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ID
1451272
Banca
FCC
Órgão
CNMP
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: Para responder à questão, considere o trecho de Machado de Assis, constante da série "A Semana", crônica publicada no dia 23 de outubro de 1892, na Gazeta de Notícias, jornal que circulou na segunda metade do século XIX, no Rio de Janeiro.

    Todas as cousas têm sua filosofia. Se os dous anciãos que o bond elétrico atirou para a eternidade esta semana, houvessem já feito por si mesmos o que lhes fez o bond, não teriam entestado com o progresso que os eliminou. É duro dizer; duro e ingênuo, um pouco à La Palisse; mas é verdade. Quando um grande poeta deste século perdeu a filha, confessou, em versos doloridos, que a criação era uma roda que não podia andar sem esmagar alguém. Por que negaremos a mesma fatalidade aos nossos pobres veículos?
    Há terras onde as companhias indenizam as vítimas dos desastres (ferimentos ou mortes) com avultadas quantias, tudo ordenado por lei. É justo; mas essas terras não têm, e deveriam ter, outra lei que obrigasse os feridos e as famílias dos mortos a indenizarem as companhias pela perturbação que os desastres trazem ao horário do serviço. Seria um equilíbrio de direitos e responsabilidades. Felizmente, como não temos a primeira lei, não precisamos da segunda, e vamos morrendo com a única despesa do enterro e o único lucro das orações.

Obs.: Jacques de la Palice (ou de la Palisse): nobre e militar francês (1470-1525); à La Palisse: à moda de truísmo.

(COUTINHO, Afrânio. Obra completa. org. v. III. Rio de Janeiro: Nova Aguilar S.A, 1997, p. 553)

É legítimo o seguinte comentário sobre o trecho transcrito:

Alternativas
Comentários
  • Gab.: letra C

    Fundamento está nas linhas 3 e 4 no trecho "Quando um grande poeta deste século perdeu a filha, confessou, em versos doloridos, que a criação era uma roda que não podia andar sem esmagar alguém. Por que negaremos a mesma fatalidade aos nossos pobres veículos? "

    Uma dica: ao resolver esse tipo de questão leiam primeiro as alternativas - isso evita que vocês, em muitos casos, tenha que ler textos (que muitas vezes são enormes) mais de uma vez. Além disso, lendo primeiro as alternativas vocês conseguem se situar melhor na complexidade de alguns textos. Eu fiz essa prova e o que me salvou foi isso, mas só em algumas questões. Deixei Português para o final e a falta de tempo não me permitia ler com tranquilidade os textos.

    Outra dica, também relacionada a isso: algumas alternativas trazem simplesmente a mera reescritura de trechos do texto e pede que você analise se está de acordo com a norma culta, o que dispensa a leitura do texto. É outra vantagem de olhar primeiro as alternativas. Também fiz isso na prova e salvei uma questão com isso, sem falar no tempo que ganhei. 

    Antes de fazer essa prova, há muito já havia notado isso nas questões da FCC sobre interpretação. Reparem também. 

  • Não consegui enxergar a ironia citada na alternativa C. Alguém pode explicar?

  • Significado de Truísmo

    s.m. Verdade banal, consabida; lugar-comum.

  • @Fernanda M: eu errei a questão, mas acredito que a tal ironia apareça quando ele fala da lei para ressarcir as companhias pelo transtorno das mortes.