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ID
1383937
Banca
FCC
Órgão
TJ-AP
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                            A floresta das parteiras

     Elas nasceram do ventre úmido da Amazônia, do extremo norte do Brasil, do Estado ainda desgarrado do noticiário chamado Amapá. O país não as escuta porque perdeu o ouvido para os sons do conhecimento antigo, a toada de suas cantigas. Muitas desconhecem as letras do alfabeto, mas leem a mata, a água e o céu. Emergiram dos confins de outras mulheres com o dom de pegar menino. Sabedoria que não se aprende, não se ensina nem mesmo se explica. Acontece apenas. Esculpidas por sangue de mulher e água de criança, suas mãos aparam um pedaço do Brasil.

     O grito feminino ecoa do território empoleirado no cocuruto do mapa para lembrar ao país que nascer é natural. Não depende de engenharia genética ou operação cirúrgica, não tem cheiro de hospital. Para as parteiras da floresta, que guardaram a tradição graças ao isolamento geográfico de seu berço, é mais fácil compreender que um boto irrompa do igarapé para fecundar moça donzela do que aceitar que uma mulher marque dia e hora para arrancar o filho à força. Quase toda a população do Amapá, menos de meio milhão de habitantes, chega ao mundo pelas mãos de setecentas pegadoras de menino.

     Encarapitadas em barcos ou tateando caminhos com os pés, a índia Dorica, a cabocla Jovelina e a quilombola Rossilda são guias de uma viagem por mistérios antigos. Cruzam com Tereza e as parteiras indígenas do Oiapoque. Unidas todas elas pela trama de nascimentos inscritos na palma da mão. “Pegar menino é ter paciência”, recita a caripuna Maria dos Santos Maciel, a Dorica, a mais velha parteira do Amapá, com 96 anos. “Parteira não tem escolha, é chamada nas horas mortas da noite para povoar o mundo.”

(Adaptado de: BRUM, Eliane. O olho da rua: uma repórter em busca da literatura da vida real. São Paulo: Globo, 2008, p. 19-20)

Duas passagens relacionadas a ideias opostas no texto estão em:

Alternativas
Comentários
  • Gab. E

    pegar menino (1o parágrafo) = As parteiras da floresta que têm esse dom.
    arrancar o filho à força (2parágrafo). = marcar dia e hora em um hospital.

  • Na minha opinião a resposta mais correta é a letra C. 

    "Pegar menino" e "Arrancar filho à força" não apresentam ideias opostas, uma vez que ambos estão se referindo ao nascimento... Foi essa a minha interpretação, pelo menos. Já em "Sangue de Mulher" e "Grito Feminino" não consigo ver oposição... 

    Alguém conseguiu entender isso?

  • Olá Daniele, podemos inferir que

    na letra A, as duas passagens fazem menção a uma parte da população do Amapá

    na letra B, ambas referem-se à localização do estado do Amapá

    na letra C, as duas passagens fazem alusão ao parto natural que ocorre pelas mãos das parteiras

    na letra D, as passagens trazem o nome de duas técnicas distintas, porém não opostas

    na letra E, que é o gabarito, "pegar menino" se opõe a "arrancar o filho à força", porque a primeira diz respeito a um parto natural, realizado pelas parteiras, já a segunda relaciona-se a um nascimento programado, que acontece nos hospitais.

    Bons estudos!

  • LETRA E - FIZ UMA ANALOGIA QUE A AFIRMAÇÃO SE REFERE A TER UM PARTO NORMAL (PEGAR MENINO) E UM PARTO NOS MOLDES DOS HOSPITAIS(ARRANCAR O FILHO À FORÇA)

  • As duas expressões referem-se ao evento do nascimento. A expressão "pegar menino" refere-se ao processo natural realizado pelas "parteiras", sendo uma forma tradicional no extremo norte do Brasil, conforme apresentadas no texto. Por outro lado, a expressão " arrancar filho à força" refere-se ao processo cirúrgico realizado em hospitais por profissionais com dia e hora marcada.

  • fiquei na dúvida entre C e E . mas  oque vale é acertar! rsrs