figura de estilo ou figura de linguagem que consiste na omissão de um ou mais elementos de uma oração, já expressos anteriormente. O zeugma é uma forma de elipse.
    "Ela gosta de história; eu, de física."
    Metáfora: é a palavra ou expressão que produz sentidos figurados por meio de comparações implícitas. Ela pode dar um duplo sentido a frase. Com a ausência de uma conjunção comparativa.
    Amor é fogo que arde sem se ver.

  • Metáfora: é a palavra ou expressão que produz sentidos figurados por meio de comparações implícitas. Ela pode dar um duplo sentido a frase. Com a ausência de uma conjunção comparativa.


    Aqui http://pt.wikipedia.org/wiki/Met%C3%A1fora     vc terá mais informações

  • só consigo visualizar Metonímia!

  • Leandro, metonímia não consiste em aproximação semântica, é utilizar-se de uma palavra em substituição à outra, mas por alguma similaridade que se possa imaginar entre elas, exemplo, pé da cadeira e pé de uma pessoa, (sei lá, ambos são "membros" inferiores e servem como apoio, suporte), é uma similaridade "física", por assim dizer, e não de sentido. A metáfora, por sua vez, trabalha com as comparações de sentidos, aproximações semânticas, uma arma boa que não falha, ou não mente fogo (negar fogo).

  • Uma breve correção no comentário da colega Estela Nunes - ao falarmos em "pé de cadeira" e "pé de mesa", estamos lidando com uma figura de linguagem chamada catacrese, que consiste em uma forma de metáfora em que se usa uma palavra por outra, por não existir outra palavra mais adequada. Na metonímia, por sua vez, existirá uma palavra que tornará a substituição possível. Ex:

    Ele comprou um Aurélio (Aurélio pode ser substituído por dicionário)

  • Galera, onde está o sentido de comparação na frase, que é característica da metáfora?

  • Resposta da banca: letra (c) metáfora.

  • Só vejo metonímia aff !

  • respondi essa como sendo metáfora por falta de opção das outras alternativas, não pq eu ache que seja metáfora. 

    Quando li a questão pensei em catacrese, mas não tinha a opção, senão iria nela e provavelmente iria errar.

  • Metáfora

    A metáfora consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em virtude da circunstância de que o nosso espírito as associa e depreende entre elas certas semelhanças. É importante notar que a metáfora tem um caráter subjetivo e momentâneo; se a metáfora se cristalizar, deixará de ser metáfora e passará a ser catacrese (é o que ocorre, por exemplo, com "pé de alface", "perna da mesa", "braço da cadeira").

    Obs.: toda metáfora é uma espécie de comparação implícita, em que o elemento comparativo não aparece.

    Observe a gradação no processo metafórico abaixo:

    Seus olhos são como luzes brilhantes.

    O exemplo acima mostra uma comparação evidente, através do emprego da palavra como.

    Observe agora:

    Seus olhos são luzes brilhantes.

    Nesse exemplo não há mais uma comparação (note a ausência da partícula comparativa), e sim um símile, ou seja, qualidade do que é semelhante.

    Por fim, no exemplo:

    As luzes brilhantes olhavam-me.

    Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. Essa  é a verdadeira metáfora.

    Observe outros exemplos:

    1) "Meu pensamento é um rio subterrâneo." (Fernando Pessoa)

    Nesse caso, a metáfora é possível na medida em que o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando a fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.).

    2) Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar algum.

    Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na frase acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão que indica uma alma rústica e abandonada (e angustiadamente inútil), há uma comparação subentendida: Minha alma é tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma estrada de terra que leva a lugar algum.

    Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil2.php

  • Apenas para complementar na elucidação de todas as alternativas, vamos ao significado de Aliteração:

    "Aliteração é uma figura de linguagem  que consiste na repetição  dos mesmos fonemas consonantais e era um dos recursos linguísticos mais utilizados pelos poetas simbolistas, como Cruz e Souza.

    Vejamos  um trecho  do  poema Violões que  choram. Repare que há repetição  de um fonema (som), representado  pela letra V.

    Vozes veladas, veludosas vozes,
    Volúpias dos violões, vozes veladas,
    Vagam nos velhos vórtices velozes
    Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.

    Um exemplo   bem conhecido  de aliteração  são  os  chamados “trava-línguas”:

    O rato roeu  a roupa do  rei  de Roma."

    Fonte: http://conversadeportugues.com.br/2011/07/aliteracao/


    Espero ter ajudado. Seja forte, sempre!

    Avante!

  • METÁFORA...

  • Gab C - Concordo com Filopemene, Leandro Dutra e Daniel Nobrega. Só vejo metonímia! Mas, fazer o quê né!

  • É uma PROSOPOPEIA( Atribuição de ações, qualidades ou sentimentos próprios do ser humano a seres inanimados.).

     “nunca mentiu fogo”

    Lembrado que a prosopopeia é uma variação da metáfora, logo GAB:C

  • A metáfora não é tão evidente no texto, mas o próprio enuciado da questão esclarece "..Ou seja, se uma arma é boa quando não falha ou 'não mente fogo', assim também os trabalhos de Antônio são bons, porque nunca falharam.." 

    Alternativa C!

  • Na dúvida chuta Metáfora.