SóProvas


ID
1309027
Banca
FGV
Órgão
SUSAM
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                           Cafezinho

   Leio a reclamação de um repórter irritado que precisava falar com um delegado e lhe disseram que o homem havia ido tomar um cafezinho. Ele esperou longamente, e chegou à conclusão de que o funcionário passou o dia inteiro tomando café.

   Tinha razão o rapaz de ficar zangado. Mas com um pouco de imaginação e bom humor podemos pensar que uma das delícias do gênio carioca é exatamente esta frase:

   — Ele foi tomar café.

   A vida é triste e complicada. Diariamente é preciso falar com um número excessivo de pessoas. O remédio é ir tomar um "cafezinho". Para quem espera nervosamente, esse "cafezinho" é qualquer coisa infinita e torturante. Depois de esperar duas ou três horas dá vontade de dizer:

   — Bem, cavalheiro, eu me retiro. Naturalmente o Sr. Bonifácio morreu afogado no cafezinho.

   Ah, sim, mergulhemos de corpo e alma no cafezinho. Sim, deixemos em todos os lugares este recado simples e vago:

   — Ele saiu para tomar um café e disse que volta já.

   Quando a Bem-amada vier com seus olhos tristes e perguntar:  

   — Ele está? - alguém dará o nosso recado sem endereço. Quando vier o amigo e quando vier o credor, e quando vier o parente, e quando vier a tristeza, e quando a morte vier, o recado será o mesmo:

   — Ele disse que ia tomar um cafezinho...

   Podemos, ainda, deixar o chapéu. Devemos até comprar um chapéu especialmente para deixá-lo. Assim dirão:

   — Ele foi tomar um café. Com certeza volta logo. O chapéu
dele está aí...

   Ah! fujamos assim, sem drama, sem tristeza, fujamos assim. A vida é complicada demais. Gastamos muito pensamento, muito sentimento, muita palavra. O melhor é não estar.


    Quando vier a grande hora de nosso destino nós teremos saído há uns cinco minutos para tomar um café. Vamos, vamos tomar um cafezinho.

                                                                                                                                      (Rubem Braga)

Pelo primeiro parágrafo ficamos sabendo que essa crônica originou-se de

Alternativas
Comentários
  • Por que não pode ser a alternativa c? Questão sem-vergonha!


  • Respondendo ao colega Vitor Santos:

    Nenhum argumento teria alicerce suficiente para provar que "uma informação foi passada ao autor", em momento algum o texto mostra isso, porém, dentre as alternativas postas é possível extrair que o autor "fez uma leitura de um texto qualquer".
  • Leio a reclamação de um repórter...

    Se é uma reclamação não é um texto qualquer. É uma reclamação, um texto determinado.

    Estranha esta questão... Muito estranha!

  • A dúvida da Sônia faz-me voltar à questão:

    O que se quer saber é de onde originou-se a crônica. Olhando as estatísticas percebi que quem errou a questão acredita piamente que "uma informação foi passada ao autor", daí a sua origem. A colega, Sônia, argumenta, inclusive, que "se é uma reclamação não é um texto qualquer...é determinado". Ora, para que essa crônica não houvesse nascido da leitura de um texto qualquer, o seu autor teria, necessariamente, que dar maiores explicações; por exemplo, dizer porque esse texto lhe chegou às mãos, que posição ocupa para que lhe fosse direcionado, seria ele o líder de alguma associação, o presidente de algum sindicato da categoria, faria parte do conselho de ética do órgão no qual o delegado trabalhava? Ninguém recebe uma reclamação dessas sem "mais-nem-menos". Coubesse o cronista, entre outras possibilidades, dentro de algum dos exemplos supracitados, aí sim, o texto seria determinado.

     A forma, portanto, como a crônica é iniciada deixa claro que o seu nascedouro foi a leitura de um texto qualquer, independentemente do seu objeto. Insisto, o texto poderia tratar de qualquer assunto; a especificidade e determinação existiriam se houvesse elo entre texto e autor.

  • Essa FGV brinca com a gente. As respostas não tem fundamento e quem acerta fica mirabolando justificativas, afff 

  • É... como muitos já salientaram aqui, difícil fazer uma prova em que é necessário ficar filosofando para acertar a questao que por diversas vezes é preciso recorrer ao auxílio da sorte!


    Apesar de ter acertado a questao que foi um raciocínio "lógico" dentro da pespectiva da questao, mas que de lógico nao tem nada, nada explica ou informa que se possa inferir que o autor criou a cronica de um texto qualquer. Penso que até seja o contrário, pois expressamente se vê que o autor ler "uma reclamaçao de um repórter irritado..." transparecendo que ele leralgo específico e nao um texto qualquer.


    Sei lá! 


    Deus nos ajude! :)

  • "Leio a reclamação de um repórter irritado". Não diz onde ele leu, logo, chega-se a conclusão que a informação saiu de um texto qualquer.

  • GAB.: B - SEM RESENHA!