SóProvas


ID
1509430
Banca
VUNESP
Órgão
TJ-SP
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos


Ser gentil é um ato de rebeldia. Você sai às ruas e insiste, briga, luta para se manter gentil. O motorista quase te mata de susto buzinando e te xingando porque você usou a faixa de pedestres quando o sinal estava fechado para ele. Você posta um pensamento gentil nas redes sociais apesar de ler dezenas de comentários xenofóbicos, homo­ fóbicos, irônicos e maldosos sobre tudo e todos. Inclusive você. Afinal, você é obviamente um idiota gentil.

Há teorias evolucionistas que defendem que as sociedades com maior número de pessoas altruístas sobrevi­veram por mais tempo por serem mais capazes de manter a coesão. Pesquisadores da atualidade dizem, baseados em estudos, que gestos de gentileza liberam substâncias que proporcionam prazer e felicidade.

Mas gentileza virou fraqueza. É preciso ser macho pacas para ser gentil nos dias de hoje. Só consigo associar a aversão à gentileza à profunda necessidade de ser - ou parecer ser - invencível e bem ­sucedido. Nossas fragilidades seriam uma vergonha social. Um empecilho à carreira, ao acúmulo de dinheiro.

Não ter tempo para gentilezas é bonito. É justificá­vel diante da eterna ambivalência humana: queremos ser bons, mas temos medo. Não dizer bom ­dia significa que você é muito importante. Ou muito ocupado. Humilhar os que não concordam com suas ideias é coisa de gente forte. E que está do lado certo. Como se houvesse um lado errado. Porque, se nenhum de nós abrir a boca, ninguém vai reparar que no nosso modelo de felicidade tem alguém chorando ali no canto. Porque ser gentil abala sua autonomia. Enfim, ser gentil está fora de moda. Estou sempre fora de moda. Querendo falar de gentileza, imaginem vocês! Pura rebeldia. Sair por aí exibindo minhas vulnerabilidades e, em ato de pura desobediência civil, esperar alguma cumplicidade. Deve ser a idade.

(Ana Paula Padrão, Gentileza virou fraqueza. Disponível em: < http://www.istoe.com.br>. Acesso em: 27 jan 2015. Adaptado)

Observa­se que, no 1 o parágrafo, a autora emprega os pronomes te e você para se referir a um virtual leitor e, no 3 o parágrafo, emprega a expressão pacas (É preciso ser macho pacas).

Essas duas escolhas permitem inferir que ela

Alternativas
Comentários
  • Letra (d)


    Visto que Você é um pronome pessoal de tratamento. Refere-se à segunda pessoa do discurso, mas, por ser pronome de tratamento, é empregado na terceira pessoa (como "ele" ou "ela"). E Te é um pronome oblíquo átono - 2ª pessoa do singular (tu): te; É empregado este dois pronomes para uma maior identificação ao público leitor.


    A expressão (Pacas) usada quando se quer reforçar uma coisa boa; esta com uma linguagem menos formal

  • Para questões como essa, uma boa dica é se atentar aos verbos utilizados no início de cada alternativa. Fazendo isso já dá pra eliminar umas 3 alternativas.


    Resposta: D
  • É, na minha opinião, uma questão capciosa, pois poderia restar dúvida entre a alternativa (b) e a (d). No entanto, na alternativa (b) pode ser eliminada pelo segmento "razão pela qual é obrigada a dei­ xar de lado a norma culta do português ", vez que a autora não é obrigada a nada! Trata-se de opção, para ser mais afável ao público que deseja atingir. Ademais, quem disse que ela escreveu para redes sociais? A reportagem foi publicada na página da Isto É, e não do facebook!

  • Apenas li o enunciado e alternativas para responder a questão.

    como disse o colega Thiago Ramos, eliminei a "B" pq ela não é obrigada a nda. kkkk

    Gab.: D

  • A) Errado. A linguagem é informal

     

    B) Errado. Não é possível inferir que público leitor de textos de redes sociais, além disso não se obriga a abandonar as normas cultas para dissertar nessas plataformas.

     

    C) Errado. A utilização dos termos indicação não nos permite inferir que objetivo é evitar atrair o público mais escolarizado.

     

    D) Correto. Infere-se a opção da linguagem informal foi um opção da autora a fim de melhorar a identificação do seu público.

     

    E) Errado. A autora não despreza a língua padrão, apenas utiliza a linguagem informal, além disso não podemos concluir que essa crê na inaptidão do leito em compreender  estruturas complexas.

     

    Gabarito: “D”

  • Também pensei: ela não é obrigada a nada. Kkkk.