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ID
1353838
Banca
INEP
Órgão
ENEM
Ano
2014
Provas
Disciplina
Sociologia
Assuntos

Em 1879, cerca de cinco mil pessoas reuniram-se para solicitar a D. Pedro II a revogação de uma taxa de 20 réis, um vintém, sobre o transporte urbano. O vintém era a moeda de menor valor da época. A polícia não permitiu que a multidão se aproximasse do palácio. Ao grito de “Fora o vintém!”, os manifestantes espancaram condutores, esfaquearam mulas, viraram bondes e arrancaram trilhos. Um oficial ordenou fogo contra a multidão. As estatísticas de mortos e feridos são imprecisas. Muitos interesses se fundiram nessa revolta, de grandes e de políticos, de gente miúda e de simples cidadãos. Desmoralizado, o ministério caiu. Uma grande explosão social, detonada por um pobre vintém.

Disponível em: www.revistadehistoria.com.br. Acesso em: 4 abr. 2014 (adaptado).

A leitura do trecho indica que a coibição violenta das manifestações representou uma tentativa de

Alternativas
Comentários
  • No final de 1879, a cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil Imperial, assistiu a deflagração de uma revolta de caráter eminentemente popular. Um levante de aproximadamente cinco mil manifestantes se colocou em frente o campo de São Cristóvão, sede do palácio imperial, para exigir a diminuição da taxa de vinte réis (um vintém) cobrados sobre o transporte público feito pelos bondes de tração animal que serviam a população.

    Contidos pelas autoridades policiais, os revoltosos esperavam uma resposta de um dos principais líderes daquele protesto: o jornalista Lopes Trovão. O imperador, que prometia abrir negociação para resolver a contenda, teve seu pedido negado pelo jornalista republicano que adotou uma nova estratégia. Lançando seus argumentos no jornal Gazeta da Noite, Lopes Trovão convocava a população carioca a reagir com violência contra a medida imperial.

    No primeiro dia do ano seguinte, data em que o valor seria oficializado, novos levantes seriam organizados pelos populares simpatizantes à causa. Mais uma vez incitados por Lopes Trovão, uma massa de revoltosos se dirigiu até o Largo do São Francisco, local de partida e chegada da maioria dos bondes. A presença de autoridades policiais só aumentou o clima de tensão instaurado. Impacientes, os revoltosos começaram a gritar “fora o vintém”, esfaquear mulas e espancar os condutores dos bondes.

    Os policiais, sem condições de fazer oposição ao protesto, logo pediram o auxílio das autoridades do Exército. A chegada das tropas exaltou ainda mais os ânimos da multidão, que passou a lançar pedras contra a cavalaria oficial. Ameaçados pela turba, os oficiais abriram fogo contra a multidão. Em pouco tempo, a saraivada de tiros dispersou os manifestantes a custa de uma dezena de mortos e feridos. Passado o calor dos acontecimentos, o motim popular foi completamente desarticulado nos dias posteriores.

    O alvoroço trazido pelo episódio trágico forçou as autoridades e companhias de bonde a anularem o reajuste do transporte. Na verdade, essa medida de reajuste era um reflexo das medidas orçamentárias tomadas pelo governo mediante a recessão econômica experimentada no ano de 1877. Nesse sentido, a cobrança do vintém atingia em cheio o bolso de setores médios e baixos da população do Rio de Janeiro. Mesmo não sendo uma revolta de caráter republicano, a Revolta do Vintém foi um indício das mudanças sociais, políticas e econômicas dos finais do governo de Dom Pedro II.

  • Apesar da cidade do Rio de Janeiro (capital do Império e município neutro) ter passado por vários distúrbios de rua (campanha da maioridade e manifestações contra o embaixador Christie, por exemplo) o MOTIM DO VINTÉM é considerada pelos historiadores uma das mais importantes revoltas urbanas do período imperial – exatamente por contestar uma ordem instituída, a partir do aumento da taxa de passagem do bonde. Assim, os trechos do fragmento indicam os diversos interesses contrariados com esse dispositivo – desde a “gente miúda” até “os grandes políticos. Ao final, a repressão violenta aos manifestantes não foi eficaz (conforme indica o texto) já que o ministério caiu, desmoralizado” –ministério que era chefiado pelo senador liberal Visconde João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu. É importante notar que o candidato poderia, eventualmente, valorizar as alternativas B ou C (sobre a proteção ao patrimônio privado e ao espaço público) se valendo de alguns trecho que informam sobre as ações dos manifestantes se dirigindo em fúria para o Palácio Imperial, ferindo condutores, fazendo barricadas com os bondes e matando as mulas. Ainda assim, a ideia de conservação do poder mostra-se a resposta mais apropriada à proposta da questão.

  • Essa coibição violenta das manifestações caracteriza uma dominação por força sobre o povo, e assim, exercendo poder sobre a mesma.

    Me lembra Maquiavel também, por causa da violência para se manter no poder.

  • Letra D

    A repressão violenta a manifestações populares se tornou hábito pelo mundo afora e tem uma carga histórica muito grande. Percebe-se que tradicionalmente no Brasil esta "tática" é aplicada afim de tentar conservar o poder dos governantes, inibindo qualquer forma de adversidade e oposição, mesmo dentro de uma democracia.

  • Fiquei em duvida entre a letra B e D, mas descartei a letra B porque apesar da tentativa de ataque ao patrimônio privado, que seria o palácio, a coibição violenta dos oficiais comandados por D. Pedro II foi uma tentativa de conservar o exercício de poder e mostrar autonomia/soberania. Outras medidas poderiam ser postas se o objetivo fosse apenas proteger o patrimônio

  • "Nossa, como poderei andar no bonde com este aumento de um vintém ??"

    "Não sei mais o que fazer!!!"

    "Vamos manifestar na frente do Palácio!!!"

    "Se eu não tiver meu bonde garantido, nenhum outro TRABALHADOR poderá ter!! Depredem todos os bondes e trilhos!!"

    A passagem do ônibus tá cara! Quebrem os ônibus!! Ateiem fogo!