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ID
120469
Banca
FCC
Órgão
SERGAS
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Quando auxiliar já é fazer

Há muita senhora que se refere a sua empregada
doméstica como "minha auxiliar". Evita a secura da palavra
"empregada" por lhe parecer pejorativa ou politicamente
incorreta. As mais sofisticadas chegam a se valer de "minha
assistente" ou, ainda, "minha secretária" ? em que ganham, por
tabela, o status de executiva ou diretora de departamento. Mas
fiquemos com "auxiliar", e pensemos: auxiliar exatamente em
qual tarefa? Pois são muitos os casos em que a dona de casa
não faz absolutamente nada, a não ser administrar aquilo em
que sua "auxiliar" está de fato se empenhando: preparando o
almoço, lavando e guardando a louça, limpando a casa, lavando
e passando a roupa de toda a família etc.

É muito comum a situação de alguém pegar no batente,
fazer todo o serviço pesado e ser identificado como "auxiliar", ou
"estagiário", ou "assistente", quando não tachado de "provisório"
ou "experimental". Não se trata de uma implicância com certas
palavras; trata-se de reconhecer a condição injusta de quem faz
o essencial como se cuidasse apenas do acessório. Lembro-me
de que, no meu segundo ano de escola, a professora adoeceu
no meio ano. Durante todo o segundo semestre foi substituída
por uma jovem, que era identificada como "a substituta". "Você
está gostando da substituta?". "Será que a substituta vai dar
muita lição?". Ela dava aulas tão bem ou melhor do que a
primeira professora, mas não era reconhecida como mestra:
estava condenada a ser "a substituta".

Tais situações nos fazem pensar no reconhecimento que
deixa de ser prestado a quem mais fez por merecer. Quando o
freguês satisfeito elogia o proprietário de um restaurante pela
ótima refeição, não estará se esquecendo de alguém? Valeume,
a propósito, a lição de um amigo, quando, depois de um
almoço num restaurante, comentei: "Boa cozinha!". Ao que ele
retrucou: "Bom cozinheiro!". E será que esse cozinheiro tinha
um bom "auxiliar"?

(Manuel Praxedes de Sá, inédito)

No 1º parágrafo, ao se referir às diferentes designações de que se vale muita senhora para se referir à empregada doméstica, o autor mostra que

Alternativas
Comentários
  • Auxiliar e assistente indicam alguém q cuida de atividades menores enquanto outra pessoa faz o principal. Considerando o texto, tratam-se portanto de eufemismos para evitar designar as empregadas pelo q realmente são: as responsáveis pelo trabalho doméstico braçal q as patroas não querem ou não podem fazer. O efeito colateral desse "embelezamento" da nomenclatura do cargo é a incompreensão de sua função efetiva. De empregada, aquela q cuida do serviço doméstico pesado e principal, passa a auxiliar, q trata de atividades menores e menos importantes. Ou seja, a exata situação descrita na alternativa B: os termos não indicam com exatidão as funções desempenhadas.