As taxas múltiplas de câmbio duraram vigoraram de 1953 a 1961. Elas não foram extintas na reforma cambial de 1957 do governo JK, mas apenas na reforma cambial de 1961 do governo Jânio.
Instrução 70 (out-1953). No governo Vargas, diante da crise cambial, Horácio Lafer é substituído por Oswaldo Aranha como Ministro da Fazenda em jun-1953. A Sumoc, ligada ao Banco do Brasil, baixa a Instrução 70 (9-out-1953), a qual ataca simultaneamente os problemas cambial (importação seletiva) e fiscal do governo (aumenta a receita pública) por meio da instituição das taxas múltiplas de câmbio. Esta instrução teve êxito nos primeiros resultados, conseguindo elevar as exportações e manter as importações no nível dos trimestres anteriores, além de elevar a receita do governo.
Reforma Cambial (ago-1957). No governo JK, a reforma promovida pela Nova Lei de Tarifas (Lei 3244) (14-ago-1957) tinha o propósito de simplificar o sistema de taxas múltiplas de câmbio (vigente desde out-1953) - não de eliminá-lo - e de fazer a separação entre a política cambial e a política tarifária. Ela envolve uma reforma cambial e uma reforma aduaneira na política de comércio exterior. Podemos dizer que essa reforma cambial foi apenas uma simplificação cambial. Nas importações, as cinco categorias da Instrução 70 foram reduzidas a três: geral e especial (submetidas a leilões); preferencial (não submetida a leilão). Na prática, a categoria preferencial era subsidiada, pois os importadores pagavam pelo dólar uma taxa equivalente ao “câmbio de custo” (taxa média paga aos exportadores). Note que o sistema de leilões foi preservado. Nas exportações, o regime com quatro categorias e com bonificações específicas foi mantido e o mercado livre continuou sendo utilizado para transações financeiras. Contudo, as exportações foram gradualmente sendo transferidas ao mercado livre.
Instrução 204 (mar-1961). No governo Jânio, a Instrução 204 foi anunciada já em 13-mar-1961 pelo Ministro da Fazenda Clemente Mariani, mas só foi implementada em jun-1961. A Instrução 204 da Sumoc iniciou a reforma cambial janista ao unificar o câmbio – acabou com o sistema de taxas múltiplas de câmbio criadas pela Instrução 70 (out-1953) – e ao desvalorizar o câmbio em 100%. A unificação cambial era uma exigência do FMI para que pudesse haver um reescalonamento da dívida externa brasileira. Se houve unificação cambial, temos o fim das taxas múltiplas de câmbio.
Whitaker, sucessor de Gudin no Ministério da Fazenda do Governo Café Filho, era crítico do regime de taxas múltiplas de câmbio estabelecido pela Instrução nº 70 da SUMOC.
Whitaker estava determinado a instituir um mercado totalmente livre, unificando as taxas e procedendo a uma razoável desvalorização cambial.
Café Filho encaminhou o projeto ao Congresso Nacional, no entanto, a proposta foi rejeitada.