Questão totalmente errada, mal-feita.
Houve, sim, no Plano Cruzado, congelamento de salários. O PC trouxe congelamento de preços, salários e câmbio. O fato de ter havido um reajuste prévio nos salários e de ter sido previsto um mecanismo de gatilho salarial não significa que não houve congelamento de salários. O desalinhamento entre preços e salários ocorreu justamente porque o primeiro foi congelado em valores correntes e o segundo foi congelado após um reajuste.
Preços. Os preços foram congelados em valores correntes, ou seja, os valores que estavam sendo praticados no dia anterior ao congelamento. O governo convoca a população a se tornar fiscal do Sarney e ligar para a Sunab (Superintendência Nacional de Abastecimento) para denunciar reajustes ilegais de preços. Todos os estabelecimentos foram obrigados a fixar o telefone de Sunab.
Tarifas públicas. O governo tentou manter as tarifas públicas congeladas pelo maior tempo possível, pelo menos até as próximas eleições (nov-1986). Com efeito, os reajustes das tarifas públicas só foram autorizados após o PMDB ganhar a maior parte dos governos estaduais nas eleições em 1986.
Salários. Diferentemente dos preços, os salários não foram congelados em valores correntes. Os salários foram congelados com um reajuste que considerava a média, em termos reais, dos últimos seis meses anteriores ao plano. Os salários só voltariam a ser corrigidos em duas situações: 1) após um ano; 2) se fosse disparado o gatilho salarial. O gatilho salarial implicava que, caso a inflação acumulada chegasse a 20%, os salários seriam corrigidos imediatamente. O objetivo dessa política salarial era angariar o apoio popular. O governo acreditava que o plano só teria sucesso se as pessoas fiscalizassem o congelamento; e elas só fiscalizariam o congelamento se elas acreditassem no plano. A política salarial incluiu ainda um aumento prévio, anterior ao congelamento, de 16% no salário mínimo. É também oferecido um abono (complemento provisório de salário) de 8% aos funcionários públicos.