SóProvas


ID
1284460
Banca
FGV
Órgão
AL-BA
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                     Não éramos cordiais? 


     A morte do cinegrafista Santiago Andrade não configura um atentado à liberdade de imprensa, ao contrário do que tantos apregoam.
     É muito pior que isso: é um atentado ao convívio civilizado entre brasileiros, um degrau a mais na escalada impressionante de violência que está empurrando o país para um teor ainda mais exacerbado de barbárie.
     O incidente com o cinegrafista é parte de uma coreografia de violência crescente que se dá por onde quer que se olhe.
     Nunca se matou com tanta facilidade em assaltos. Nunca se apertou o gatilho com tanta facilidade. É até curioso que as estatísticas policiais no Estado de São Paulo apontem uma redução no número de homicídios dolosos, como se fosse um avanço, quando aumenta o número de vítimas de latrocínio, que não passa de homicídio precedido de roubo.
     De fato, em 2013, o número de latrocínios (379) foi o mais alto em nove anos, com aumento de 10% em relação aos 344 casos do ano anterior.
     Mas a violência não é um fenômeno restrito à criminalidade. A polícia age muitas vezes com uma violência desproporcional.
     A vida nas cidades e, cada vez mais, no interior, é de uma violência inacreditável. O trânsito é uma violência contra a mente  humana. O transporte público violenta dia após dia. Não é um atentado aos direitos humanos perder às vezes três horas entre ir e voltar do trabalho?
     A saúde é uma violência contra o usuário. A educação violenta, pela sua baixa qualidade, o natural anseio de ascensão social.
     A existência de moradias em zonas de risco é outra violência.
     A contaminação do ar mata ou fere de maneira invisível os habitantes das cidades em que o nível de poluição supera o mínimo tolerável.
     Não adianta, agora, culpar o governo do PT ou a suposta herança maldita legada pelo PSDB, ou os crimes praticados pela ditadura militar ou a turbulência que precedeu o golpe de 1964. O país foi sendo construído de maneira torta, irresponsável, sem o mais leve sinal de planejamento, de preparação para o futuro.
     Acumularam-se violências em todas as áreas de vida. A explosão no consumo de drogas exacerbou, por sua vez, a violência da criminalidade comum. Não há “coitadinhos” nessa história. Há delinquentes e vítimas e há a incompetência do poder público.
     É como escreveu, para Carta Capital, esse impecável humanista chamado Luiz Gonzaga Belluzzo:
    “O descumprimento do dever de punir pelo ente público termina por solapar a solidariedade que cimenta a vida civilizada, lançando a sociedade no desamparo e na violência sem quartel”.
     Antes que o desamparo e a violência sem quartel se tornem  completamente descontrolados, seria desejável o surgimento de  lideranças capazes de pensar na coisa pública, em vez de se  dedicarem a seus interesses pessoais, mesmo os legítimos.
     Alguém precisa aparecer com um projeto de país, em vez de projetos de poder. Não é por acaso que 60% dos brasileiros querem mudanças, ainda que não as definam claramente. A encruzilhada agora é entre ideias e rojões.
                                         (Clovis Rossi, Folha de São Paulo, 13/02/2014)

“É como escreveu, para Carta Capital, esse impecável humanista chamado Luiz Gonzaga Belluzzo”.
Nesse segmento de texto, o autor valorizou as declarações de Belluzzo por meio do fornecimento de um conjunto de informações, à exceção de um. Assinale-o.

Alternativas
Comentários
  • questões de português FGV socorro né.  alguém esclarece?

  • Explicação do professor, por favor.

  • Minha professora particular sugeriu sublinhar os pontos essenciais da pergunta: (nesse segmento); (autor valorizou) e ( Belluzzo).  Sem esquecer de chamar atenção de ser a EXCEÇÃO.

  • Acho que temos de ir por partes:

    a-) O texto citado ter sido escrito numa revista. - Sim, a Carta Capital é uma revista.
    b) O pensamento ter sido publicado numa revista de prestígio. - tem prestígio do mundo econômico.
    c) O autor do pensamento ser designado como “humanista”. -  consta no texto ( É como escreveu, para Carta Capital, esse impecável humanista chamado Luiz Gonzaga Belluzzo)
    d) O humanista citado ter sido qualificado de “impecável”. - consta impecável no texto.
    e-) e) O texto citado ser de amplo conhecimento público. - ERRADO. Nem todo mundo lê a carta capital, então não é de amplo conhecimento público.



  • Carta Capital é uma revista de prestígio? Haja coração amigo.

  • Gabarito: "E"

    Questão relativamente fácil, vejamos:


    O autor valorizou as declarações de Belluzzo por meio do fornecimento de um conjunto de informações, e todas elas estão ali no segmento do texto mesmo.


     Diz ele (o autor), que a declaração foi feita para uma revista ----------> Ok, está na alternativa "A"


    O pensamento foi publicado numa revista de prestígio-------------------> Ok, perfeito, a revista Carta Capital é de fato uma revista de prestígio, e isso está na alternativa "B"


    Obs:  o fato de aqueles que leem Veja, Isto é ou Época, não considerarem a Carta Capital uma revista de prestígio não vem ao caso, pois são revistas que defendem posições ideológicas antagônicas; leitores de Carta Capital também não consideram aquelas revistas como detentoras de prestígio.


    O autor do pensamento foi designado como "humanista"---------------> Ok, muito obvio, está na alternativa "C"


    O humanista citado foi qualificado como "impecável"--------------------> Ok, muito obvio também, está na alternativa "D"


    Em nenhum momento o autor faz referência quanto ao grau de conhecimento público daquela declaração de Belluzzo, portanto, esse é o gabarito, já que a questão pede a EXCEÇÃO.

  • Acho muito subjetivo falar que a revista é de prestígio. Só por citar a revista todo mundo é obrigado a conhecer? Eu mesma nunca tinha ouvido falar, como eu posso afirmar como certo que é uma revista de prestígio?

  • Que grande valor tem um texto escrito em revista... a Playboy é cheia deles e nenhuma vale absolutamente nada.

  • QUE REVISTA É ESSA ??????

  • Que questão ridícula... 

  • Particularmente vejo diferença semântica nas preposições 'numa' e 'para'

     

    Assertiva A: Texto escrito NUMA revista => Noção espacial, transmite a ideia de que o trabalho foi realizado nas dependências da revista, em sua sala de trabalho.

     

    Enunciado : Texto escrito PARA revista Carta Capital, para os seus leitores => Pra mim uma ideia de finalidade.

     

    Acabei assinalando "A" porque, pra mim, não há como afirmar que o texto foi escrito NUMA revista.

  • Gab: E

    Uma das coisas que aprendi na FGV é que, quando a questão generaliza, ela está errada;

    Em todas as questões sempre tem duas parecidas, não pode ser elas, pois se uma estiver certa, a outra também estará;

    Muitas questões de interpretação dar para fazer por eliminação.