SóProvas


ID
1284436
Banca
FGV
Órgão
AL-BA
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                     Não éramos cordiais? 


     A morte do cinegrafista Santiago Andrade não configura um atentado à liberdade de imprensa, ao contrário do que tantos apregoam.
     É muito pior que isso: é um atentado ao convívio civilizado entre brasileiros, um degrau a mais na escalada impressionante de violência que está empurrando o país para um teor ainda mais exacerbado de barbárie.
     O incidente com o cinegrafista é parte de uma coreografia de violência crescente que se dá por onde quer que se olhe.
     Nunca se matou com tanta facilidade em assaltos. Nunca se apertou o gatilho com tanta facilidade. É até curioso que as estatísticas policiais no Estado de São Paulo apontem uma redução no número de homicídios dolosos, como se fosse um avanço, quando aumenta o número de vítimas de latrocínio, que não passa de homicídio precedido de roubo.
     De fato, em 2013, o número de latrocínios (379) foi o mais alto em nove anos, com aumento de 10% em relação aos 344 casos do ano anterior.
     Mas a violência não é um fenômeno restrito à criminalidade. A polícia age muitas vezes com uma violência desproporcional.
     A vida nas cidades e, cada vez mais, no interior, é de uma violência inacreditável. O trânsito é uma violência contra a mente  humana. O transporte público violenta dia após dia. Não é um atentado aos direitos humanos perder às vezes três horas entre ir e voltar do trabalho?
     A saúde é uma violência contra o usuário. A educação violenta, pela sua baixa qualidade, o natural anseio de ascensão social.
     A existência de moradias em zonas de risco é outra violência.
     A contaminação do ar mata ou fere de maneira invisível os habitantes das cidades em que o nível de poluição supera o mínimo tolerável.
     Não adianta, agora, culpar o governo do PT ou a suposta herança maldita legada pelo PSDB, ou os crimes praticados pela ditadura militar ou a turbulência que precedeu o golpe de 1964. O país foi sendo construído de maneira torta, irresponsável, sem o mais leve sinal de planejamento, de preparação para o futuro.
     Acumularam-se violências em todas as áreas de vida. A explosão no consumo de drogas exacerbou, por sua vez, a violência da criminalidade comum. Não há “coitadinhos” nessa história. Há delinquentes e vítimas e há a incompetência do poder público.
     É como escreveu, para Carta Capital, esse impecável humanista chamado Luiz Gonzaga Belluzzo:
    “O descumprimento do dever de punir pelo ente público termina por solapar a solidariedade que cimenta a vida civilizada, lançando a sociedade no desamparo e na violência sem quartel”.
     Antes que o desamparo e a violência sem quartel se tornem  completamente descontrolados, seria desejável o surgimento de  lideranças capazes de pensar na coisa pública, em vez de se  dedicarem a seus interesses pessoais, mesmo os legítimos.
     Alguém precisa aparecer com um projeto de país, em vez de projetos de poder. Não é por acaso que 60% dos brasileiros querem mudanças, ainda que não as definam claramente. A encruzilhada agora é entre ideias e rojões.
                                         (Clovis Rossi, Folha de São Paulo, 13/02/2014)

É até curioso que as estatísticas policiais no Estado de São Paulo apontem uma redução no número de homicídios dolosos, como se fosse um avanço, quando aumenta o número de vítimas de latrocínio, que não passa de homicídio precedido de roubo”. 

 Nesse fragmento do texto, o autor exemplifica um caso de

Alternativas
Comentários
  • Gab. A, O autor da ênfase ao modo como que as estatísticas são apresentadas.

  • É até curioso que as estatísticas policiais no Estado de São Paulo apontem uma redução no número de homicídios dolosos, como se fosse um avanço, quando aumenta o número de vítimas de latrocínio, que não passa de homicídio precedido de roubo”. 

    Estatística, de fato, enganosa

  • Questionável o gabarito.... as estatísticas seriam enganosas se apresentassem dados falsos... elas estão corretas apenas interpretadas de forma a favorecer uma redução ilusória da violência.

  • A FGV é uma vergonha!


  • A estatística não é enganosa porque fez referência a homicídios dolosos e o autor refere-se a latrocínios.

    Essa FGV está perdendo a credibilidade!!

  • Concordo totalmente com a Bruna Paz. 

  • A questão é de português, não de direito. Lembrem-se disso quando forem resolver questões da matéria.

  • Como de costume duas alternativas possíveis de serem marcadas (a) e (e). Afirmar que (a) é correta significa dizer que (e) está errada, ou seja, o autor no comentário dele não quis dizer que há um avanço da violência em SP. É isso mesmo, FGV?

  • Pessoal!

    Interpretação de texto da FGV requer técnica direcionada para isso, no youtube ha inumeros professores que mostram o mapa da mina,

    não adianta malhar a banca, o melhor a se fazer é aprender essas técnicas.

     

  • caralho, a estatística não é enganosa; enganosa é a atitude do governo em divulgar um dado e não divulgar o outro. Falar que a estatística é eganosa é afirmar que é mentira que o número de homicídios dolosos caiu, o que não está escrito no texto. Além do mais, a FGV considerou errado afirmar que ocorreu aumento da violência no Estado de Sp; UAI, MAS O AUTOR NÃO USOU O DADO DO LATROCÍNIO JUSTAMENTE PRA AFIRMAR O CONTRÁRIO? VTNC FGV e esses concurseiros que colocam bancas em um pedestal e ignoram quando erram. poupem-nos

  • FGV – Ferrar Geral Vulgarmente (!!!!)


    Acho que a pegadinha está em:

    “...o autor exemplifica um caso de”

    A – estatística enganosa


    Porque no fragmento do texto tem “É até curioso” e “como se fosse um avanço”

    O autor está interpretando dessa forma. Pra ele, a estatística é sim enganosa.

    Nós não sabemos se a estatística é verídica, ou mesmo se a polícia divulgou dessa ou daquela forma. O que temos é a opinião do autor do texto e ele não usou essas estatísticas para dizer somente que a violência está aumentando em SP. Ele ironizou.


    Pior que eu errei a questão.

  • GABARITO A

     

    A interpretação que se extrai do texto é a de que autor considera uma estatística enganosa fazendo referência ao número de mortes decorrentes de roubo (latrocínio) e que não estão inseridas na estatística dos homicídios, por ser o latrocínio um crime contra o patrimônio e não contra à vida. 

  • Alternativa correta letra A, pois considera uma opinião do autor, sem levar em conta formais jurídicos, “homicidio doloso não passa de homicidio precedido de morte”.