SóProvas


ID
1452007
Banca
FCC
Órgão
TRE-RR
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                Escola de bem-te-vis

      Muita gente já não acredita que existam pássaros, a não ser em gravuras ou empalhados nos museus - o que é perfeitamente natural, dado o novo aspecto da terra, que, em lugar de árvores, produz com mais abundância blocos de cimento armado. Mas ainda há pássaros, sim. Existem tantos, ao redor da minha casa, que até agora não tive (nem creio que venha a ter) tempo de saber seus nomes, conhecer suas cores, entender sua linguagem. Porque evidentemente os pássaros falam. Há muitos, muitos anos, no meu primeiro livro de inglês, se lia: “Dizem que o sultão Mamude entendia a linguagem dos pássaros ...”
      Quando ouço um gorjeio nestas mangueiras e ciprestes, logo penso no sultão e nessa linguagem que ele entendia. Fico atenta, mas não consigo traduzir nada. No entanto, bem sei que os pássaros estão conversando.
      O papagaio e a arara, esses aprendem o que lhes ensinam, e falam como doutores. E há o bem-te-vi, que fala português de nascença, mas infelizmente só diz o próprio nome, decerto sem saber que assim se chama. [...]
      Os pais e professores desses passarinhos devem ensinar-lhes muitas coisas: a discernir um homem de uma sombra, as sementes e frutas, os pássaros amigos e inimigos, os gatos - ah! principalmente os gatos ... Mas essa instrução parece que é toda prática e silenciosa, quase sigilosa: uma espécie de iniciação. Quanto a ensino oral, parece que é mesmo só: “Bem-te-vi! Bem-te-vi!”, que uns dizem com voz rouca, outros com voz suave, e os garotinhos ainda meio hesitantes, sem fôlego para as três sílabas.


                                                                                                (MEIRELES, Cecília. O que se diz e o que se entende. Rio de Janeiro:
                                                                                                                                                             Nova Fronteira, 1980, p. 95-96)

Infere-se corretamente do texto

Alternativas
Comentários
  • Quando a banca cobra sobre inferir, ela quer a alternativa que não está explícita ,em frase ou parágrafo, no corpo do texto.


  • Reposta: E

    Só complementando o raciocínio do colega abaixo, ao utilizar a expressão "inferir", a banca pretende que façamos uma interpretação, o que difere de compreensão, tecnicamente falando. 

  • a resposta da questão se encontra logo no primeiro paragrafo do texto ", que, em lugar de árvores, produz com mais abundância blocos de cimento armado"

  • Quando a questão pede inferir, devemos levar em conta todo o texto, pois quer dizer o entendimento geral, a visão geral, o que o texto quer passar.
    Quando a questão cita uma parte do texto, aí sim devemos nos ater a esta passagem ao responder.

    No caso dessa questão, as alternativas de A até D extrapolam o que o texto passa. Podem até nos levar a pensar em marcá-las, mas atentem-se que as alternativas sempre dizem a mais do que o próprio texto. Por isso, a melhor alternativa é a E.

  • Inferir é deduzir ou concluir algo, a partir do exame dos fatos
    e de raciocínio.( do dicionário)

  • Há uma pequena crítica no 1° paragrafo, que não é a tônica do texto, mas de fato esta lá.

  • Acredito que a passagem do texto que comprova o gabarito letra E seja:

    "Muita gente já não acredita que existam pássaros, a não ser em gravuras ou empalhados nos museus - o que é perfeitamente natural, dado o novo aspecto da terra, que, em lugar de árvores, produz com mais abundância blocos de cimento armado. Mas ainda há pássaros, sim."
  • Li e reli o texto e não achei justificativa para a letra E, encontrei para a letra B.

  • O Termo que torna o ITEM B) errado é: que lhes dificulta conhecimentos necessários à sua sobrevivência. Não dá para inferir isso, o restante é possível deste item.

  • É possível identificar a resposta com a ajuda desta passagem "  Muita gente já não acredita que existam pássaros, a não ser em gravuras ou empalhados nos museus - o que é perfeitamente natural, dado o novo aspecto da terra, que, em lugar de árvores, produz com mais abundância blocos de cimento armado. "

  • crítica à destruição do meio ambiente????

  • mata-se na E quando se lê ... (..)  dado o novo aspecto da terra, que, em lugar de árvores, produz com mais abundância blocos de cimento armado (...)

  • Respondendo à Janaína: crítica à destruição do meio ambiente????

    "o que é perfeitamente natural" - realmente não há critica ao meio ambiente, pois argumenta com tremenda naturalização essas mudanças. Ex.: agora os pássaros são obrigados a discernirem o emaranhado de cercas elétricas que cerceiam as casas.

    O examinador da questão realmente deve ter omitido sua razao ao elaborar a questao.

  • Escritora chata igual a banca

  • É complicado afirmar que seria a letra E, pois somente em alguns trechos do texto, de forma pontual, ela aborda o ambiente urbano que vem a "prejudicar os pássaros"

  • Gabarito: E (menos errada)

  • A resposta está logo no 1º parágrafo.

    Muita gente já não acredita que existam pássaros, a não ser em gravuras ou empalhados nos museus - o que é perfeitamente natural, dado o novo aspecto da terra, que, em lugar de árvores, produz com mais abundância blocos de cimento armado. Mas ainda há pássaros, sim. Existem tantos, ao redor da minha casa, que até agora não tive (nem creio que venha a ter) tempo de saber seus nomes, conhecer suas cores, entender sua linguagem. Porque evidentemente os pássaros falam. Há muitos, muitos anos, no meu primeiro livro de inglês, se lia: “Dizem que o sultão Mamude entendia a linguagem dos pássaros ...”
    Gabarito: E
  • Estou respondendo algumas questões de interpretação de texto da banca FCC e percebi que a maioria das questões são extremamente subjetivas. Em algumas questões só pode afirmar a resposta correta quem monta o gabarito.
    Por mais que estude o português e resolva questões a esquizofrenia de quem formula estas questões acaba atrapalhando bastante.

    Na minha opinião só na cabeça de quem montou o gabarito a autora fez uma critica a destruição do meio ambiente.

    A banca deveria atentar para o fato de que esta ser uma prova objetiva e as questões deveriam ser menos esquizofrênicas (onde a resposta só é obvia na cabeça de quem monta o gabarito)  

  • por que a Letra C está errada gente?

    Obrigado a quem ajudar!! ;)



  • Olá, amigos!

    Vim a pedido de um colega para explicar o motivo de a letra E estar correta. Na visão dele (e de muitas outras pessoas), não há crítica. 
    No entanto, é registrada, sim, uma crítica por parte da autora! Analisemos:

    e) crítica à destruição do meio ambiente, mediante referência ao aumento de construções, simbolizadas nos blocos de cimento armado, em substituição aos elementos da natureza. == Correta.

    Primeiro período do texto: "Muita gente já não acredita que existam pássaros, a não ser em gravuras ou empalhados nos museus − o que é perfeitamente natural, dado o novo aspecto da terra, que, em lugar de árvores, produz com mais abundância blocos de cimento armado.".

    Por meio da leitura do trecho acima, podemos inferir uma crítica à mudança causada pela urbanização. Tal crítica começa no seguimento "Muita gente já não acredita que existam pássaros". Ora, TODO MUNDO SABE QUE AINDA EXISTEM PÁSSAROS (embora haja menos que antigamente!). Portanto, a autora se vale de uma IRONIA para criticar a destruição do meio ambiente, que realmente acontece mediante referência ao aumento de construções, simbolizadas nos blocos de cimento armado, em substituição aos elementos da natureza {árvores}: "(...) dado o novo aspecto da terra, que, em lugar de árvores, produz com mais abundância blocos de cimento armado.".

    Esclareceu, gente?!
    Vocês encontram a questão, com todas as alternativas comentadas, no site TEC CONCURSOS.
    Abraço grande, moçada!

  • Nessas horas dá muita saudade do Cespe.  

  • Concordo em número, gênero e grau com o Dennison Monteiro!!!

  • O texto faz uma CRÍTICA à destruição do meio ambiente???????

    Cecília Meireles deve estar se revirando no túmulo.


  • Gente, a questão está causando confusão por falta de atenção ao enunciado. Ela pede uma inferência (conclusão, dedução) do texto, e não o SENTIDO do texto ou a PRINCIPAL IDEIA. O que a questão cobra é uma conclusão que se pode tirar do texto. Pode, talvez, ser a ideia geral, mas também pode ser uma única frase, uma observação. Assim, a letra E está correta. Vamos ver.


    a) ERRADA. Não podemos inferir/deduzir que o texto apresenta alguma preocupação quanto ao fato de que seja possível encontrar pássaros em uma cidade. Pelo contrário: a autora diz que muita gente nem acredita na existência dos pássaros. 
    b) ERRADA. Talvez o fato de autora comentar sobre o canto e os ensinamentos dos pássaros possa induzir à conclusão de que há curiosidade em relação aos hábitos de certas avas. Mas a questão erra ao dizer que o ambiente urbano "lhes dificulta conhecimentos necessários à sua sobrevivência". O texto não diz isso.
    c)  ERRADA. Não é possível inferir/concluir que o texto confia na preservação de algumas espécies de aves. Não se fala em preservação, nem em aves adaptadas às diferentes situações, nem a perigos em centros urbanos. Tudo erradinho.
    d) ERRADA. Em trecho algum a autora fala em facilidades da vida vida urbana, muito menos em sua valorização. Também não fala no predomínio de somente algumas espécies de aves.
    e) CERTA. Sim!! Lendo as primeiras linhas é possível inferir/deduzir/concluir que o texto (NESSA PARTE) faz uma crítica à destruição do meio ambiente, com o aumento de construções (blocos de cimentos). Vejam: "Muita gente não acredita que existam pássaros, a não ser em gravuras ou empalhados em museus - o que é perfeitamente natural, dado o novo aspecto da terra, que, em lugar de árvores, produz com mais abundância blocos de cimento armado". Nesse trecho, é possível notar uma crítica. ~As pessoas nem acreditam em pássaros e podemos compreender isso já que as árvores são substituídas por construções ~. Há certa ironia também.

    Como disse lá em cima, a questão não pede a ideia geral do texto. E, sim, uma inferência. Logo, a letra E está certinha.
    Esperto ter ajudado.
  • "Infere-se, de alguma parte do texto"... E não a ideia predominante. 

  • Esta questão é quase de "COMPREENSÃO", não?

  • Muito boa a resposta de Karine Reis. O concurseiro deve responder as questões da banca, procurar entender e se adequar, vejo muito gente criticando a FCC, mas no final das contas chamar a banca de esquizofrenica não ajuda a passar, e sim entender o raciocínio das questões. Boa sorte!

  • Fiquei na dúvida entre a C e a E, como sempre marco a errada, na verdade não aceitei essa resposta, mas manda quem pode e obedece quem tem juízo.

    Bons estudos amigos!!



  • Bom pessoal achei mais interessante a E tem mais a ver com o texto elaborado a cima..mais vamos q vamos ...vamos aprender.

  • Por mais textos assim.... 

  • "Infere-se do texto"...

    Não está no texto a resposta. Nós que lemos no dia dia notícias  jornais, revistas, artigos... livros, sabemos perfeitamente que a autora é uma leitora. Isso sim, percebemos. Aquecimento global, agressão a natureza, críticas a certas ideias conservadoras, elogios a ideias progressistas são coisas nós precisamos saber se posicionar na hora do "extra texto".  Claro que as outras alternativas estão contrariando o texto...Mas se alguém diz algo que não contraria uma ideia não quer dizer que ele se posicionou favorável. A FCC sempre vai agir assim... não está no texto, mas há uma opção que não o contraria. Sempre terá esta opção e será a correta. Pelomenos em tese. rsrsrs
  • Boa noite !

    Gostei muito da explicação da colega  Karina Reis

  • Anotei essa estória de INFERIR!

    E vamo-que-vamo!

  • alguém assistiu a questão comentada pelo professor (em vídeo)? Só eu acho péssimo?

  • Alternativa E. Localização no texto da crítica da autora: 

    Muita gente já não acredita que existam pássaros, a não ser em gravuras ou empalhados nos museus - o que é perfeitamente natural, dado o novo aspecto da terra, que, em lugar de árvores, produz com mais abundância blocos de cimento armado. Mas ainda há pássaros, sim.

    Atenção aos adjetivos e conectivos de oposição, eles revelam a opinião do autor.