SóProvas


ID
1309036
Banca
FGV
Órgão
SUSAM
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                           Cafezinho

   Leio a reclamação de um repórter irritado que precisava falar com um delegado e lhe disseram que o homem havia ido tomar um cafezinho. Ele esperou longamente, e chegou à conclusão de que o funcionário passou o dia inteiro tomando café.

   Tinha razão o rapaz de ficar zangado. Mas com um pouco de imaginação e bom humor podemos pensar que uma das delícias do gênio carioca é exatamente esta frase:

   — Ele foi tomar café.

   A vida é triste e complicada. Diariamente é preciso falar com um número excessivo de pessoas. O remédio é ir tomar um "cafezinho". Para quem espera nervosamente, esse "cafezinho" é qualquer coisa infinita e torturante. Depois de esperar duas ou três horas dá vontade de dizer:

   — Bem, cavalheiro, eu me retiro. Naturalmente o Sr. Bonifácio morreu afogado no cafezinho.

   Ah, sim, mergulhemos de corpo e alma no cafezinho. Sim, deixemos em todos os lugares este recado simples e vago:

   — Ele saiu para tomar um café e disse que volta já.

   Quando a Bem-amada vier com seus olhos tristes e perguntar:  

   — Ele está? - alguém dará o nosso recado sem endereço. Quando vier o amigo e quando vier o credor, e quando vier o parente, e quando vier a tristeza, e quando a morte vier, o recado será o mesmo:

   — Ele disse que ia tomar um cafezinho...

   Podemos, ainda, deixar o chapéu. Devemos até comprar um chapéu especialmente para deixá-lo. Assim dirão:

   — Ele foi tomar um café. Com certeza volta logo. O chapéu
dele está aí...

   Ah! fujamos assim, sem drama, sem tristeza, fujamos assim. A vida é complicada demais. Gastamos muito pensamento, muito sentimento, muita palavra. O melhor é não estar.


    Quando vier a grande hora de nosso destino nós teremos saído há uns cinco minutos para tomar um café. Vamos, vamos tomar um cafezinho.

                                                                                                                                      (Rubem Braga)

"Leio a reclamação de um repórter irritado que precisava falar com um delegado e lhe disseram que o homem havia ido tomar um cafezinho. Ele esperou longamente, e chegou à conclusão de que o funcionário passou o dia inteiro tomando café".

A conclusão a que chegou o repórter deve ser considerada

Alternativas
Comentários
  • Realmente a conclusão é falsa. É o repórter querendo enganar-se. Rsrs (Quem consegue tomar café o dia inteiro?)

  • só JESUS com essa banca


  • Essa FGV, ou melhor, o cara que formula as questões merece um câncer, e na próstata pelos requintes de crueldade com que as questões são formuladas.

  • Mais estudos e menos reclamações.

    Força, fé e foco!

  • Pelo silogismo, a conclusão restaria correta, todavia pela experiência de vida, principalmente do carioca, conforme o texto cita, restaria falsa. O problema é saber sob qual ponto de vista a banca queria..

  • A interpretação deve ser literal então, né?

    Ridícula essa banca.
  • Ok... tem umas questões que dão revolta, mas a FGV faz interpretação de crônicas e textos do gênero que trabalham com ironia, metáfora... Isso exige mais atenção, pois, se reparar bem a banca é objetiva. Sabemos que ninguém toma café o dia todo como o repórter deu a entender. Sua conclusão foi debochada, típica de quem está com raiva, portanto, não pode ser verdadeira. Não é possível crer que seja! A a, b e c estão corretas porque tudo o que elas dizem está no texto, a gente entende quando o lê. Na letra E não podemos ter certeza e a D é óbvia. É isso o que a banca pergunta.

  • O que Beatriz? Essa banca é OBJETIVA??? kkkkkkkkkkk

  • pow... fiquei entre A e D... aí pensei... é possível alguém tomar café o dia todo? sim... tem doido pra tudo... agora... realmente o delegado não voltou... pra mim é A... não concordo que seja a D...

  • Interpretar literalmente uma crônica em tom carioca de deboche. Essa me pegou, estudando e aprendendo.

  • nossa uma piada essas questões

  • FGV é doida, mas eu marquei a D porque ele diz no texto "Ele esperou LONGAMENTE, e chegou à conclusão..."

     

     

    Ou seja, o repórter esperou pra caramba e, tomado pela "raiva", foi irônico em seu pensamento. Das alternativas, a letra A e B extrapolam, a E é do cracudo, já que o cara não obteve resposta. A pessoa poderia ficar entre "C" e "D", mas como o pensamento dele foi irônico, além do próprio autor dizer que repórter esperou LONGAMENTE, e não que ficou até o fim do expediente, eu fui de D mesmo.