Bo@ noite!
A questão social é expressão de um conjunto multifacetado das expressões das desigualdades sociais engendradas na sociedade capitalista em sua fase monopolista, impensáveis sem a intermediação do Estado. Objeto de um violento processo de criminalização, que atinge as classes subalternas (Ianni, 1992), acompanhado da tentativa de naturalização da questão social, suas manifestações são transformadas em objeto de programas assistenciais focalizados de combate a pobreza ou em expressões de violência dos pobres, cuja resposta é a repressão.
Hoje, a criminalização da questão social se constitui como efetivo mecanismo de controle social dos amplos contingentes que não têm lugar na estrutura produtiva e daqueles que sofrem com as impossibilidades de todas as ordens na busca de sua sobrevivência cotidiana (ALVES e MOLJO, 2015, p.272).
A punição hoje tem sido uma das soluções encontradas para os problemas sociais, ao invés do investimento em políticas de educação, alimentação, trabalho e outras. Atualmente, o sistema penal tem cumprido um papel de gestão da miséria, […] pois na medida em que mantém um significativo número populacional de encarcerados, o sistema penal comprime artificialmente uma multidão de “miseráveis”, ou melhor, esconde um potencial número de trabalhadores (desempregados), ao mesmo tempo em que gera secundariamente aumento no emprego no setor de bens e serviços carcerários, setor fortemente caracterizado por postos de trabalho precários (WACQUANT apud FORTI, 2010, p. 94).
A população “disfuncional” ao capital, por sua vez, constrói formas de resistência individuais e coletivas para sobreviver ao ataque das forças instituídas. Neste cenário, o Estado lança mão do aparato policial e do Judiciário no sentido de conter as “classes perigosas”. Na lógica da criminalização, os jovens pobres e negros, a população de rua e os movimentos sociais são alvos preferenciais.