- ID
- 1392289
- Banca
- CONSULPLAN
- Órgão
- CBTU
- Ano
- 2014
- Provas
- 
                - CONSULPLAN - 2014 - CBTU - Assistente de Manutenção - Eletrica
- CONSULPLAN - 2014 - CBTU - Assistente de Manutenção - Mecânica
- CONSULPLAN - 2014 - CBTU - Assistente Operacional - Segurança Metroferroviária
- CONSULPLAN - 2014 - CBTU - Técnico de Gestão - Administração
- CONSULPLAN - 2014 - CBTU - Técnico de Gestão - Contabilidade
- CONSULPLAN - 2014 - CBTU - Técnico de Gestão - Informática
 
- Disciplina
- Português
- Assuntos
A reconstrução da democracia 
    A sociedade brasileira acorda para os 50 anos de um trauma que viveu em sua história democrática.  
    O  golpe  de  1964  atrasou  a  consolidação  das  bases  da  democracia  brasileira  e  o  alargamento  de  suas  vias  de  desenvolvimento político, socioeconômico e cultural. É extremamente oportuno trazer à memória os eventos arbitrários  que levaram à destituição do presidente João Goulart, que cumpria legítimo mandato democrático. Tais eventos abriram  ao país os terríveis anos de chumbo, fechando as portas da liberdade com a instalação de 21 anos de ditadura.
    Todos os desdobramentos, danos e reflexos daquele fatídico 31 de março devem ser lembrados como aprendizado,  como antídoto a eliminar, de pronto, eventuais sinais de ameaça que venham a pairar sobre o Estado democrático de  Direito. 
    Regimes de exceção perpetuam privilégios, disseminam a injustiça, atrasam o desenvolvimento, comprometem as  perspectivas de emancipação do povo e fecham as janelas do futuro de uma nação. 
    As sociedades atuais encontraram nas legislações de caráter democrático a referência para estabilizar a convivência  entre os homens, sob a base ampla de direitos e deveres comuns a todos. Nesse contexto está a advocacia, profissão  com  status  constitucional que defende os direitos dos  cidadãos  junto ao Estado, exercendo extraordinária  função de  caráter social. Na moldura arbitrária e sombria  imposta aos brasileiros entre 1964 e 1985, a advocacia emergiu como  principal defensora da cidadania, a despeito de pressões, prisões, ameaças e abusos de toda a espécie que se abateram  sobre seus quadros. 
    A seccional paulista e o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) enfrentaram corajosamente os  governos militares pela salvaguarda das prerrogativas dos advogados em seu papel de defesa dos presos e perseguidos  políticos, procurando-os em delegacias, quartéis e em centros clandestinos de detenção e tortura. Pesava aí não apenas  a demanda pela  legalidade processual, mas a urgência da preservação da vida. É  sabido que  centenas de brasileiros,  vítimas de prisões arbitrárias, acabaram mortos sob tortura. 
    A advocacia emergiu na linha de frente pela reconstrução da ordem democrática, mesmo nos anos mais duros da  repressão.  Conduziu  as  bandeiras  libertárias  a  um  Congresso  que  atuava  com  direitos mínimos  e  controlados,  aos  representantes do Judiciário, à imprensa, às entidades organizadas da sociedade civil, às praças. Viveu-se nesse tempo  sob a  imposição de atos  institucionais, como o AI-5, que estabeleceu o estado de sítio, suspendeu direitos políticos e  cassou o habeas corpus daqueles acusados de crimes contra a Lei de Segurança Nacional. 
    Momento digno de nota, porque memorável,  foi  a  leitura da  “Carta  aos Brasileiros” pelo  jurista Goffredo  Telles  Júnior. Em 8 de agosto de 1977,  sob as arcadas da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, ele conclamou a  volta  da  democracia,  do  “Estado  de  Direito,  já”.  Goffredo  justifica  o  brado  dizendo-se  representante  da  família  do  Direito, uma “família indestrutível, espalhada por todos os rincões da pátria”.
    Nos duros anos do regime militar, os advogados, em todos os espaços do país, assumiram com destemor seu papel  em defesa dos cidadãos e da normalidade institucional. Alguns desses nomes ainda permanecem à frente de ações que,  hoje, buscam promover o resgate da memória nacional e da verdade, em uma demonstração de que o caminho mais  viável para o Brasil superar seus imensos desafios passa, necessariamente, pela democracia. 
(Marcos da Costa. Folha de São Paulo. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/04/1434430-marcos-da-costa-a- reconstrucao-da-democracia.shtml. Adaptado.) 
Em “[...] a despeito de pressões, prisões, ameaças e abusos de toda a espécie que se abateram sobre seus quadros." (5º§), a palavra destacada tem a finalidade de