SóProvas


ID
1447804
Banca
INAZ do Pará
Órgão
BANPARÁ
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                  Vocações

                                                                                                          Luís Fernando Veríssimo

Todos diziam que a Leninha, quando crescesse, ia ser médica. Passava horas brincando de médico com as bonecas. Só que, ao contrário de outras crianças, quando largou as bonecas não perdeu a mania. A primeira vez que tocou no rosto do namorado foi para ver se estava com febre. Só na segunda é que foi com carinho. Ia porque ia ser médica. Só tinha uma coisa. Não podia ver sangue.

“Mas, Leninha, como é que..."
“Deixa que eu me arranjo."
Não é que ela tivesse nojo de sangue. Desmaiava. Não podia ver carne malpassada. Ou ketchup.
Um arranhãozinho era o bastante para derrubá-la. Se o arranhão fosse em outra pessoa ela corria para
socorrê-la - era o instinto médico - , mas botava o curativo com o rosto virado.
“Acertei? Acertei?"
“Acertou o joelho. Só que é na outra perna!" Mas fez o vestibular para medicina, passou e preparou-se para começar o curso.
“E as aulas de Anatomia, Leninha? Os cadáveres?"
“Deixa que eu me arranjo."
Fez um trato com a Olga, colega desde o secundário. Quando abrissem um cadáver, fecharia os olhos.
A Olga descreveria tudo para ela.
“Agora estão no fígado. Tem uma cor meio..."
“Por favor. Sem detalhes."
Conseguiu fazer todo o curso de medicina sem ver uma gota de sangue. Houve momentos em que
precisou explicar os olhos fechados.
“É concentração, professor."

Mas se formou. Hoje é médica, de sucesso. Não na cirurgia, claro. Se bem que chegou a pensar em convidar a Olga para fazerem uma dupla cirúrgica, ela operando com o rosto virado e a Olga dando as coordenadas.

“Mais para a esquerda... Aí. Agora corta!"
Está feliz. Inclusive se casou, pois encontrou uma alma gêmea. Foi num aeroporto. No bar onde foi
tomar um cafezinho enquanto esperava a chamada para o embarque puxou conversa com um homem que parecia muito nervoso.

“Algum problema?" - perguntou, pronta para medicá-lo.
“Você tem medo de voar?"
“Pavor. Sempre tive."
“Então por que voa?"
“Na minha profissão é preciso." “Qual é a sua profissão?"
“Piloto."
Casaram-se uma semana depois.

Qual das passagens do texto abaixo não constitui amostragem do português informal?

Alternativas
Comentários
  • O verbo haver pode assumir o significado de “ocorrer” ou “existir”, sendo desse modo impessoal, ou seja, ele permanece na terceira pessoa do singular, por não ter sujeito. Exemplos:

    Enquanto há vida, há esperança.

    Aqui há muitas casas sem número.

    Houve momentos de emoção durante a viagem.


    Fonte:http://www.infoescola.com/portugues/verbo-haver/

  • “Houve momentos em que precisou explicar os olhos fechados.”

  • Alguém explica pq as outras são informais?

  •  

    a)Ia porque ia ser médica.” Iria porque iria ser médica. Mesmo assim seria infomal

     b)“... mas botava o curativo com o rosto virado” Mas colocava o curativo...

     c)a Olga dando as coordenadas.”  Artigo antes de nome próprio é informal. "A Olga..." além disso tem o gerúndio em "dando"

     d)“Houve momentos em que precisou explicar os olhos fechados.” Correto.

     e)“enquanto esperava a chamada para o embarque puxou conversa com um homem...” Puxar conversa é sentido conotativo ou informal.

     

    Resiliência frente as adversidades.