Em fevereiro de 2011, a população no Sudão – país localizado na região norte da África – foi às urnas para definir, em referendo, a separação e emancipação da região na porção meridional do país. Com a aprovação de esmagadores 98,8% dos votantes, surgiu o até então mais novo país: o Sudão do Sul, tendo como capital a cidade de Juba.
Apesar das intensas celebrações nas ruas, não tardou para que a população percebesse que havia muito pouco para comemorar, pois o novo país nascia com graves convulsões sociais e pesados desafios a enfrentar. Para piorar, os conflitos com os vizinhos do norte foram retomados em função das indefinições no estabelecimento das fronteiras entre os dois países, que disputam regiões ricas em petróleo.
Em resumo, pode-se dizer que uma guerra civil (até então, a mais longa em atividade na África), em vez de acabar, foi apenas transformada em um conflito internacional. Assim como a maior parte da África, as fronteiras do Sudão foram definidas artificialmente pelas potências ocidentais durante o processo de implantação do colonialismo. Assim, desde a independência do Sudão em relação ao Reino Unido em 1956, o país vive em profundas crises políticas, que confluíram para uma série de guerras civis. Para a solução de um conflito armado que se arrastava por 12 anos – e também pela grande pressão internacional – foram estabelecidos acordos em 2005 na cidade de Nairóbi, Nigéria, onde se decidiu pelo referendo de 2011, que culminou na separação. A diferença entre os dois territórios é latente tanto nos aspectos físicos quanto nas composições étnicas. O norte é majoritariamente composto por regiões desérticas (salvo o vale por onde passa o Rio Nilo), com escassez de água e recursos naturais, enquanto o sul possui uma maior quantidade de vegetação e pântanos. Além disso, o Sudão do Sul é basicamente composto por povos cristãos e animistas, que não aceitavam a dominação política e legislativa dos povos do norte, de maioria islâmica. Apesar dessas diferenças étnico-culturais, a razão para a existência dos conflitos está plenamente centrada na disputa pelos recursos naturais, principalmente o petróleo, produto do qual os dois países são dependentes. Podemos observar que boa parte da produção petrolífera na região é detida pelos povos do Sudão do Sul, que, no entanto, necessitam dos oleodutos localizados no Sudão para escoar suas produções. Além disso, há a disputa pela região de Abyei, reivindicada pelos dois países e rica em reservas petrolíferas.