Ao tratar acerca da constituição do ser, diferentes termos emergem, como por
exemplo, identidade, pessoalidade, personalidade, para citar alguns. Deste modo, utilizar-se-á
nesta oportunidade, a terminologia “subjetividade” para referir-se à formação da psique do
sujeito, de sua constituição. Compreende-se subjetividade como um
[...] sistema complexo produzido de forma simultânea no nível social e
individual (...) não associada somente às experiências atuais de um sujeito ou
instância social, mas a forma em que uma experiência atual adquire sentido e
significação dentro da constituição subjetiva da história do agente de
significação, que pode ser tanto social quanto individual (GONZÁLEZ-
REY, 2003, p. 202).
Para abordar a presente temática, partir-se-á dos pressupostos vygotskyanos, visto que
a subjetividade é aqui entendida como a “[...] representação da psique como um sistema
complexo e em constante desenvolvimento” (GONZÁLEZ-REY, 2003, p. 223) e este enfoque
teórico permite sustentar tal concepção. O termo “subjetividade” aparece poucas vezes na
obra de Vygotsky, entretanto, outros autores propuseram-se a discuti-lo a luz dos estudos
vygotskyanos.
O advento da psicologia histórico-cultural, por meio de escritos de Vygotsky (1984;
1987), trouxe uma nova maneira de se entender a constituição do ser, no qual o social passa a
ser valorizado. Acredita-se, assim, que o ambiente de inserção do sujeito atua como
influenciador direto no processo de desenvolvimento; no entanto, não raramente, depara-se
com a desvalorização das características inerentes ao ser, o aspecto intrapsíquico.
Acredita-se que o ser é constituído a partir da interrelação dos aspectos biológico e
ambiental, na qual os fatores social, histórico e cultural têm um papel essencial na formação
do sujeito, mas não se desvinculando do aspecto biológico. Infere-se que tanto o fator interno
quanto externo está presente, cada qual com suas especificidades, em uma relação
complementar.