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ID
1334974
Banca
PR-4 UFRJ
Órgão
UFRJ
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO - NAUFRÁGIO IMINENTE

Luís Garcia, O Globo, 20/03/2012

É da natureza dos partidos políticos divergirem uns dos outros. O que não indica má índole ou alguma espécie de incompatibilidade congênita, simplesmente, isso acontece porque todos eles buscam o poder - e também acontece que o poder não dá para todos.

Nada é mais natural e até saudável, portanto, que cada um defenda seus interesses e suas ambições baixando o porrete, verbalmente, é claro, nas costas dos demais.

Às vezes, no entanto, eles se juntam na busca de algum objetivo comum. É o que está acontecendo agora. Todas as legendas que compõem o cenário político estão unidas na perseguição de um objetivo comum: derrubar uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral.

O TSE decidiu, por quatro votos contra três, que, nas eleições deste ano, o registro das candidaturas dependerá da aprovação das contas da campanha de 2010. Não parece ser exigência descabida. Contas não aprovadas são prova óbvia de malandragem ou incompetência - com óbvia tendência, dirão cidadãos mais espertos ou de melhor memória, de mais casos da primeira hipótese.

É preciso registrar que a exigência de ficha limpa está limitada às eleições de dois anos atrás. Provavelmente, os ministros, por bondade de seus corações ou simplesmente por bom-senso, consideraram que poucas legendas - ou, quem sabe, nenhuma delas - sobreviveria a uma inquirição mais ampla.

Note-se, com alguma tristeza - mas talvez sem surpresa -, que estamos diante de uma atitude rara, se não for absolutamente inédita: qual foi mesmo a última vez que todos os partidos políticos brasileiros uniram-se na defesa de uma causa?

É também curioso e lamentável que a iniciativa dos partidos entre em choque com uma exigência que nasceu de um raríssimo - se não tiver sido inédito - movimento de origem popular (ou seja, sem qualquer ligação com políticos e seus partidos), a campanha da Ficha Limpa. E também não há demérito para o TSE numa associação de sua exigência de contas limpas com aquela recente, mas já histórica, campanha popular.

No fim das contas, os partidos, unidos como talvez jamais tenha acontecido antes - pelo menos na discussão de questão intrinsecamente política -, estão remando contra a correnteza duplamente: enfrentam tanto a vontade expressa da opinião pública como uma decisão explícita da Justiça Eleitoral. Um naufrágio parece tão iminente quanto indispensável.

O segmento do texto que NÃO expressa uma opinião do autor é:

Alternativas
Comentários
  • Será que é a letra C, porque essa seria a opinião dos cidadãos e não do autor?

  • eu não entendi. para mim a letra tb é uma opnião do autor...ele acha que os cidadãos vão dizer isso..como ele pode afirmar que eles vão dizer isso? parece para mim mais uma opnião.

  • É, realmente está estranha. Acho que eu pediria anulação.

  • Não há nada de estranha a questão. Letra C. É simplesmente analisar o que expressão ou não uma opinião do autor.

  • Acredito que caberia recurso na questão, pois o autor diz que defender interesses baixando o porrete é natural e além disso, saudável. Da mesma forma que outras pessoas achariam incomum e estressante defender seus interesses desta forma, ou seja, caracteriza uma opinião do autor. Se ele ao menos dissesse no texto que outra pessoa acha isso, mas não foi o caso. 

  • Obviamente que a letra C também expressa uma opinião, porém é a mais sutil.

     

    “...dirão cidadãos mais espertos ou de melhor memória, de mais casos da primeira hipótese”;

     

  • GABARITO LETRA C

    Just: Essa questão é de Compreensão textual, ou seja, a resposta tem que estar escrita no texto e não algo que deduziríamos. De acordo com isso a única frase que não tem no texto “...dirão cidadãos mais espertos ou de melhor memória, de mais casos da primeira hipótese”; por isso é a LETRA C