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ID
1196680
Banca
FGV
Órgão
DPE-RJ
Ano
2014
Provas
Disciplina
Economia
Assuntos

Uma das principais medidas do Plano Cruzado foi o (a)

Alternativas
Comentários
  • "O plano cruzado introduziu uma nova moeda, substituindo o cruzeiro pelo cruzado, e definiu regras de conversão de preços e salários de modo que se evitasse efeitos redistributivos, ou seja, buscou promover um “choque neutro” que mantivesse sob o cruzado o mesmo padrão de distribuição de renda do cruzeiro."

  • (a) Errado. Os salário foram congelados, mas não 100%. Havia o gatilho salarial, de modo ques quando a inflação acumulava 20% os salário eram ajustados.

     

    (b) Errado. O câmbio foi congelado a uma taxa de 13,84 cruzados para um dólar, sem maxidesvalorização.

     

    (c) Errado. Os juros reais eram negativos no pano e a política monetária foi frouxa por não considerarem a inflação como de demanda, mas sim como inercial.

     

    (d) Correto. O plano de fato pretendeu dar um "choque neutro" na hora da definição de preços relativos para não haver uma redistribuição na economia.

     

    (e) Errado. Não houve grande esforço fiscal no plano.

     

    Gabarito letra (d).

  • Primeiramente, passamos para a descrição de algumas medidas importantes do Plano Cruzado:


     _ Reforma Monetária e Congelamento: ficou estabelecido o cruzado como o novo padrão monetário nacional, à paridade de Cr$1.000 = Cz$1. A mudança tinha, basicamente, dois propósitos: 1) criar a imagem de uma nova moeda, forte; e 2) permitir a intervenção nos contratos, já que ficava estabelecida uma nova unidade monetária. Os preços de todos os produtos ficavam congelados a partir de 28 de fevereiro, e a taxa de câmbio vigente no dia anterior ao Plano ficou igualmente fixa. Para o controle do congelamento, foi criada a “Tabela da Sunab" (Superintendência Nacional de Abastecimento e Preços), que consistia numa lista de preços a ser respeitada — sob a vigilância da população, designada “fiscal do presidente". As instituições que não respeitassem o tabelamento de preços seriam multadas, através de denúncia pública, como “crime contra a economia popular".


    _ Desindexação da Economia: as Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional — ORTNs (criadas em 1964, no Paeg) foram extintas e substituídas pelas Obrigações do Tesouro Nacional — OTNs, cujos valores ficariam congelados por um ano. Ficava proibida terminantemente a indexação de contratos com prazos inferiores a um ano. Todas as obrigações financeiras continuavam a ser denominadas na velha moeda (cruzeiro), que era desvalorizada diariamente em relação ao cruzado, através de uma Tablita de conversão. O objetivo desta era acabar com o problema da expectativa de inflação embutida nas obrigações  financeiras, evitando transferências de renda entre credores e devedores

    — que seriam especialmente graves em caso de papéis com rendimentos nominais pré-fixados. A Tablita convertia valores em cruzeiros para cruzados a uma taxa de 0,45% ao dia, o que correspondia à média diária da inflação apurada entre dezembro de 1985 e fevereiro de 1986.

    _ Índice de Preços e Cadernetas de Poupança: houve deslocamento do período de apuração do índice de preços ao consumidor IPCA, que passou a ser denominado Índice de Preços ao Consumidor (IPC). O objetivo era eliminar a contaminação do índice pela inflação do mês de fevereiro. As cadernetas de poupança passavam a ter rendimentos trimestrais, e não mensais. Aparentemente, o intuito dessa medida era evitar o fenômeno da ilusão monetária (queda do rendimento nominal e consequente despoupança).


    _ Política Salarial: os salários em cruzados deveriam ser calculados pela média dos últimos seis meses (setembro de 1985 a fevereiro de 1986) em valores correntes. Para fazer a conversão, foi divulgada uma tabela que trazia valores corrigidos a preços de fevereiro. Os salários ficavam oficialmente congelados, podendo os empresários decidir por aumentos caso a caso, através de negociação. Os dissídios passaram a ser anuais, com correção inferior a 100% (de 60%) sobre a variação acumulada do custo de vida. Foi concedido, a título de abono, um aumento de 8% para todos os assalariados e um aumento de 16% para o salário-mínimo. Para evitar que os trabalhadores acumulassem perdas, foi criado ainda o “gatilho salarial", que garantia a correção imediata dos salários sempre que a inflação acumulasse 20%. A ideia era endogeneizar o período de reajuste (escala móvel) de forma a proteger os salários reais médios de qualquer inflação além do nível que aciona o gatilho.


    O reajuste, porém, não poderia exceder 20%, ainda que a variação acumulada do IPC superasse esse percentual, sendo o excedente computado nos reajustes subsequentes.

    Fonte: ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA, de Fabio Giambiagi, André Villela, Lavinia Barros de Castro e Jennifer Hermann.

    De posse dessas informações importantes, analisaremos as alternativas:


    A) Errado. Conversão dos salários com base na média dos seis meses anteriores, e mais um acréscimo de 8% para os salários em geral e de 16% para o salário mínimo.


    B) Errado. As desvalorizações eram diárias.


    C) Errado. A outra suposição dos criadores do Plano era de que a oferta de moeda poderia crescer de forma a acomodar a nova demanda por moeda, sem que isso tivesse quaisquer impactos inflacionários. Logo se tornou claro, porém, que o governo tinha provocado uma expansão exagerada da oferta de moeda. As taxas de juros reais se tornaram negativas e ocorreu um processo de valorização expressiva dos ativos financeiros. Bolsas de valores, ativos reais e o ágio no mercado paralelo de dólar subiram consideravelmente. A redução das taxas de juros estimulou ainda mais a expansão do crédito, levando a um boom de consumo, comuns em quaisquer estabilizações, mas aqui agravados pelos abonos salariais concedidos e pelo próprio temor de que a estabilização fosse passageira. (Fonte: Economia Brasileira, de Antônio Corrêa Lacerda, João Ildebrando Bocchi, José Marcio Rego, Maria Angélica Borges, Rosa Maria Marques.


    D) Certo. Uma das políticas adotadas para evitar os efeitos redistributivos de renda foi o “gatilho salarial".


    E) Errado. Embora algumas medidas de controle fiscal tivessem sido implementadas, como o congelamento da conta-movimento no Banco do Brasil e o aumento da carga tributária sobre as pessoas físicas e transações financeiras. A continuidade de amplos programas de subsídios, o aumento salarial de 8% que beneficiou também o funcionalismo público e o congelamento de muitas tarifas públicas em níveis defasados fragilizaram ainda mais as precárias finanças governamentais e representaram um combustível adicional para o sobreaquecimento da demanda agregada. (Fonte: Economia Brasileira, de Antônio Corrêa Lacerda, João Ildebrando Bocchi, José Marcio Rego, Maria Angélica Borges, Rosa Maria Marques.



    Gabarito: Letra “D".

  • plano Cruzado foi um plano econômico lançado durante o governo de José Sarney. O plano foi criado em 1986 pelo ministro da Fazenda (Dilson Funaro), o Brasil vivia um grande estado de euforia (grandes inflações, eleições, escassez de alguns produtos...). ... - Correção automática do salário para acompanhar a inflação.