http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572015000300426
As armadilhas do tripé da política macroeconômica brasileira
ANDRÉ NASSIF*
*BNDES-Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e UFF-Universidade Federal Fluminense. E-mail: andrenassif27@gmail.com.
RESUMO
Este artigo analisa o chamado tripé da política macroeconômica brasileira, que desde 1999 tem combinado um regime de metas de inflação, um regime de taxa de câmbio flutuante e metas de superávit fiscal primário. A menos que o seu modus operandi seja alterado, o tripé não será capaz de libertar a economia brasileira de outra "possível trindade": altas taxas de juros reais, a apreciação da taxa de câmbio real e crescimento econômico muito baixo. Depois de analisar brevemente a base teórica sob o tripé macroeconômico, o artigo mostra por que este regime de política macroeconômica, se avaliado numa perspectiva de longo ou médio prazo, não tem sido capaz de garantir a estabilidade dos preços nem o crescimento econômico. Além da sugestão de romper com a estratégia brasileira de crescer com poupança externa, o documento também sugere três principais formas de mudar o modus operandi do tripé brasileiro: i) aumentar o horizonte de tempo para atingir a meta de inflação, como tem sido o experiência da maioria dos países que adotam esse regime de política monetária; ii) restaurar o papel anticíclico da política fiscal brasileira; e iii) adotar uma combinação de mecanismos que visem prevenir que a moeda brasileira entre em uma nova tendência cíclica da apreciação em termos reais.
PALAVRAS-CHAVE: regime de metas de inflação; regime de taxa de câmbio flutuante; superávit primário fiscal; crescimento econômico; estabilidade de preços; Brasil