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ID
125758
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
ABIN
Ano
2008
Provas
Disciplina
Atualidades
Assuntos

A Bolívia radicalizou a tese da volubilidade do
Estado nacional até o início do século XXI, afastando-se ela
mesma da média de recomposição institucional dos demais
países da América do Sul. Os fatos bolivianos que assustam
o brasileiro médio nesses dias e as preocupações naturais
ante a iminência do corte de suprimento de gás ou dos riscos
de uma guerra civil na fronteira porosa, seca e imensa que o
Brasil compartilha com aquele país expõem as dificuldades
que permanecem para a formação de instituições do Estado
moderno de direito do outro lado da fronteira.

José Flávio Sombra Saraiva. Duas nações e um Estado imperfeito.
In: Correio Braziliense, 13/9/2008, p. 23 (com adaptações).

Tomando o texto acima como referência inicial, julgue os
itens de 26 a 30, relativos à instabilidade política na Bolívia,
suas raízes históricas e seus desdobramentos recentes, bem
como suas conseqüências para o processo de integração em
curso na América do Sul.

A Bolívia, apesar de isolada no contexto sul-americano, vem buscando desenvolver um sistema de alianças extracontinentais seguras com parceiros internacionais confiáveis e apreciados por todas as lideranças políticas da UNASUL.

Alternativas
Comentários
  • Incorreta alternativa, visto que a Unasul é referente a um continente somente.
    O que é
    : A Unasul (União das Nações Sul-Americanas) é uma comunidade formada por doze países sul-americanos. Fazem parte da Unasul os seguintes países: Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Chile, Guiana, Suriname e Venezuela.

    História: Em 8 de dezembro de 2004, na cidade de Cusco (Peru) foi realizada a 3ª Reunião de Presidentes da América do Sul. Nesta ocasião, foi redigido um documento (Declaração de Cuzco) que criou as bases para a Unasul. O projeto criado nesta oportunidade ganhou o nome de Casa (Comunidade Sul-Americana de Nações). Em 2007, durante a 1ª Reunião Energética da América do Sul (realizada na Venezuela), o nome foi modificado para Unasul.

    Objetivos: O objetivo principal da Unasul é propiciar a integração entre os países da América do Sul. Esta integração ocorrerá nas áreas econômica, social e política. Dentro deste objetivo, espera-se uma coordenação e cooperação maior nos segmentos de educação, cultura, infra-estrutura, energia, ciências e finanças. 

    Fonte: http://www.suapesquisa.com/geografia/unasul.htm

  • Errado

    A Bolívia,  NÃO vem buscando desenvolver um sistema de alianças extracontinentais seguras com parceiros internacionais confiáveis e apreciados por todas as lideranças políticas da UNASUL.

    Um exemplo disso é que a Bolívia tem como principal parceiro a Venezuela de Hugo Chaves, que é desafeto de Álvaro Uribe da Colômbia (uma das lideranças políticas da UNASUL).

  • PROFESSORES: RICARDO VALE E VIRGINIA GUIMARÃES - pontodosconcursos:

    COMENTÁRIOS:
    Na Bolívia, o governo de Evo Morales tem como marca registrada uma retórica nacionalista, que tem como idéia-força a defesa da soberania nacional. Seguindo essa linha de pensamento, várias empresas bolivianas foram estatizadas. Destaca-se entre elas a controversa estatização de refinarias da Petrobrás localizadas em território boliviano. A decisão de nacionalizar a exploração de hidrocarbonetos é algo que está relacionado à pressão sofrida por movimentos populares que foram responsáveis pela eleição de Evo Morales.
    Apesar de esse episódio ter gerado um estremecimento nas relações entre esses dois países, o governo boliviano estuda o desenvolvimento de projetos conjuntos, aproveitando a experiência da Eletrobrás. Dentro da meta de dar eletricidade a todos os bolivianos, o governo desse país entende como estratégica a integração energética com o Brasil e não descarta, inclusive, a venda de energia excedente para o mercado brasileiro. A Bolívia possui um potencial de produção estimado em 40 gigawatts (GW), do qual apenas 1% está sendo utilizado atualmente, levando o governo boliviano a desenvolver uma intensa série de projetos de centrais hidrelétricas.
    A essa altura vocês devem estar se perguntando, mas o que isso tem a ver com o Brasil? Tem que parte dessas centrais está localizada próximo
    à fronteira com o Brasil, fazendo deste país o seu mercado natural. Assim, as embaixadas dos dois países já iniciaram conversações sobre a possibilidade de realização de projetos conjuntos com a Eletrobrás. Isso porque é reconhecida pelo governo boliviano a importância da experiência dessa empresa para o auxilio na reestruturação da Empresa Nacional de Eletricidade da Bolívia(Ende).
    Atualmente, o Brasil importa 24 milhões de metros cúbicos de gás natural boliviano, o que corresponde a quase 50% de todo o gás produzido naquele país. Esses dados nos permitem afirmar que a Bolívia é, portanto, fortemente dependente da exportação de gás natural, que tem no Brasil seu principal mercado consumidor. Isso porque, apesar de também fazer fronteira com a Argentina, este país é auto-suficiente no suprimento de gás natural, ou seja, não precisa do gás boliviano.
  • Vocês devem estar lembrados, mesmo que vagamente, de uma crise entre o Brasil e a Bolívia no ano de 2006, não é mesmo? Aquela crise ocorreu quando o presidente decretou a nacionalização das empresas privatizadas e das companhias que ganharam concessões para explorar blocos. Dentre essas empresas estava a Petrobras com, pelo menos, 35% de participação nos dois principais campos de gás do país, San Alberto e San Antonio.
    Essa nacionalização dos campos de petróleo e gás natural e das refinarias, decretada pelo presidente Evo Morales, se transformou num marco na história política do país. A Bolívia é o país mais pobre da América do Sul, apesar de suas ricas reservas naturais, que estão estimadas em quase 1,5 trilhões de metros cúbicos de gás.
    Apesar disso, a medida foi temporariamente suspensa, já que um eventual rompimento entre o Brasil e Bolívia, traria incontáveis prejuízos a esse país, que teria como opções de grandes consumidores apenas o Chile e os EUA. Entretanto, ambas as possibilidades apareciam como econômica e
    politicamente inviáveis para o país, afinal, como seria levado o gás boliviano até os EUA? Uma coisa é construir um gasoduto com o seu vizinho, outra é ter que levar esse gás pro lado oposto do continente, não é mesmo? Enfim, ao que tudo indica, a nacionalização do gás foi uma medida encontrada pelo governo de aumentar sua participação na receita das empresas estrangeiras que exploravam o produto de maneira pouco regulada no país. Assim, a Petrobras acabou aceitando as novas regras, que diminuíram, drasticamente, o lucro das multinacionais.
    O Brasil sentiu o baque da nacionalização porque era (e ainda é) dependente do gás boliviano, mas, por outro lado, também somos a principal fonte de riqueza da Bolívia, já que somos o principal comprador do combustível. Uma alta no preço do gás e a ameaça de desabastecimento impulsionou o governo brasileiro a buscar outras fontes de energia. Deste modo, após as descobertas do pré-sal, a expectativa existente é de que as compras de gás boliviano, no futuro, sejam cada vez menores, apesar de, atualmente, a situação já estar controlada.
  • Outro ponto fundamental quando se pensa na relação entre Brasil e Bolívia é o tamanho da fronteira existente entre esses dois países, que interfere tanto positiva quanto negativamente. Um dos fatores positivos de termos fronteira tão extensa com este país nós acabamos de ver, quando abordamos
    a questão da energia. Entretanto, é também essa região considerada uma das mais importantes portas de entrada de drogas para o Brasil, exigindo um
    trabalho permanente de desarticulação do crime organizado.
    Do mesmo modo, a exploração irregular de ouro é outro problema que atinge a fronteira entre estes dois países. Por isso, militares da Bolívia patrulham rios navegáveis na Amazônia boliviana e mobilizam homens na fronteira com o Brasil numa tentativa de ajustar a exploração ilegal de ouro. É justamente por não haver uma forte fiscalização dos Estados (Brasil e Bolívia) que as atividades ilegais de mineiros bolivianos e brasileiros são tão comuns.
    Politicamente, podemos dizer que o atual governo boliviano, embora tenha o apoio de alguns setores da sociedade, também sofre de grande oposição interna. Essa oposição vem principalmente dos governadores dos Departamentos (estados) mais ricos do país que não reconhecem a Constituição de 2007, votada sem sua participação. Em janeiro de 2009, diante de pressões oposicionistas, essa Constituição foi alterada e aprovada em referendo pela população. Apesar disso, ainda hoje persiste grande controvérsia política entre oposição e governistas na Bolívia.
    Quanto à política exterior boliviana, esta tem como foco principal o regionalismo, de forma que não podemos dizer que esse país tem buscado desenvolver alianças extracontinentais seguras. Dessa forma, a Bolívia não está isolada no contexto sul-americano, participando de organizações
    internacionais regionais, como, por exemplo, a UNASUL. Questão errada!