Na segunda metade do século XV, com as guerras e as pestes assolando as cidades sem controle, o tema da morte reina e ninguém escapa. Entretanto, nos últimos anos do século, a loucura substitui a morte, e é esta ascensão que indicará que o mundo está mais próximo do que se pensa do seu desastre.
Inúmeras imagens, telas, quadros, com faces enigmáticas de difíceis compreensões, surgem. A imagem dá margem a diferentes interpretações. Daí o fato de ela e a palavra expressarem diferentes significados. Essas imagens surgem através dos sonhos, e por isso exercem tanto fascínio através dos tempos. A loucura representada é vista como um saber obscuro, que esconde segredos e que por isso mesmo precisam ser desvendados.
Do século XII ao XIV o grande mal foi a lepra, os leprosários ficaram lotados, depois que a lepra desaparece fica um vazio simbólico, e a loucura é que vai preencher esse vazio simbólico, passando a ser o grande medo, pois a loucura era algo fora do controle, não tinha tratamento nem cura e era imponderável, a loucura era excluída da sociedade. No século XVII aparece as doenças venéreas, mas estas eram tratáveis, a lepra era só física, mas as doenças venéreas e a loucura assumiram também o caráter moral. Só no século XIX é que o louco passa a ser objeto de pesquisa e entra em cena a psiquiatria, a psicologia e a psicanálise.
No século XV a loucura perdia seu caráter cósmico, divino, e passa a ser objeto de preocupação social, continuam as práticas de internamento e exclusão, todas as pessoas que estavam fora dos padrões de comportamento social eram consideradas loucas, a loucura não tinha ainda o estatuto de patologia, a loucura é tudo que não se encaixava nos padrões, tudo o que era indomável, não se sabia exatamente o que era a loucura, ela só passa a ter estatuto científico no século XIX.