Winnicott (1952/1978) chama a atenção para o papel que os processos intelectuais assumem nessa época. Através deles, os fracassos do meio ambiente podem ser gradualmente levados em conta e tolerados. Eles funcionam como um elo de ligação entre a adaptação incompleta e a completa, permitindo ao indivíduo preencher a lacuna existente entre ambas e assim obter uma compensação para as falhas ambientais. Desse modo, através desse mecanismo propiciado pelos processos cognitivos que é o fantasiar, uma adaptação não suficientemente boa pode se transformar em uma adaptação suficientemente boa - o que nos remete à descrição de Freud (1920/1969) sobre o bebê que, através do jogo e da fantasia, encontra um meio de transformar uma experiência desagradável em uma atividade prazerosa. O brincar "verdadeiro" permite ampliar a compreensão do processo simbólico e de sua função, através da representação, conceito essencial também na formulação freudiana – basta pensar no jogo do carretel, que instala um fenômeno novo em que imagem e palavra se amalgamam.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79721999000300005
Marina, o livro que trata desse assunto parece ser esse: Winnicott, D. W. (1978). Psicose e cuidados maternos. Em D. W. Winnicott (Org.), Textos selecionados: Da pediatria à psicanálise (2ª ed. pp. 375-387). Rio de Janeiro: Francisco Alves (Original publicado em 1952).