SóProvas


ID
1357567
Banca
IBFC
Órgão
PC-SE
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Eficiência militar
(Historieta Chinesa)

LI-HU ANG-PÔ, vice-rei de Cantão, Império da China, Celeste Império, Império do Meio, nome que lhe vai a calhar, notava que o seu exército provincial não apresentava nem garbo marcial, nem tampouco, nas últimas manobras, tinha demonstrado grandes aptidões guerreiras.

Como toda a gente sabe, o vice-rei da província de Cantão, na China, tem atribuições quase soberanas. Ele governa a província como reino seu que houvesse herdado de seus pais, tendo unicamente por lei a sua vontade.

Convém não esquecer que isto se passou, durante o antigo regime chinês, na vigência do qual, esse vice-rei tinha todos os poderes de monarca absoluto, obrigando-se unicamente a contribuir com um avultado tributo anual, para o Erário do Filho do Céu, que vivia refestelado em Pequim, na misteriosa cidade imperial, invisível para o grosso do seu povo e cercado por dezenas de mulheres e centenas de concubinas. Bem.

Verificado esse estado miserável do seu exército, o vice- rei Li-Huang-Pô começou a meditar nos remédios que devia aplicar para levantar-lhe o moral e tirar de sua força armada maior rendimento militar. Mandou dobrar a ração de arroz e carne de cachorro, que os soldados venciam. Isto, entretanto, aumentou em muito a despesa feita com a força militar do vice-reinado; e, no intuito de fazer face a esse aumento, ele se lembrou, ou alguém lhe lembrou, o simples alvitre de duplicar os impostos que pagavam os pescadores, os fabricantes de porcelana e os carregadores de adubo humano - tipo dos mais característicos daquela babilônica cidade de Cantão.

Ao fim de alguns meses, ele tratou de verificar os resultados do remédio que havia aplicado nos seus fiéis soldados, a fim de dar-lhes garbo, entusiasmo e vigor marcial.

Determinou que se realizassem manobras gerais, na próxima primavera, por ocasião de florirem as cerejeiras, e elas tivessem lugar na planície de Chu-Wei-Hu - o que quer dizer na nossa língua: “planície dos dias felizes”. As suas ordens foram obedecidas e cerca de cinqüenta mil chineses, soldados das três armas, acamparam em Chu-Wei-Hu, debaixo de barracas de seda. Na China, seda é como metim aqui.

Comandava em chefe esse portentoso exército, o general Fu-Shi-Tô que tinha começado a sua carreira militar como puxador de tílburi* em Hong-Kong. Fizera-se tão destro nesse mister que o governador inglês o tomara para o seu serviço exclusivo.

Este fato deu-lhe um excepcional prestígio entre os seus patrícios, porque, embora os chineses detestem os estrangeiros, em geral, sobretudo os ingleses, não deixam, entretanto, de ter um respeito temeroso por eles, de sentir o prestígio sobre­ humano dos “diabos vermelhos”, como os chinas chamam os europeus e os de raça europeia.

Deixando a famulagem do governador britânico de Hong- Kong,Fu-Shi-Tô não podia ter outro cargo, na sua própria pátria, senão o de general no exército do vice-rei de Cantão. E assim foi ele feito, mostrando-se desde logo um inovador, introduzindo melhoramentos na tropa e no material bélico, merecendo por isso ser condecorado, com o dragão imperial de ouro maciço. Foi ele quem substituiu, na força armada cantonesa, os canhões de papelão, pelos do Krupp; e, com isto, ganhou de comissão alguns bilhões de taels* que repartiu com o vice-rei. Os franceses do Canet queriam lhe dar um pouco menos, por isso ele julgou mais perfeitos os canhões do Krupp, em comparação com os do Canet. Entendia, a fundo, de artilharia, o ex-fâmulo do governador de Hong-Kong.

O exército de Li-Huang-Pô estava acampado havia um mês, nas “planícies dos dias felizes”, quando ele se resolveu a ir assistir-lhe as manobras, antes de passar-lhe a revista final.

O vice-rei, acompanhado do seu séquito, do qual fazia parte o seu exímio cabeleireiro Pi-Nu, lá foi para a linda planície, esperando assistir a manobras de um verdadeiro exército germânico. Antegozava isso como uma vítima sua e, também, como constituindo o penhor de sua eternidade no lugar rendoso de quase rei da rica província de Cantão. Com um forte exército à mão, ninguém se atreveria a demiti-lo dele. Foi.

Assistiu às evoluções com curiosidade e atenção. A seu lado, Fu-Shi-Pô explicava os temas e os detalhes do respectivo desenvolvimento, com a abundância e o saber de quem havia estudado Arte da Guerra entre os varais de um cabriolet*.

O vice-rei, porém, não parecia satisfeito. Notava hesitações, falta de élan na tropa, rapidez e exatidão nas evoluções e pouca obediência ao comando em chefe e aos comandados particulares; enfim, pouca eficiência militar naquele exército que devia ser uma ameaça à China inteira, caso quisessem retirá-lo do cômodo e rendoso lugar de vice-rei de Cantão. Comunicou isto ao general, que lhe respondeu:

- É verdade o que Vossa Excelência Reverendíssima, Poderosíssima, Graciosíssima, Altíssima e Celestial diz; mas os defeitos são fáceis de remediar.
- Como? perguntou o vice-rei.
- É simples. O uniforme atual muito se parece com o alemão: mudemo-lo para uma imitação do francês e tudo estará sanado.

Li-Huang-Pô pôs-se a pensar, recordando a sua estadia em Berlim, as festas que os grandes dignatários da corte de Potsdam lhe fizeram, o acolhimento do Kaiser e, sobretudo, os taels que recebeu de sociedade com o seu general Fu-ShiPô... Seria uma ingratidão; mas... Pensou ainda um pouco; e, por fim, num repente, disse peremptoriamente:
- Mudemos o uniforme; e já!

(Lima Barreto)

*tael:unidade monetária e de peso da China;
*cabriolet:tipo de carruagem;
*tílburi: carro de duas rodas e dois assentos comandados por um animal.
*famulagem:grupo de criados

O trecho abaixo transcrito revela a insatisfação de LI-HU ANG-PÔ, vice-rei de Cantão, com o seu exército. Utilize-o para responder às questões de 10 a 13.

“O vice-rei, porém, não parecia satisfeito. Notava hesitações, falta de élan na tropa, rapidez e exatidão nas evoluções e pouca obediência ao comando em chefe e aos comandados particulares; enfim, pouca eficiência militar naquele exército que devia ser uma ameaça à China inteira, caso quisessem retirá-lo do cômodo e rendoso lugar de vice-rei de Cantão. 

Comunicou isto ao general, que lhe respondeu: 
- É verdade o que Vossa Excelência Reverendíssima, Poderosíssima, Graciosíssima, Altíssima e Celestial diz; mas os defeitos são fáceis de remediar.”

Ao empregar o acento grave, deve-se considerar a relação de dependência entre termos. Em “ameaça à China inteira”, a presença do acento grave justifica-se em função do mesmo contexto linguístico verificado em:

Alternativas
Comentários
  • bem a única explicação que vejo é : a locução verbal que antecede o termo ou seja, (devia ser) não sei se estou certo, mas aceito sugestões .... 

  • Quem está apto, está apto a... 

    (Estou apta a + a tarefa) = Estou apta à tarefa

  • VOU A (A) FEIRA..LOGO A CRASE TÁ CORRETA COMO O ENUNCIADO....NÃO ENTENDI!!

  • Bom para mim o uso se deu por estar apta é um adjunto adnominal e exige a preposição "a", como acontece com "ameaça", a qual também é um adjunto adnominal;

  • Marquei a letra A apesar da resposta ser a B

    Eu acho que a  letra A não é a resposta mais correta em relação ao motivo da ocorrência de crase comparando com o caso exposto na questão “ameaça à China inteira”. ( preposição A + artigo fem. A) pq no caso de verbo de locomoção apesar do A+A nem sempre ha crase.

    por exemplo: Vou a Nova York. ( não ocorre crase apesar de que quem vai vai a) 

    Bem, isso é uma suposição... seria mais fácil com o comentario do professor.


  • Aquele exército (sujeito) que (pronome relativo e sujeito) devia ser (locução verbal de ligação) uma ameaça (predicativo do sujeito) à China inteira (complemento nominal)”

    a) Vou à feira (Vou - Verbo intransitivo) - (à feira - adjunto adverbial de lugar)

    b) Estou apta à tarefa (Estou - Verbo de ligação) - (apta - predicativo do sujeito) - (à tarefa - complemento nominal)

    c) Saiu às dez horas (Na indicação de horas sempre ocorre crase)

    d) Cortou o cabelo à Roberto Carlos (à moda de Roberto Carlos)


  • "...pouca eficiência militar naquele exército que devia SER uma ameaça à China inteira."

    O verbor SER é verbo de ligação, consequentemente o termo "uma ameaça à China inteira" é predicativo do sujeito, pois exprime uma característica atribuída ao sujeito (exército) por intermédio de um verbo de ligação (SER).

    Estou apta à tarefa.
    ESTAR é verbo de ligação e consequentemente "apta à tarefa" é predicativo do sujeito (Eu).


    VERBO DE LIGAÇÃO é o verbo que, por si mesmo, nada informa a respeito do sujeito; ele apenas LIGA O SUJEITO AO PREDICATIVO.
  • Todas as alternativas estão certas no que diz respeito à crase.O que o examinador quer saber é qual regra para acentuação tem em comum a afirmação do texto e as alternativas.Só uma das alternativas usa a mesma regra de acentuação igual a afirmação do texto.

  • eles têm em comum o fato do crase vir da concordância nominal ,ou seja, substantivo pedir a preposição a! Espero ter ajudado :D

    Obs :nao é a ultima pq "à moda de" é subtendida, então a crase é por causa disso.

    fonte :apostila criativa


  • Entrou na regra do PARA ou PARA A. I. Ameaça à (para a) China. II. Estou apta à (para a) tarefa.

  • Adjuntos adnominais

  • Cuidado! Não se trata de adjuntos adnominais, mas sim de complementos nominais.

  • A alternativa que está de acordo é a B. 

    No caso em questão não está no sentindo de ir, acredito ter sido uma pegadinha. 

    Gabarito: B 

  • ZZZZZZzzzzz.....

  • Comentário do professor

    ameaça é um nome e não um verbo, que pede preposição a  + a  artigo feminino definido que acompanha China

    alternativa b apta é um nome, que pede preposição,  exatamente como no enunciado. 


  • Observando os comentários dos colegas fiquei preocupado, pois nenhum comentário teve a mesma percepção que eu.

    Por favor, explique-me se tiver errado.
    Cheguei na resposta identificando o complemento como OI.
    devia (VTDI) O QUÊ ? ser uma ameaça (OD) A QUEM ?à China inteira (OI).

    Estou apta  A QUÊà tarefa (OI).


  • Sandra Silva, concordo com vc, o professor explicou muito bem!!!

  • Trata-se de regência nominal, que tanto no enunciado ameaça quanto na opção b, apta, exigem a preposição a. Ao somar com o artigo a, crase.

  • PARA MIM QUEM AMEAÇA,AMEAÇA ALGUÉM. E NÃO A ALGUÉM  :!

  • não confundir ameaça (substantivo) com ameça (ele/ela ameça - verbo)

    Questão de regência nominal.


  • QUESTÃO MUITO INTELIGENTE.

    Essa é daquelas que separam os homens/mulheres dos meninos/meninas

    kkkkkkkkk

  • A questão quer a alternativa que segue a regra da regência nominal. Observem que assim como a frase do enunciado, a alternativa correta tem como termo regente um nome e não um verbo como na letra "a". 

  • Quem olhou rápido achou que era a letra A. A regência é nominal, "ameaça" que rapidamente se confunde com verbo.

  • questão cheio de veia manow !

  • Não sei por que tanto alarde, questão tranquila, nome é uma coisa, verbo é outra. PRESTEM ATENÇÃO !!!!!

  • Letra B.

     

    Questão boa, não vi uma dessa na cespe ainda.

     

    Errei, vi o vídeo e aprendi!

  • ameaça à China inteira - CONCORDÂNCIA NOMINAL - crase

    A crase ocorre do mesmo jeito por causa de:

     

     a( INCORRETA) Vou à feira CONCORDANCIA VERBAL 

     b) Estou apta à tarefa CONCORDÂNCIA NOMINAL

     c(INCORRETA) Saiu às dez horas CRASE POR CAUSA DA LOCUÇÃO ADVEBIAL

     d( INCORRETA) Cortou o cabelo à Roberto Carlos CRASE POR CAUSA DA EXPRESSÃO "A MODA".

     

    no que tange a "D":

    - Diante da palavra "moda", com o sentido de "à moda de" HÁ CRASE (mesmo que a expressão moda de fique subentendida):

    O jogador fez um gol à (moda de) Pelé. 
    Usava sapatos à (moda de) Luís XV.
    O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro.

     

     

    GABARITO "B"

  • Vou à China, volta da China! Vou à Feira volta da Feira! ( ERRADO)

  • O CHICÃO viajou na maionese...

  • AMEAÇAR É VERBO BITRANSITIVO!!!!

    Se ameaça, ameaça a alguma coisa = ameaça a+a (à) China inteira.

    A PESSOA É APTA A FAZER ALGUMA COISA OU É APTA A ALGO ... Esse adjetivo rege a preposição "a"

  • O Chicão Viajou na Maionese. rs' kkk

  • O Chicão, você não entendeu o que a questão está pedindo, leia novamente..

  • Duas coisas: a primeira é que realmente o Chicão viajou na maionese e segundo que ameaça não é verbo, e sim um nome, segundo o professor do QConcursos. Esse tipo de nome também é chamado de Deverbal, pois deriva de um verbo, e por derivar de um verbo, a regência continua.
    Exemplo: Obedecer a=obediência a. Esse nome, Deverbal, é dito também pelo professor Elias do Gran Cursos Online. Ou seja, com todas essas informações aliadas aos nossos conhecimentos, sabemos que a alternativa é a letra A.
    Vamos seguir em frente e conseguir nossas vagas. Boa sorte a todos!

  • Quem não voltou para ler o contexto deve ter pensando que "ameça" era um verbo. Isso justifica a confusão de alguns aqui.

  • A questão quer saber a alternativa em função do mesmo contexto "ameaça à China inteira"

    Ameaça é um nome, não verbo!

    Substantivo feminino pra ser exata...

    Quem faz uma ameaça, faz uma ameaça a

    + o artigo antes do nome china

    = à

    .

    a) Vou à feira (Quem exige é o verbo ir)

    b) Estou apta à tarefa (Quem tá apto, tá apto a + a tarefa = à)

    c) Saiu às dez horas (Não é exigida pelo verbo - locuição feminina)

    d) Cortou o cabelo à Roberto Carlos ("a moda de")

  • ameaça é um nome e não um verbo, que pede preposição a  + a  artigo feminino definido que acompanha China
    alternativa b apta é um nome, que pede preposição,  exatamente como no enunciado. 

     

    AMEAÇA (A)

    APTA (A)
     

  • Q563069 – GABARITO B

    Logo, “ameaça à China inteira”, a (preposição) + a (artigo) = à

    a) Vou à feira

      b) Estou apta à tarefa CERTO! a (preposição) + a (artigo) = à

      c) Saiu às dez horas

      d) Cortou o cabelo à Roberto Carlos

  • PREPOSIÇAO MAIS ARTIGOA+A NAS ALTERNATIVAS A ÚNICA CABÍVEL LETRA B  

  • as duas formam o complemento nominal. tamosjuntosPMSE

  • Estou apta a+a alguma coisa...

    Para quem confundiu com a alternativa "A" é o seguinte, pessoal:

    Verbo "IR" é intransitivo, ou seja, sendo assim a crase ocorre em função da regência do verbo juntamente com o artigo do adjunto adverbial de lugar.

    FOCO, pessoal. 
    DEUS é contigo!

  • NÃO li o enunciado, tomei na cara, bom para aprender ...

  • GABARITO = B

    A)Vou à feira ( VOU A, VOLTA DA) CRASE

    C)Saiu às dez horas (TEM PORQUE INDICA A HORA EXATA) CRASE

    D) Cortou o cabelo à Roberto Carlos (MODO QUE ELE CORTOU O CABELO) CRASE

    PF/PC

    DEUS PERMITIRÁ

  • GAB: B

    #PMBA

  • Em 24/12/19 às 11:26, você respondeu a opção A.

    !

    Você errou!Em 09/05/17 às 19:15, você respondeu a opção A.

    !

    Errei em 2017, e to errei hoje, mas nao erro mais. Que na minha prova caia uma dessa! Questão bem inteligente mesmo! Eu tinha muito tempo que não errava uma questão de crase, no entanto, essa me pegou haushaushuaa.

    eu ameaço tu ameaças ele ameaça nós ameaçamos vós ameaçais eles ameaçam ( é verbo, porém no contexto ai ta como nome)

  • regência nominal
  • O nome “ameaça” requer preposição A. Já o topônimo “China” requer artigo A. A fusão desses dois elementos resulta no emprego do acento indicador de crase.

    Analisemos as alternativas:

    Letra A – ERRADA – A preposição que resulta na crase decorre da regência verbal, e não nominal.

    Letra B – CERTA – A preposição que resulta na crase decorre da regência do nome “apta”. Esta se une ao artigo “a”, solicitado pelo substantivo “tarefa”, resultando na crase.

    Letra C – ERRADA – A crase se justifica pela presença de uma locução de base feminina.

    Letra D – ERRADA – A crase se justifica pela locução de base feminina implícita “à moda”.

  • só eu que acho que deveria acontecer com a crase o mesmo que ao trema ? kkkkkkkkkkkk

  • Vou à feira. Vou a feira, volto da feira, correto, mas a relação é com o nome e não com o verbo.

    B

    Estou apta à tarefa: correta, pois, apta a alguma coisa, apta não é verbo e precisa da preposição a.

    C

    Saiu às dez horas, está correta, mas o que acontece é que a crase tem relação com o verbo e não com o nome

    D

    Cortou o cabelo à Roberto Carlos, a maneira de tá correta, mas o enunciado pediu a preposição depois do nome!

     Estudem, pois, essa Banca é dureza. Fé para todos!

  • que questão do capeta rsrs mas vamos la

    (a) Regência verbal

    (b) regência pelo nominal

    (c) Hora específica

    (d) a moda ....

    Gabarito B

    Se Deus te faz sonhar é pq vc é capaz de realizar!