CORRETA: LETRA B
A grande questão a analisar na perícia de cadáveres carbonizados é se a ação do fogo se deu antes ou depois da morte, isto é, se o corpo da pessoa foi queimado em vida, constituindo a causa mortis ou se consistiu, por exemplo, em uma tentativa de ocultação do cadáver. Por isso, é comum que se lance mão do chamado SINAL DE MONTALTI, que consiste na análise da presença de partículas de fuligem nas vias respiratórias. Assim, a presença de partículas de fuligem na boca, narinas
e, principalmente, na laringe, traqueia e brônquios,
são indicativos de que a vítima respirava após o
início do fogo. Entretanto, enfatiza-se que o contrário
nem sempre é verdadeiro, ou seja, a ausência de fuligem e
de elevada concentração de carboxiemoglobina não significa necessariamente que a pessoa estava morta após o início do fogo. Pode
ocorrer em casos de formação rápida de labaredas,
como em explosão por gasolina em veículos, nos quais pouca fuligem e monóxido são produzidos
– Pode ser realizado EXAME DE DNA em CORPOS CARBONIZADOS, uma vez que a carbonização é excelente isolante térmico e elétrico.
– Sendo assim, em determinado momento passa a PROTEGER OS TECIDOS SUBJACENTES, o que permite a verificação do DNA.
– Se a dosagem de MONÓXIDO DE CARBONO NO SANGUE ESTIVER ALTA, quer dizer que a CARBONIZAÇÃO ocorreu quando a vítima ainda estava viva (porque inalou tal substância química).
– Outros sinais encontrados em vítimas de incêndio: MONTALTI e DEVERGI
– SINAL DE MONTALTI
– O fogo faz fuligem, logo, quando uma pessoa morre em decorrência de um incêndio, em sua via respiratória é possível encontrar essa fuligem impregnada na mucosa, o que determina que a pessoa estava viva no incêndio – em incêndios, a causa da morte é, na grande maioria das vezes, por intoxicação com a fumaça e não por queimaduras.
– Se não houver fuligem, a pessoa já estava morta antes do incêndio – mesmo nos casos de CORPOS CARBONIZADOS é necessária a NECROPSIA, pois o normal é que os órgãos internos estão intactos.
– SINAL DE DEVERGI
– Não se confunde com a RIGIDEZ CADAVÉRICA.
– Em qualquer cadáver, qualquer que tenha sido a causa da morte, se colocado dentro de um incêndio aparecerá o SINAL DE DEVERGI, que é uma alteração pós-morte (a posição do cadáver deixa parecer que ele estava a se defender do fogo, em posição de lutador, posição de boxer).
– Em CARBONIZADOS, dosagem elevada de monóxido de carbono traduz respiração no ambiente de combustão.
– Nos grandes incêndios, as pessoas, em geral, não morrem queimadas, pois a fuligem produzida pela combustão dos materiais leva à morte por asfixia.
– Na maior parte dos casos, o CADÁVER ENCONTRA-SE CARBONIZADO, porém, a causa da morte foi ASFIXIA.
– Nesses casos, a alta temperatura do ar no ambiente incendiado queima as vias aéreas, a fumaça e a fuligem com partículas de materiais é aspirado até o pulmão e a grande quantidade de CO2 no pulmão impede a troca gasosa no sangue.
– Com isso, atinge-se a morte por asfixia mecânica (pulmão entupido de resíduos) ou física (pela falta de O2).
– OBSERVAÇÃO: Há casos de pessoa que se salvam do incêndio, mas há a possibilidade de ficar com seqüelas graves, dependendo do material que foi queimado.
O QUE É O SINAL DE MONTALTI? FRANÇA explica que “Nos casos de carbonização total a primeira providência é identificar o morto. Na morte pelo fogo, a perícia também deve ter como norma esclarecer se o indivíduo morreu durante o incêndio ou se já se achava morto ao ser alcançado pelas chamas. Se ele sobrevive ao incêndio, a questão é fácil de ser dirimida; porém, se ele é encontrado morto no palco do incêndio é necessário um certo cuidado para elucidar alguns pontos. Primeiramente, devem-se procurar, no corpo, outras lesões distintas das queimaduras; em seguida, ter-se a certeza de que o indivíduo respirou na duração do incêndio, pela pesquisa do óxido de carbono no sangue e pela presença de fuligem ao longo das vias respiratórias conhecido como sinal de Montalti. O calor da fumaça aspirada provoca também hiperemia e edema da laringe, da faringe, da parte superior do esôfago e da mucosa traqueobrônquica, nesta com acentuado aumento do muco. FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal, Editora Guanabara Koogan, 10ª edição, 2015, p.304
GABARITO DO PROFESSOR: LETRA B