O verbo no infinito
Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar
Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.
E crescer, e saber, e ser, e haver
E se perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito
E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...
(Vinicius de Moraes. Livro de Sonetos, 2. Ed. Rio
de Janeiro, Sabiá, 1967)
Ao concluir o poema com o verso E ir conjugar o verbo no infinito..., o poeta indica que
I. o destino do ser humano é conjugar verbos como faz o poeta.
II. algo do ser humano permanece sempre, mesmo após a morte.
III. a conclusão do processo apresentado no poema é a eternidade.
IV. do homem, restam apenas as lembranças e o verbo no infinito.
Está correto o que se afirma APENAS em