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ID
1438909
Banca
VUNESP
Órgão
PC-SP
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                  Condenados à vida

      “Ele tem dezesseis anos, um câncer de boca horroroso, mal anda, mas o médico disse que faz a remoção da mandíbula e uma abertura no estômago para ele se alimentar. Eu queria que ele morresse logo, não tenho dinheiro.”
      Tratava-se de um cão idoso, sofrendo e atormentando a vida da minha paciente.
      O que aconteceu com a morte, que nem é mais permitida aos animais que sofrem, que dirá a nós humanos?
      Ano de 1973, um dos meus pacientes era um velhinho com câncer de fígado que finalmente teve uma parada cardíaca na minha frente.
      Iniciei logo os processos de reanimação (massagem cardíaca etc). Debalde. O chefe de clínica, meu hoje amigo Prof. Alvariz, me chamou: “Daudt, aquilo não se chama parada cardíaca. Chama-se MORTE. É necessário saber a diferença”.
      Parece que nós, médicos, em particular, e a sociedade, em geral, perdemos a noção dessa preciosa diferença, e estamos infligindo um tormento artificial a nós mesmos e aos infelizes sob nossos cuidados.
      Aos médicos, a diferença não é ensinada nas faculdades. Pelo contrário. A morte é vista como uma inimiga a ser combatida a quaisquer “custo$”, saídos dos nossos bolsos.
      E o inferno não atinge só os terminais. Ele se estende aos iniciais que não deveriam ter iniciado.
      A mãe natureza vem expulsando embriões inviáveis desde sempre, em diversas fases da gestação. O aborto de fetos anencéfalos foi consentido a duras penas, e ainda revolta muitos.
      A compulsão de “salvar vidas” atinge prematuros malformados (outrora inviáveis) ao ponto de vegetarem por meses ou anos, aprisionando e desgraçando familiares pobres.
Os médicos deste circo de horrores têm um lema sinistro: “No meu plantão, não!” E se desdobram em manobras heroicas para prolongar a existência daquele ser sem perspectivas, com a crueldade adicional de dar esperança às famílias.
      Até há pouco tempo, morria-se em casa, sabendo que se ia morrer, cercado de carinho da família, dizendo suas últimas palavras, num rito de despedida que incluía a morte como parte da vida, e como um momento digno.
      Hoje, varremos nossos moribundos para debaixo de uma UTI, que nos “poupa de assistir o horror”.
      Pude proporcionar esse momento digno a minha mãe de 95 anos. Ela já estava na maca para ser levada à ambulância quando cheguei. “Podem voltar, que ela quer morrer em casa”. O médico apertou minha mão, solidário e comovido.
      Posta em sua cama, minha mãe disse: “Que bom, voltei ao meu cantinho”. E morreu como queria.

                                          (Francisco Daudt. Folha de S.Paulo, 02 de abril de 2014. Adaptado)

Considerando que o adjetivo é uma palavra que modifica o substantivo, com ele concordando em gênero e número, assinale a alternativa em que a palavra destacada é um adjetivo.

Alternativas
Comentários
  • alt. a 

  • Adjetivo é toda palavra que caracteriza o substantivo, indicando-lhe qualidadedefeitoestadocondição, etc. Ex.: homem bom (qualidade), menino traquina (defeito), moça feliz (estado), família rica (condição).

     

    Alfartanos 0/

  • Um câncer horroroso 

  • a) horroroso - adjetivo

    b) dezesseis - numeral

    c) logo - advérbio de tempo

    d) esperança - substantivo

    e) inferno - substantivo

  • B) Numeral
    C) Advérbio
    D) Substantivo
    E) Substantivo

    GABARITO -> [A]

  • Acrescentando...

     

    Quanto ao sentido, os adjetivos podem ser:

     

    Explicativos = exprimem uma característica evidente.

    ex.: fogo quente / homem mortal

     

    Restritivos = particularizam o significado do substantivo a que se refere, tornando-o único entre um grupo.

    ex.: câncer horroroso / cano velho / prova amarela

     

    https://www.infoescola.com/portugues/adjetivo-restritivo-e-explicativo/

     

    GABARITO: A.

     

  • MACETE DO TÃO: ADJETIVO

    A

    ... um câncer de boca horroroso, ... Um câncer de boca tão horroroso.. caiu bem!

    B

    Ele tem dezesseis anos... Ele tem tão dezesseis anos--- Não!!!

    C

    Eu queria que ele morresse logo, ... Eu queria que ele morresse tão logo..Não!

    D

    ... com a crueldade adicional de dar esperança às famílias. Tão esperança ás Famílias

    E

    E o inferno não atinge só os terminais. E o Tão inferno não atinge só os terminais