SóProvas


ID
1385614
Banca
FDC
Órgão
AGERIO
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O futebol de hoje, sob o puro aspecto quantitativo, deixa o de ontem longe. É acompanhado por multidões incalculáveis. Tem a televisão a seu serviço, essa máquina de criar fenômenos avassaladores. Movimenta interesses e quantias estratosféricas. Até no Japão e na Coreia - quem imaginaria? - é popular. Uma Copa do Mundo, nos dias que correm, é evento planetário como nenhum outro. Já sob o ponto de vista da qualidade da relação com o torcedor, o futebol atual perde. Havia um vínculo afetivo entre o craque e o clube, o craque e o torcedor e o torcedor e o clube, que foi comprometido. Atentemos, para ter ideia precisa do que se está tentando dizer, em duas diferenças fundamentais entre o futebol de ontem e o de hoje.

A primeira diz respeito ao uniforme. Antes, os times apresentavam-se sempre com o mesmo. Vá lá: não era sempre, era quase sempre. Havia ocasiões - uma em cada dez, não mais que isso - em que era preciso trocar de uniforme, pois o do adversário era parecido. Trocava-se então pelo uniforme reserva, que por sua vez era sempre o mesmo, o único e mesmo uniforme reserva. Hoje, o que acontece? O mesmo time pode aparecer com a camisa branca num jogo, listrada no seguinte, cinza no terceiro jogo e com bolinhas e rendas no quarto, isso quando o time alvinegro não se traveste de vermelho, o rubro-negro de verde e o tricolor de um único e inteiriço amarelo. Vale tudo, em favor do contraste que a televisão julgar mais conveniente para a transmissão. 

A segunda diferença é que os times, antes, permaneciam com as mesmas escalações por anos a fio. Podia haver uma modificação pontual aqui e ali, mas no geral, na base, no núcleo duro, a escalação permanecia a mesma. Pode o jovem leitor imaginar uma coisa dessas? Era um tempo de estabilidade e permanência. Os craques ficavam longamente, muitas vezes a vida inteira, nos mesmos clubes. Em consequência, acabavam se identificando com eles. Não se precisa ir muito longe: isso acontecia ainda nos anos 80. Zico era do Flamengo. Zico era o Flamengo. Roberto Dinamite era do Vasco. Um pouco mais para trás, Ademir da Guia, chamado o Divino, a quem João Cabral de Melo Neto dedicou um poema que lhe descrevia o estilo melhor do que qualquer comentarista esportivo (“Ademir impõe com seu jogo / o ritmo de chumbo (e o peso) / da lesma, da câmara lenta, / do homem dentro do pesadelo”) era do Palmeiras. Era o Palmeiras. E Pelé naturalmente era do Santos, assim como Garrincha era do Botafogo, apesar das peregrinações por outros clubes impostas pelas humilhações de fim de carreira. 

Hoje, o que se vê? Tomem-se os craques da seleção, os Edilsons e Luizões da vida. Em que time jogam? Mais adequado seria perguntar: em que time estão jogando neste momento, 3 da tarde? E em qual estarão às 4? Se há tanta inconstância, não há como firmar vínculo com os clubes. Portanto, não há como firmar vínculo com o torcedor. Como resultado, eis-nos introduzidos a um futebol sem heróis. Ademir da Guia tem uma estátua na sede do Palmeiras. Já Romário, quem o homenageará? Nestes últimos anos, ele jogou no Vasco e em seu contrário, o Flamengo. Tanto para os torcedores de um clube como do outro, ele é em parte herói e em parte traidor. 

(TOLEDO, Roberto Pompeu de. Rev. Veja, 10 / 04 / 002, p. 110.) 

No segmento “Podia haver modificações pontuais aqui e ali, mas no geral, na base, no núcleo duro, a escalação permanecia a mesma.”, a forma de reescritura, sem alterar o sentido, está correta na alternativa:

Alternativas
Comentários
  • Vi mais questão de correção gramatical do que semântica...

    Podia haver modificações...( o verbo haver no sentido de existir fica invariável, mesmo que  o sujeito esteja no plural. Ele também interfere na flexão do verbo auxiliar, no caso o verbo poder, que também não pode variar.)

    Logo: 

    A letra D  é a mais correta,pois retira-se o verbo haver e se inseri o verbo "existir" que não é impessoal, assim, não interfere na flexão do  verbo auxiliar, com isso o verbo "Poder" flexiona-se normalmente, no caso mantendo o sentido e a correção gramatical. 

    Podiam existir modificações...

  • O erro da E está em " a escalação permaneciaM a mesma".

    estão corretas as duas expressões: Podiam existir modificações pontuais e Podia haver modificações pontuais

  • modificações pontuais é o sujeito da oração( quando o verbo é podiam existir)... Podiam existir é uma locução verbal (verbo auxiliar + verbo principal) quem flexiona é o verbo aux., PODIA HAVER também é uma locução porém o verbo HAVER no sentido de existir ele é impessoal e passa sua impessoalidade para o verbo aux. não tem sujeito e modificações pontuais passa a ser o Objeto Direto da Oração.


  • Creio que o verbo haver está empregado com sentido de ocorrer, não existir. Mas.. vai discutir com a FCC

  • Verbo "haver" no sentido de ocorrer ou existir será sempre impessoal, inclusive os vebos auxiliares do Haver. Portanto, o correto é pode haver (Assim, estariam erradas as letras 'a' e 'b').

    A letra 'e' tem problema de concordância em "a escalação permaneciam"

    Nos demais casos, o verbo auxiliar concordará como se fosse o verbo principal, uma vez que este está no infinitivo. Assim, letra c está errada.

    Correta: D - Podiam existir.... a escalação permanecia..